Taxonomic Notes
Descrita em: Prodr. [A. P. de Candolle] 9, 477, 1845. É afim de Cordia aberrans I.M.Johnst., mas difere por apresentar as folhas oblanceoladas a estreitamente elípticas e as flores nascem em cimas com pedúnculos terminais bem desenvolvidos (vs. as folhas ovadas e as flores aparentemente brotando diretamente das axilas das folhas em C. aberrans) (Stapf e Silva, 2013).
Justification
Árvore com até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada exclusivamente em Floresta Estacional Semidecidual associada à Mata Atlântica na transição com a Caatinga (mata de cipó) presente nos estados da Bahia, municípios de Jacobina e Jequié, e no estado de Minas Gerais, município de Salto da Divisa. Apresenta distribuição conhecida restrita, extensão de ocorrência (EOO) de 3546 km², área de ocupação (AOO) de 16 km², três situações de ameaça, sujeitas a vetores de pressão que diferem em escala, intensidade e frequência, e presença exclusiva a fitofisionomia florestal fragmentada. Bahia e Minas Gerais figuram ainda em 2017-18 como os estados que mais desmataram remanescentes de Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Apesar de ser considerada ocasional (María Natividad Sánchez de Stapf, comunicação pessoal, 2020), a espécie possui poucas coletas válidas, o que sugere pouca abundancia. Além disso, sabe-se que os municípios em que Cordia blanchetti foi documentada possuem atualmente entre 32,99% e 79,15% de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020), e fragmentos florestais remanescentes nestas áreas perfazem a minoria dos territórios municipais. Em Jacobina, onde a espécie foi documentada uma única vez em 1836, restam poucas áreas disponíveis para sua ocorrência, com remanescentes de vegetação situados predominantemente dentro das poucas áreas protegidas presentes. Em Jequié, onde a espécie foi documentada mais recentemente (2005), C. blanchetti não foi registrada dentro de Unidades de Conservação de proteção integral, e restam somente 5% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2019.). Assim, como não há evidências de efetiva proteção in situ, e dado o amplo tempo sem documentação em áreas de ocorrência histórica, infere-se o declínio contínuo em AOO, EOO e área, extensão e qualidade de habitat. Dessa forma, C. blanchetti é considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Jacobina e Jequié —, e no estado de Minas Gerais — no município Salto da Divisa.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada ocasional (María Natividad Sánchez de Stapf, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 5 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Estacional Semidecidual (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Os municípios Jacobina (BA), Jequié (BA) e Salto da Divisa (MG) possuem, respectivamente, 47,28% (103689,3ha), 32,99% (97938,2ha) e 79,15% (74243,2ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km². São eles: Ceará (7 ha), Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). Outros três estados estão a caminho desse índice: Mato Grosso do Sul (140 ha), Rio Grande do Sul (171 ha) e Goiás (289 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento: Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha), Piauí (2.100 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha). O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²). O município de Jequié com 322735 ha possui 19141 ha que representam 6% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.