Taxonomic Notes
Descrita em: Syst. Bot. 39(2), 487, 2014. É afim de Manihot jacobinensis, mas difere por ter folhas maiores com lobos lanceolados curtos (15,0-21,0 cm) e inflorescências racemosas longas (15,0 cm) com brácteas que se arquearam sobre os botões florais, enquanto M. jacobinensis tem lobos elípticos a suborbiculares (4,0-8,0 cm) e inflorescências curtas (12,0 cm) com brácteas reflexas expondo os botões florais (Martins et al., 2014).
Justification
Árvore com até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Campo Rupestre e Cerrado (lato sensu) presentes na região da Chapada da Diamantina, Bahia, nos municípios de Andaraí, Lençóis e Mucugê. Apresenta distribuição conhecida restrita ao trecho compreendido pela Serra do Sincorá, sobreposta ao Parque Nacional da Chapada Diamantina. Possuí extensão de ocorrência (EOO) de 357 km², área de ocupação (AOO) de 36 km², duas situações de ameaça, considerando-se sua presença em áreas situadas dentro do recorte formal da Unidade de Conservação mencionada ou fora dos seus limites legais, e presença em fitofisionomias severamente fragmentadas. Sabe-se que os municípios em que Manihot longiracemosa foi registrada apresentam entre 11% e 40% de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Além disso, na região de Mucugê, por exemplo, medidas de correção do solo vêm possibilitando uma agricultura em larga escala (Harley et al., 2005), além da adoção de tecnologias modernas para o uso da irrigação (ICMBIO, 2007), abrindo áreas naturais outrora não diretamente afetadas por tais atividades. A mineração histórica e atual foi e é inerentemente impactante para a vegetação, uma vez que altera completamente o ambiente (ICMBio, 2007), e ainda pode ser verificada em menor escala na região de Lençóis. Finalmente, a expansão das atividades agropecuárias e urbanas vem ampliando de maneira significativa a ocorrência de incêndios severos (Tanan e Chaves, 2012), se tornando cada vez mais frequentes e intensas em diversos pontos da região de ocorrência da espécie. Embora tenha ocorrência registrada para uma unidade de conservação, está sujeita a riscos inerentes à expansão das áreas de pecuária e monocultura, e do turismo, além do fogo na Chapada Diamantina, que afeta sua subpopulações, estimadamente pequenas, porém localizadas em áreas, até o momento, com boas condições de preservação (Márcio L. L. Martins, Comunicação Pessoal, 2020). Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em extensão do habitat. Assim, M. longiracemosa foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Andaraí, Lençóis, e Mucugê.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara (Marcio Lacerda Lopes Martins, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 4 m de altura (Martins et al., 2014). Ocorre no Cerrado, em Campo rupestre e Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Nos cerrados da região de Mucugê, por exemplo, as medidas de correção do solo vêm possibilitando uma agricultura em larga escala (Harley et al., 2005), além da adoção de tecnologias modernas para o uso da irrigação (ICMBIO, 2007). O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas à conservação (Strassburg et al., 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al., 2014). Os municípios Andaraí (BA), Lençóis (BA) e Mucugê (BA) possuem, respectivamente, 40,31% (64102,5ha), 11,54% (14807,6ha) e 21,91% (53937,5ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A exploração de diamante foi responsável pela ocupação da região da Chapada Diamantina, sendo a prática mineradora mais significativa da região, embora tenha diminuído muito nos últimos anos. Em Lençóis ainda há muitos garimpeiros artesanais que sobrevivem da exploração de diamante. Este tipo de mineração é inerentemente impactante para a vegetação, uma vez que altera completamente o ambiente (ICMBio, 2007). Queimadas são frequentes na Chapada Diamantina no município de Mucugê (Tanan; Chaves, 2012).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Marimbus/Iraquara e Parque Nacional da Chapada Diamantina. De acordo com Martins et al. (2014), seguindo os critérios da IUCN, esta espécie é considerada Vulnerável (VU B2a), pois sua distribuição se restringe a uma área inferior a 2.000 km² e não superior a 10 localidades. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. Adapta-se bem ao cultivo ex-situ, o que pode ser uma alternativa para sua conservação (Márcio L. L. Martins, Comunicação Pessoal, 2020). A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Chapada Diamantina-Serra da Jibóia - 39 (BA).