Taxonomic Notes
Descrita em: Acta Horti Berg. 12, 77, 1934. É afim de Duguetia calycina, mas difere por folhas (geralmente com menos de 10 cm de comprimento) e sépalas menores. O fruto é composto por apenas 15-25 carpelos férteis, enquanto o de D. calycina é composto de 50 a 100 carpelos (Maas et al., 2003).
Justification
Árvore ou arbusto com até 11 m, endêmica do Brasil (Maas et al., 2003, Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Floresta de Terra Firme, particularmente em área de campina associada a Amazônia. Presente nos estados do Maranhão, municípios de Arame, Bom Jesus Das Selvas e Santa Luzia, e no Pará, município de Faro. Era conhecida até pouco tempo por poucas coleções realizadas perto do Lago de Faro, no Pará (Maas et al., 2003), mas coletas recentemente reveladas para o estado do Maranhão ampliaram sua área de ocorrência atualmente conhecida. Apresenta distribuição ampla, com EOO=33521 km², porém, possui especificidade de habitat, AOO=16 km² e sua população global é considerada rara pelo especialista, dada sua baixa frequência de coleta. Além disso, Duguetia duckei ocorre em áreas sujeitas a desmatamento severo no estado do Maranhão, conforme evidenciado pelas proporções territoriais já convertidas em pastagens nos municípios de ocorrência da espécie neste estado: Arame e Santa Luzia do Paruá possuem, respectivamente, 47% (138863ha) e 72% (64710ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem (Lapig, 2020). Além disso, sabe-se que a Amazônia brasileira, principalmente em sua porção sul, onde se situa a fronteira agrícola com o Cerrado e a área central do Arco do Desmatamento, encontra-se em declínio, com perda acumulada estimada em ao menos 20% de sua extensão original (Charity et al., 2016). Os efeitos cada vez mais intensos das atividades de mineração na Amazônia, que já ocupam cerca de 15% da região, podendo chegar a 30%, mesmo dentro de áreas protegidas (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al., 2015), contribuem para o cenário de vulnerabilidade associado à área de ocorrência de D. duckei. Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em AOO e em extensão e qualidade de habitat. Assim, D. duckei é considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Maranhão — nos municípios Arame, Bom Jesus das Selvas e Santa Luzia —, e no estado do Pará — no município Faro.
Population Information
Duguetia duckei é apenas conhecida de poucas coleções em savanas perto do Lago de Faro no Pará (Maas et al., 2003). A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto, de até 11 m de altura. Ocorre na Amazônia e Cerrado, em Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Os municípios Arame (MA), Santa Luzia do Pará (PA) e Santa Luzia do Paruá (MA) possuem, respectivamente, 45,25% (134671,4ha), 49,09% (66577,3ha) e 71,15% (71894,8ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Na Amazônia, ocorre degradação florestal por conta da mineração (Joly et al., 2019). Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al., 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Entre 2005 e 2015, a mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al., 2017). Estudos recentes indicaram que 15% do bioma Amazônia está potencialmente ocupado por áreas de mineração, podendo chegar a 30% em áreas protegidas (Charity et al., 2016). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também geram um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal no Cerrado (Joly et al., 2019). A construção de estradas é um dos fatores que mais contribui para a degradação do Cerrado, sendo um dos maiores fatores de fragmentação conhecidos atualmente, pois causa recortes em extensas massas contínuas de biota natural. As estradas promovem a fragmentação de habitat, que é uma das principais causas da deterioração do sucesso reprodutivo das plantas, podendo reduzir sua área de ocorrência, sua população, e até mesmo, levar a extinção local (Costa et al., 2019).
Use and Trade Information
Uma decocção da casca externa é utilizada em forma de banho antimalárico pela comunidade indígena Tiriyó no Estado do Pará (Frausin et al., 2014).
Conservation Actions Information
Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.