Taxonomic Notes
Descrita em: Phytotaxa 188(1), 39, 2014.
Justification
Árvore ou arbusto de até 12 m de altura, endêmica do Brasil, ocorrendo no bioma Mata Atlântica, associada a Florestas Ombrófilas Submontanas ou de Terras baixas (Mello-Silva e Lopes, 2014; Flora do Brasil, 2020). Foi registrada somente para o estado da Bahia, nos municípios de Camamu, Itacaré, Ubaitaba, Uruçuca e Valença. Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 948 km², área de ocupação (AOO) de 24 km² e cinco situações de ameaça, considerando-se o distinto grau de perturbação ao qual os remanescentes florestais se encontram nos municípios de ocorrência, e presença em fitofisionomias florestais fragmentadas. Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). Em direção ao interior da Região Hidrográfica, a pecuária é o principal uso do solo, com as pastagens ocupando 51% do seu território. A atividade agrícola, embora diversificada e distribuída diagonalmente ao longo da região, sobressai pelas extensas áreas ocupadas pela monocultura de cana-de-açúcar, especialmente em Casimiro de Abreu e Silva Jardim. Cabe ressaltar ainda que a maior incidência de queimadas coincide com essas áreas de canaviais (Pougy et al., 2018). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuárias é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (SOS Mata Atlântica, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem (MapBiomas, 2020). Na Mata Atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Na APA de Guaibim há registros de áreas de pastagens (Lopes e Reuss-Strenzel, 2015). O município de Ubaitaba (BA) possui 26% (4679 ha) do seu território convertido em áreas de pastagem (Lapig, 2020). Diante desse cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo de EOO, AOO e qualidade de habitat. Assim, Xylopia atlantica foi considerada Em Perigo (EN) de extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Camamu, Itacaré, Ubaitaba, Uruçuca e Valença.
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto de até 12 m de altura, ocorrendo no bioma Mata Atlântica, associada a Florestas Ombrófilas Submontanas ou de Terras baixas (Mello-Silva e Lopes, 2014; Flora do Brasil, 2020)
Threats Information
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). Mais de 70% da população brasileira está condensada na área do bioma Mata Atlântica (Joly et al., 2019). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2002). Segundo Silva (2002), uma preocupação é a forte erosão genética que populações naturais da espécie vêm sofrendo, principalmente por influências antrópicas causadas por empreendimentos imobiliários nos municípios com potencialidade turística, a exemplo de Itacaré. Na Mata Atlântica, ocorrem atividades turísticas não controladas, o que pode comprometer a biodiversidade local (Joly et al., 2019). A atividade turística está sendo intensivamente estimulada pelo governo do estado da Bahia. A Coordenação de Desenvolvimento do Turismo - CODETUR, ligada a Secretaria da Cultura e Turismo do governo do estado da Bahia, elaborou o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia. O objetivo é dotar o estado das condições necessárias para o aproveitamento de suas potencialidades naturais, históricas e culturais, ordenando o espaço territorial e definindo as ações necessárias ao desenvolvimento do turismo. Desta forma, foram definidas Zonas Turísticas e uma delas é a Costa do Cacau, litoral sul, abrangendo os municípios de Itacaré, Uruçuca, Ilhéus, Una e Canavieiras (ICMBio, 2018). Valença, por dispor de boa infraestrutura, configura-se como o portão de entrada e maior centro urbano da região. Por ser o principal local de acesso a morro de São Paulo, recebe a maior parte dos dividendos da atividade turística (hospedagem temporária, transporte, insumos) (Lessa, 2007). Em direção ao interior da Região Hidrográfica, a pecuária é o principal uso do solo com as pastagens ocupando 51% do seu território. A atividade agrícola, embora diversificada e distribuída diagonalmente ao longo da região, sobressai pelas extensas áreas ocupadas pela monocultura de cana-de-açúcar, especialmente em Casimiro de Abreu e Silva Jardim. Cabe ressaltar ainda que a maior incidência de queimadas coincide com essas áreas de canaviais (Pougy et al., 2018). Os principais produtos agro-extrativistas do município de Valença são: Coco da Bahia, mandioca, cacau, dendê, banana, abacaxi e café (Lessa, 2007). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (SOS Mata Atlântica, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem (MapBiomas, 2020). Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Na APA de Guaibim há registros de áreas de pastagens (Lopes e Reuss-Strenzel, 2015). O município de Ubaitaba (BA) possui 26% (4679ha) do seu território convertido em áreas de pastagem (Lapig, 2020). A área de carcinicultura se caracteriza pela instalação da empresa Valença da Bahia Maricultura S/A, dispondo de grandes tanques situados sobre formações vegetacionais para a criação de camarão e fábrica de beneficiamento, instalada próxima à rede hidrográfica da APA, supondo que sua proximidade esteja associada ao manejo dos tanques e possível despejo de dejetos (Lopes e Reuss-Strenzel, 2015). Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). O município de Itacaré com 73787 ha possui 23579 ha que representam 31% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Uruçuca com 39198 ha possui 7453 ha que representam 19% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental Costa de Itacaré/ Serra Grande (US). Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, cumprimento de efetividade de Unidades de Conservação) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.