Taxonomic Notes
Descrita em: Linnaea 3(1), 119, 1828. Vismia parviflora e Vismia micrantha podem se tratar da mesma espécie, mas isso ainda precisa ser confirmado com análise de material tipo (Gustavo Hiroaki Shimizu e Milena Ventrichi Martins, comunicação pessoal, 2020).
Justification
Árvore com até 4 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais, municípios Conceição do Mato Dentro, Lima Duarte, Mariana, Ouro Preto, Rio Preto e Santa Bárbara do Monte Verde. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ciliar ou Galeria e Floresta Ombrófila (Vogel et al., 2020). Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 4193 km², área de ocupação (AOO) de 56 km². Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Os municípios Conceição do Mato Dentro (MG), Lima Duarte (MG), Mariana (MG), Ouro Preto (MG), Rio Preto (MG) e Santa Bárbara do Monte Verde (MG) possuem, respectivamente, 17,81% (30630,5ha), 43,46% (36879,1ha), 19,84% (23696,6ha), 11,39% (14188,3ha), 35,11% (12221,5ha) e 41,95% (17533,7ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). Alguns municípios de ocorrência da espécie, possuem menos de 25% dos remanescentes originais da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Diante o cenário de ameaças vigentes infere-se o declínio contínuo de extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade de habitat e situações de ameaça. Assim, Vismia parviflora foi avaliada como Em Perigo (EN) de extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais — nos municípios Conceição do Mato Dentro, Lima Duarte, Mariana, Ouro Preto, Rio Preto e Santa Bárbara do Monte Verde.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada frequente (Gustavo Hiroaki Shimizu e Milena Ventrichi Martins, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 4 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ciliar ou Galeria e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, onde o crescimento urbano somado à falta de planejamento da ocupação do meio físico, geram grandes problemas aos ecossistemas naturais (Sobreira e Fonseca, 2001). Os atrativos histórico-culturais e agora ambientais impulsionam o turismo nas cidades de Mariana e Ouro Preto (Ostanello et al., 2013). Em estudo de degradação ambiental causada pela agricultura em Minas Gerais, o município de Ouro Preto obteve um índice de degradação ambiental de 84% (Fernandes et al., 2005). Os municípios Conceição do Mato Dentro (MG), Lima Duarte (MG), Mariana (MG), Ouro Preto (MG), Rio Preto (MG) e Santa Bárbara do Monte Verde (MG) possuem, respectivamente, 17,81% (30630,5ha), 43,46% (36879,1ha), 19,84% (23696,6ha), 11,39% (14188,3ha), 35,11% (12221,5ha) e 41,95% (17533,7ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A cidade de Ouro Preto (MG) foi fundada e desenvolvida a partir do descobrimento de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tendo rapidamente se tornado o segundo maior centro populacional na América latina e a capital da província de minas Gerais. O auge da corrida do ouro ocorreu durante os primeiros quarteis do século XVIII com intensas atividades mineradoras subterrâneas e a céu aberto, em vales e encostas. A partir do século XIX e início do século XX a cidade sofreu um esvaziamento econômico e político devido à mudança da capital do estado para Belo horizonte. O desenvolvimento retornou em 1950 em Ouro Preto com as atividades de mineração de ferro (Sobreira e Fonseca, 2001). Até o ano de 2014 quase 90% da arrecadação do município estava baseado em 19 empresas que atuavam diretamente com extração mineral. A atividade mineradora foi responsável pelo crescimento do PIB em 193% entre os anos de 2005 e 2011 (Mariano, 2014). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). A perda e alteração de habitats são há muito reconhecidas como principais ameaças à biodiversidade mundial. Nos afloramentos de ferro brasileiro, esse processo ocorre basicamente em associação com as atividades de mineração. A região é uma das principais produtoras de minerais metálicos do mundo, especialmente minério de ferro superficial. A intensa atividade de mineração implica uma completa alteração da paisagem, com enormes impactos na biodiversidade local e regional. Devido à sua área muito restrita, difícil acesso e por estarem associadas a depósitos de minério de ferro de alta qualidade, as comunidades vegetais sobre a canga estão entre as mais ameaçadas e menos estudadas nos ecossistemas amplamente pesquisados no sudeste do Brasil (Jacobi e Carmo, 2008). A região do sudeste do quadrilátero ferrífero abarca os municípios de Ouro Preto e Mariana. Nessa região, a alta diversidade e a ocorrência de espécies raras, microendêmicas e ameaçadas de extinção, evidencia a necessidade da conservação de cangas. No entanto, devido ao alto interesse minerário, essas áreas estão extremamente ameaçadas (Messias e Carmo, 2015). Em 5 de novembro de 2015, o Brasil assistiu a um dos piores desastres ambientais de sua história. Uma onda de lama enterrou Bento Rodrigues, uma vila no município de Mariana, localizada na Serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Escobar, 2015). Casas e o patrimônio histórico, cultural e natural da vila inundados por sessenta e dois milhões de m³ de lodo, deixando 19 mortos, 3 desaparecidos e mais de 600 desabrigados (Neves et al., 2016). O município de Lima Duarte com 84856 ha possui 12958 ha que representam 15% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Rio Preto (MG) com 34814 ha possui 8166 ha que representam 23,46% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Santa Bárbara do Monte Verde (MG) com 41783 ha possui 9325 ha que representam 22,32% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Extratos benzênico e etanólico dos galhos e etanólico dos frutos de Vismia parviflora tiveram suas estruturas estudadas por Nagem e Oliveira (1997). O gênero Vismia apresenta espécies que são usadas na medicina popular como forte purgativo, enquanto suas cascas são consideradas tônicas e febrífugas.
Conservation Actions Information
Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Planos de Ação, Conservação in situ e ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.