Taxonomic Notes
Descrita em: London J. Bot. 4, 107, 1845. É afim de Chomelia estrellana, mas difere por apresentar face inferior das folhas hirsutas (vs. viloso-tomentosa), pedúnculo longo, 5-14 mm compr. (vs. 3-6 mm compr.) e pela corola estrigosa (vs. tomentosa) (Pessoa, 2016).
Justification
Árvore com até 5 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020). Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila. Possui registros para o estado de Alagoas (AL), nos municípios Chã Preta e Quebrangulo, estado do Paraná (PR), nos municípios Quatro Barras e São José dos Pinhais, estado do Rio de Janeiro (RJ), nos municípios Cantagalo, Guapimirim, Paraty, Petrópolis, Rio de Janeiro e Saquarema, estado de São Paulo (SP), no município Ubatuba (Flora do Brasil, 2020). Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 389554 km², área de ocupação (AOO) de 52 km² e está severamente fragmentada. A espécie possui registros em Unidades de Conservação de Uso Sustentável e de Proteção Integral. As ameaças vigentes na Mata Atlântica, assim como os diversos habitats fragmentados no bioma, podem vir a causar declínio em EOO, AOO e qualidade/extensão do habitat no futuro, levando a espécie a uma categoria de ameaça, dependendo da redução verificada. Assim, a espécie foi avaliada como Quase Ameaçada de extinção (NT), devendo ser incentivadas ações de pesquisa e conservação, principalmente em florestas urbanas onde a planta ocorre.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Alagoas — nos municípios Chã Preta e Quebrangulo —, no estado do Paraná — nos municípios Quatro Barras e São José dos Pinhais —, no estado do Rio de Janeiro — nos municípios Cantagalo, Guapimirim, Paraty, Petrópolis, Rio de Janeiro e Saquarema —, e no estado de São Paulo — no município Ubatuba.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada ocasional (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 5 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
O crescimento urbano e a especulação imobiliária se tornam grandes vetores de pressão sobre os remanescentes florestais do Rio de Janeiro, intensificando a degradação da Mata Atlântica fluminense a partir de meados do século XX e início do século XXI (Pougy et al. 2018). Trata-se de uma região de expressiva diversidade biológica, abrangendo os municípios de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela, tendo como recursos paisagísticos, além da costa litorânea, composta por praias de rara beleza, a Serra do Mar e a Mata Atlântica. Essas características configuram-se num forte apelo à implantação de empreendimentos imobiliários voltados ao turismo, representado, principalmente, pelas residências secundárias. Especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, crescimento demográfico com significativo movimento migratório, são elementos que tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região (Borelli, 2006). Os municípios de Chã Preta (AL) e Quebrangulo (AL) possuem, respectivamente, 6,3% (995ha) e 6,88% (2200ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). A ocupação rural adensada foi classificada no Plano de Manejo como um vetor de pressão antrópica muito alta, ao passo que as pastagens e reflorestamento com Pinus spp. e Eucalyptus spp. foram considerados vetores de pressão alta. Destaca-se a aparente invasão de Pinus spp. em campos montanos do Núcleo Curucutu, que pode interferir na dinâmica das espécies nativas, levando à descaracterização da vegetação dos locais onde se estabelecem. Algumas áreas do Núcleo Itutinga-Pilões encontram-se bastante alteradas em função de plantações de Eucalyptus spp. (Borelli, 2006). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al. 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323? ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (SOS Mata Atlântica, 2019). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705? ha (39% da AALMA), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem (MapBiomas, 2020). Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al. 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Os municípios Cantagalo (RJ), Chã Preta (AL), Guapimirim (RJ), Petrópolis (RJ), Quebrangulo (AL), Rio de Janeiro (RJ), São José dos Pinhais (PR) e Saquarema (RJ) possuem, respectivamente, 62,16% (46428,6ha), 84,25% (14277,4ha), 27,64% (9903,3ha), 18,99% (15025,7ha), 67,82% (21689,1ha), 10,16% (12192,7ha), 7,29% (6898,9ha) e 39,85% (14059,8ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). As ferrovias, linhas de alta tensão e rodovias não pavimentadas foram classificadas no Plano de Manejo como vetores de pressão antrópica muito alta, ao passo que dutos e rodovias pavimentadas foram considerados vetores de pressão extrema. A implementação da infra-estrutura de comunicação entre o planalto e o litoral, traduzida nos sistemas viários, redes de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos e torres repetidoras, assim como a ocupação clandestina das encostas, cria um cenário de fragmentação e perda de habitat. No Parque Estadual da Serra do Mar contribuem diretamente para a perda e fragmentação de habitat a infra-estrutura viária, a existência de dutos, a expansão urbana, dentre muitos outros aspectos (SEMA, 2008). O município de Guapimirim com 36077 ha possui 13984 ha que representam 38% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Petrópolis (RJ) com 79580 ha possui 25124 ha que representam 31% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Saquarema com 35357 ha possui 6069 ha que representam 17% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município do Rio de Janeiro (RJ) com 120028 ha possui 23324,02 ha que representam 19% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Às margens do Rio Puruba, em Ubatuba, a presença de gado Bos taurus e búfalos Bubalus bubalis trazem grandes problemas. Como a descaracterização da vegetação nativa por pisoteio, tanto dos brejos, sub-bosque de ambientes florestais e vegetação ciliar, além do lançamento de excrementos nos cursos d’água. Outro impacto significativo, ligado à presença do gado e búfalos é a descaracterização do ambiente causada pela introdução de forrageiras exóticas (SEMA, 2008).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental de Cairuçu (US), Área de Proteção Ambiental de Massambaba (US), Área de Proteção Ambiental de Petrópolis (US), Área de Proteção Ambiental do Pequeno (US), Área de Proteção Ambiental Sul-RMBH (US), Parque Estadual da Costa do Sol (PI), Parque Estadual da Serra do Mar (PI), Parque Nacional da Serra da Bocaina (PI), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PI), Parque Natural Municipal Chico Mendes (PI), Reserva Biológica de Pedra Talhada (PI). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie será beneficiada por ações de conservação que estão sendo implantadas no PAN Rio, mesmo não sendo endêmica e não contemplada diretamente por ações de conservação. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). Sugerem-se ações de pesquisa (tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.