Taxonomic Notes
Descrita em: Flora 58, 449, 1875.
Justification
Árvore ou arbusto de até 3 m endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Restinga e Floresta Estacional Semidecidual de terras baixas associadas à Mata Atlântica presente em seis municípios distribuídos pelos estados da Bahia (BA) e de Sergipe (SE). Apresenta distribuição conhecida restrita, extensão de ocorrência (EOO) de 14737 km², seis situações de ameaça, considerando-se sua presença em seis municípios sujeitos a vetores de estresse distintos em intensidade, frequência e cronologia. A Mata Atlântica nordestina é uma das regiões costeiras do Brasil onde o processo de substituição da vegetação nativa foi mais intenso durante os últimos 500 anos. O Centro de Endemismo de Pernambuco (CEP) e as florestas costeiras baianas estão sujeitas a extrativismo de madeira histórico e intensa supressão de vegetação nativa provocada pela expansão da cana-de-açúcar, coco e dendê (Prado, 1976). A abertura de florestas para o estabelecimento de pastagens também foi registrada na maior parte dos municípios em que Guettarda blanchetiana foi documentada, com áreas territoriais substituídas em cada município variando entre 27% e 51% (Lapig, 2020). A expansão urbana e turística, impulsionadas por intensa especulação imobiliária associada a áreas costeiras de Restinga e Florestas de Terras Baixas também representa fator de estresse à perpetuação da espécie na natureza. Assim, diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em EOO e extensão e qualidade de habitat. Assim, G. blanchetiana foi considerada Vulnerável (VU) à extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Jandaíra e Santa Cruz Cabrália —, e no estado de Sergipe — nos municípios Areia Branca, Estância, Itaporanga d'Ajuda e Santo Amaro das Brotas.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto de até 2,5 m de altura, ocorrendo em Floresta Estacional Semidecidual e Restinga, associadas à Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
A região de Santa Cruz de Cabrália apresentou um crescimento urbano mal planejado representado pela ocupação desordenada e pela descaracterização da paisagem. Isto ainda é agravado por causa do turismo que causa um aumento demográfico sazonal e, consequentemente, de lixo e esgoto (Carvalho, 2008). O Centro de Endemismo de Pernambuco (CEPE), possui uma longa história de fragmentação, iniciada em 1500 com o ciclo da madeira do Brasil, e posteriormente intensificada com o ciclo de exploração da cana-de-açúcar. Primeiro, a valiosa madeira do Brasil (Caesalpinia echinata Lam.) foi explorada, mas logo o uso extrativo deu lugar ao desmatamento da floresta para o cultivo de cana-de-açúcar (Prado, 1976). Os moinhos usavam madeira para energia, desflorestamento aumentou no século XIX, quando maquinaria a vapor foi introduzida. O município de Areia Branca (SE) possui 5,13% (760ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Em direção ao interior da Região Hidrográfica, a pecuária é o principal uso do solo com as pastagens ocupando 51% do seu território. A atividade agrícola, embora diversificada e distribuída diagonalmente ao longo da região, sobressai pelas extensas áreas ocupadas pela monocultura de cana-de-açúcar. Cabe ressaltar ainda que a maior incidência de queimadas coincide com essas áreas de canaviais (Pougy et al. 2018). Os municípios Jandaíra (BA) e Santa Cruz Cabrália (BA) possuem, respectivamente, 6,03% (3862ha) e 14,14% (20685ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Areia Branca (SE), Estância (SE), Jandaíra (BA), Santa Cruz Cabrália (BA) e Santo Amaro das Brotas (SE) possuem, respectivamente, 31,82% (4714,3ha), 50,84% (32767,1ha), 34,04% (21826ha), 35,19% (51376,1ha) e 27,65% (6551,2ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Parque Nacional da Serra de Itabaiana (PI). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial de ocorrência) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.