Taxonomic Notes
Descrita em: Brittonia 47, 300, 1995. É reconhecida pela presença de pétalas conectadas que formam um tubo curto de 3,8 a 4 mm na base; a corola persiste no receptáculo e, muitas vezes, não cai até ser arrancada pelo fruto crescente (Johnson e Murray, 1995).
Justification
Árvore com até 7 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi registrada predominantemente em formações florestais como Carrasco, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila presentes na transição da Caatinga e da Mata Atlântica distribuídas em seis municípios dos estados da Bahia (Abaíra, Antônio Cardoso, Barra do Choça, Conceição da Feira e Mundo Novo) e Minas Gerais (Jacinto). Apesar de apresentar amplia extensão de ocorrência (EOO), superando o limiar para categoria de ameaça pelo critério B1, a espécie possui especificidade a habitats florestais fragmentados, tem área de ocupação (AOO)=24 km², cinco situações de ameaça, considerando-se a escala, intensidade e cronologia dos vetores de estresse antrópicos incidentes nas extremidades de sua EOO, além de não contar com nenhum registro de coleta realizado dentro dos limites de unidades de conservação de proteção integral. É pouco representada em herbário, mesmo em áreas relativamente bem documentadas, e os registros foram efetuados às margens de estradas e em áreas degradadas não protegidas formalmente. O processo de conversão de florestas em áreas de pastagens na Mata Atlântica desta região tem sido drástico, e atualmente, entre 14% e 74% da extensão territorial total dos municípios em que a espécie foi registrada já foram desmatados para esse fim (Lapig, 2020). A ausência de mecanismos legais de conservação in situ evidenciam ainda mais a vulnerabilidade de Hornschuchia lianarum a vetores de pressão antrópica, visto que a Bahia permanece pelo segundo período consecutivo entre os cinco estados que mais desmatam ilegalmente áreas inseridas no contexto da Mata Atlântica. O estabelecimento de operações minerárias prospectadas em algumas localidades em que a espécie foi registrada pode ampliar o grau de ameaça no futuro (DNPM, 2019), uma vez que além do impacto gerado pelas operações em si, o estabelecimento de infraestrutura para viabilizar a extração e o fluxo migratório de trabalhadores tendem a gerar pressão sobre os ecossistemas naturais remanescentes. Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo na extensão e qualidade do habitat. Assim, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição no estado da Bahia, nos municípios Abaíra, Antônio Cardoso, Barra do Choça, Conceição da Feira e Mundo Novo e no estado de Minas Gerais, município Jacinto.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 7 m de altura (Johnson e Murray, 1995). Ocorre na Mata Atlântica, em Carrasco, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2020). Ainda, segundo os autores Johnson e Murray (1995) ocorre apenas na parte seca na Mata de Cipó, entrando 100 km do continente em elevações de 200 m a 900 m.
Threats Information
Mais de 70% da população brasileira está condensada na área do bioma Mata Atlântica (Joly et al., 2019). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2002). O município de Barra do Choça (BA) possui 4% (3000ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de milho (Lapig, 2020). Os municípios de Abaíra (BA), Antônio Cardoso (BA), Barra do Choça (BA), Conceição da Feira (BA), Mundo Novo (BA), Jacinto (MG) e Santo Antônio do Jacinto (MG) possuem, respectivamente, 14% (7499ha), 74% (21678ha), 40% (30643ha), 44% (7178ha), 62% (92054ha), 48% (66618ha) e 66% (33047ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem (Lapig, 2020). Para a região do município de Mucugê há protocolos atuais de requerimento de pesquisa para mineração de minério de ferro e diatomito, bem como notificação de pagamento de multa sob mineração de minério de ferro (DNPM, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Itororó - 35 (MG, BA), Território Chapada Diamantina-Serra da Jibóia - 39 (BA).