Taxonomic Notes
Descrita em: Fl. Bras. (Martius) 13(2), 86, 1875.
Justification
Árvore de até 13 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) associada à Mata Atlântica presente em sete municípios no estado de São Paulo. Apresenta distribuição conhecida restrita, extensão de ocorrência (EOO) de 1454 km², área de ocupação (AOO) de 40 km², cinco situações de ameaça, considerando-se o adensamento de ocorrências nas extremidades e no interior de sua EOO, sujeitos a vetores de pressão distintos em intensidade, frequência e cronologia, e presença exclusiva a fitofisionomia severamente fragmentada. Além disso, a espécie possui especifidade de habitat, e com base na frequência das coletas válidas, pode ser considerada uma planta incomum. Mesmo com algumas coletas realizadas dentro de Unidades de Conservação de proteção integral, sabe-se que sua ocorrência sobreposta a uma das regiões mais densamente habitadas e industrializadas do país (Lapig, 2020. Prefeitura de São Paulo, 2018; SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019), muitas vezes fora de áreas formalmente protegidas, evidenciam sua vulnerabilidade. Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em AOO, EOO e área, extensão e qualidade de habitat. Assim, Vochysia selloi foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de São Paulo — nos municípios Biritiba-Mirim, Ribeirão Pires, Salesópolis, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo e São Paulo.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 13 m de altura. Ocorrendo na Amazônia, associada à Floresta Ombrófila (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Mata Atlântica (Joly et al., 2019). Costa et al. (2019) confirmaram pela primeira vez os efeitos à biodiversidade ocasionado pela construção e pavimentação de rodovias, bem como o tráfego intenso de veículos no Bioma da Mata Atlântica, que podem se estender por muitos metros além da estrada, tendo efeito direto na mortalidade e diversidade das no fragmento. São Paulo, maior cidade do Brasil desde a década de 60, é hoje o mais poderoso pólo de atividades terciárias do país e sua população se aproxima da cifra dos 11 milhões de habitantes, distribuídos pelos 1509 km2 de seu município, que se divide em 31 subprefeituras e estas, em 96 distritos. São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome, que, com seus 19 milhões de habitantes, ocupa a 4ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo. São 39 municípios, incluindo o da capital, 8051 km2 e uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018). O município Salesópolis (SP) possui 8,06% (3426,4ha) do seu território convertido em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). O município de São Bernardo do Campo com 40948 ha possui 17676 ha que representam 43% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Municipal do Capivari-Monos, Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de efetividade das áreas protegidas onde a espécie foi documentada) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.