Taxonomic Notes
Descrita em: Syst. Bot. 38(1), 249, 2013. É afim de Heterocoma ekmaniana, mas difere por apresentar capítulo em um conglomerado de dois a três ou seis solitários (vs. capítulo geralmente solitário ou raramente em um aglomerado de dois a três em H. ekmaniana). A distribuição geográfica alopátrica também ajuda a separar as duas espécies: H. lanuginosa é restrita às montanhas da Serra do Espinhaço no estado de Minas Gerais, enquanto H. ekmaniana ocorre em áreas montanhosas do estado de Goiás (Loeuille et al., 2013). Popularmente conhecida como árvore-de-algodão.
Justification
Árvore ou arbusto, sem altura registrada, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020). Ocorre no Cerrado, em Campo Rupestre (Loeuille et al., 2020). Possui distribuição no estado de Minas Gerais, nos municípios Buenópolis, Diamantina, Francisco Dumont e Várzea da Palma. Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 1272km², área de ocupação (AOO) de 28km² e cinco situações de ameaças. O Cerrado contém extensas áreas em condições favoráveis à agricultura intensiva e à pecuária extensiva, sendo cerca de 40% da área convertida para estes usos (Rachid et al., 2013). Os municípios Buenópolis (MG), Diamantina (MG), Francisco Dumont (MG) e Várzea da Palma (MG) possuem, respectivamente, 21,05% (33684,5ha), 5,24% (20386ha), 24,51% (38624,5ha) e 36,92% (81976,7ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Diante das ameaças vigentes, especialmente as que ocorrem na Unidade de Conservação em que há registro da espécie, infere-se o declínio contínuo de EOO, AOO e qualidade de habitat. Assim, Heterocoma lanuginosa foi considerada Em Perigo (EN) de extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais — nos municípios Buenópolis, Diamantina, Francisco Dumont e Várzea da Palma.
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto, sem altura registrada. Ocorre no Cerrado, em Campo Rupestre (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
O Cerrado contém extensas áreas em condições favoráveis à agricultura intensiva e à pecuária extensiva, sendo cerca de 40% da área convertida para estes usos (Rachid et al., 2013). A expansão agrícola no Cerrado vem sendo estimulada por diversos incentivos governamentais, tais como os programas de biocombustíveis e desenvolvimento do Cerrado, ou de assistência técnica (Bojanic, 2017, Fearnside, 2001, Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Moreddu et al., 2017, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013, Ratter et al., 1997), a fim de suprir a crescente demanda do mercado internacional (Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Essa região é responsável pela produção de cerca de 49% dos grãos no Brasil (Rachid et al., 2013), em particular a soja, o milho e o algodão (Bojanic, 2017, Castro et al., 2010, Ratter et al., 1997). O Cerrado brasileiro sofreu perdas particularmente pesadas para o avanço da soja (Fearnside, 2001), tendo cerca de 10,5% de sua área ocupada por culturas agrícolas (Sano et al., 2008). Além de ser considerado o celeiro brasileiro devido à produção de grão (Pereira et al., 2012), extensas áreas de Cerrado têm sido ocupadas pela cana-de-açúcar (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013), sendo o Brasil o mais importante produtor de açúcar do mundo (Galdos et al., 2009, Gauder et al., 2011, Pereira et al., 2012). Recentemente, a expansão da produção de cana-de-açúcar no Cerrado tem sido motivada por programas governamentais destinados a promover o setor sucroalcooleiro, especialmente para a produção de agroenergia e bioetanol devido à importância econômica que assumiram no mercado internacional (Gauder et al., 2011, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Pereira et al., 2012, Rachid et al., 2013). O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo (Mielnik et al., 2017). Segundo Rachid et al., (2013), as áreas cultivadas nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul cresceram mais de 300% nos últimos 5 anos. Essa expansão ocorre principalmente por meio da substituição de áreas agrícolas estabelecidas (pastagem e campos de soja e milho) por cana-de-açúcar, forçando a expansão dessas atividades sobre novas áreas de floresta ou Cerrado (Castro et al., 2010, Koizumi, 2014, Loarie et al., 2011, Rachid et al., 2013). Ainda, a produção de cana-de-açúcar por muitos anos esteve associada às queimadas dos canaviais realizadas pré-colheita, causando impactos ambientais sobre diferentes componentes do ecossistema (Galdos et al., 2009, Rachid et al., 2013). O município Caeté (MG) possui 10,92% (5924,9ha) do seu território convertido em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Os municípios Buenópolis (MG), Diamantina (MG), Francisco Dumont (MG) e Várzea da Palma (MG) possuem, respectivamente, 21,05% (33684,5ha), 5,24% (20386ha), 24,51% (38624,5ha) e 36,92% (81976,7ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A atividade mineradora no município de Diamantina (MG) já foi a principal fonte de economia da região, causando grande prejuízo ao meio ambiente (Giulietti et al., 1987). A atividade extrativista de plantas ornamentais no município de Diamantina (MG) é bastante considerável, causando a perda da biodiversidade na região (Landgraf e Paiva, 2009). A degradação da vegetação e o lixo são problemas ambientais existentes no município de Diamantina (Azevedo e Araújo, 2011).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Parque Estadual da Serra do Cabral (PI), Parque Nacional das Sempre Vivas (PI). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al., 2015). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (cumprimento de efetividade de UCs) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Espinhaço Mineiro - 10 (MG).