Taxonomic Notes
Descrita em: Brittonia 47, 303, 1995.
Justification
Árvore ou arbusto com até 7 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi registrada em Floresta Ombrófila associada a Mata Atlântica presente no estado da Bahia, municípios de Almadina, Santa Luzia, Teixeira de Freitas e Una. Apesar de sua extensão de ocorrência (EOO) ultrapassar o limite para a categoria de ameaça Em Perigo por B1, a espécie apresenta distribuição conhecida restrita a fitofisionomia florestal fragmentada, área de ocupação (AOO)=16 km² e quatro situações de ameaça, considerando-se a escala, intensidade e cronologia de vetores de estresse antrópicos incidentes nas extremidades de seu EOO. Em Teixeira de Freitas, extremidade sul de sua distribuição conhecida, espécie não é registrada há cerca de 50 anos, e não foram efetuados registros dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral. Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, porém seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), piaçava (Attalea funifera Mart.) e dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) também constituem culturas proeminentes na região de ocorrência da Hornschuchia santosii (Alger e Caldas, 1996). Tais práticas, principalmente o cultivo de cacau através do sistema de cabrucas, afetam drasticamente a estrutura e composição do sub-bosque e do estrato herbáceo das florestas da região (Alger e Caldas, 1996; Paciencia e Prado, 2005), e apesar de tal prática manter uma cobertura arbórea uniforme (necessária para a manutenção do sombreamento deste modelo de cultivo), ocasiona declínio na qualidade do habitat de H. santosii, que normalmente ocupa o sub-bosque de florestas maduras. Adicionalmente, os municípios Almadina (BA), Santa Luzia (BA), Teixeira de Freitas (BA) e Una (BA) possuíam, até 2018, entre 13,8% e 67,87% de seus territórios convertidos em áreas de pastagem (Lapig, 2020), além de reduções em suas respectivas coberturas florestais estimadas entre 60% e até 90% (Almadina) da totalidade originalmente ocupada pela Mata Atlântica substituída para fins antrópicos (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Infelizmente, a Bahia ainda figura na lista dos cinco estados que mais desmataram a Mata Atlântica entre 2018 e 2019 (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat e no número de situações de ameaça. Assim, H. santosii foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Almadina, Santa Luzia, Teixeira de Freitas e Una.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto de altura desconhecida, associada ao bioma da Mata Atlântica, ocorrendo em Floretas Ombrófilas (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30000 ha de cobertura florestal (Paciência e Prado, 2005), 40000 ha em estágio inicial de regeneração e 200000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau (Theobroma cacao L.), seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), piaçava (Attalea funifera Mart.) e dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e 2 de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciência e Prado, 2005). Os municípios de Almadina (BA), Santa Luzia (BA), Teixeira de Freitas (BA) e Una (BA) possuem, respectivamente, 0,65% (160ha), 0,11% (88ha), 0,89% (1040ha) e 0,59% (660ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios de Almadina (BA), Teixeira de Freitas (BA) e Una (BA) possuem, respectivamente, 0,12% (30ha), 0,15% (180ha) e 0,02% (20ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020a). Os municípios de Almadina (BA) e Teixeira de Freitas (BA) possuem, respectivamente, 0,08% (20ha) e 0,06% (70ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de milho, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020b). Os municípios Almadina (BA), Santa Luzia (BA), Teixeira de Freitas (BA) e Una (BA) possuem, respectivamente, 33,8% (8288,4ha), 25,22% (17291,4ha), 67,87% (79106,3ha) e 13,8% (16873,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). O município de Almadina com 25111 ha tem 10,8% de seu território (2742 ha) preservado com vegetação nativa (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Una com 117174 ha possui 44914 ha que representam 38% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada (US). A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado da Bahia (SEMA, 2017).