Taxonomic Notes
Descrita em: Novon 19(1), 4, 2009. É reconhecida pelas suas inflorescências glomeriformes com várias brácteas persistentes na base, e fruto com 12–18 mm de comprimento e endocarpo com 0.9–1.2 mm de espessura (Filho, 2011).
Justification
Arvoreta ou arbusto com até 3 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada exclusivamente em floresta nebular (Floresta Ombrófila Densa Altomontana) na transição com Campo de Altitude associados à Mata Atlântica presente no estado do Paraná, municípios de Antonina, Campina Grande do Sul e Morretes, na região metropolitana de Curitiba (Aranha-Filho, 2011). Apresenta distribuição naturalmente disjunta, com extensão de ocorrência (EOO) de 132 km², área de ocupação (AOO) de 40 km² e três situações de ameaça, considerando-se sua presença conhecida exclusiva em três municípios sujeitas a vetores de estresse distintos em frequência e intensidade devido ao grau de proteção verificado em cada ponto de ocorrência conhecida. Além disso, é considerada rara, e foi incluída na listagem de espécies do Cone Sul como endêmica (Aranha-Filho, 2011). No município de Campina Grande do Sul (PR), onde a espécie é encontrada, 60% da cobertura original da Mata Atlântica foram desmatadas (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O desmatamento é fato marcante em partes da sub-bacia do rio Timbu, por influência da ocupação antrópica recente, causando a fragmentação das florestas remanescentes (Araújo, 2004). Segundo Martinelli (2007), Campos de Altitude e as florestas nebulares circundantes onde Symplocos incrassata ocorre de forma praticamente exclusiva estão sujeitos a eventos de incêndios cada vez mais frequentes e intensos, mesmo dentro de áreas protegidas. Diante deste cenário, portanto, infere-se assim declínio contínuo em área, extensão e qualidade de habitat, restrito e fragmentado. Diante deste cenário, portanto, S. incrassata foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Paraná — nos municípios Antonina, Campina Grande do Sul e Morretes.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Arvoreta ou arbusto com até 3 m de altura (Filho, 2011). Ocorre na Mata Atlântica, em Campos de Altitude e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al. 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al. 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. A perda e fragmentação de habitat no domínio da Mata Atlântica está aumentando rapidamente (Galindo-Leal et al. 2003, Tabarelli, Silva e Gascon, 2004). Afloramentos graníticos também estão sofrendo um conjunto particular de ameaças, incluindo exploração de pedreiras, mineração e invasões biológicas (Porembski e Barthlott, 2000, Forzza et al. 2003, Martinelli, 2007), que reforçam a necessidade de proteção dos inselbergs e de sua extraordinária biodiversidade, especialmente como resultado dos altos níveis de endemismo. Martinelli (2007) alertou para a necessidade de ações urgentes de conservação e propôs a inclusão dos afloramentos rochosos na agenda brasileira de conservação da diversidade biológica (Paula et al. 2016). A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Mata Atlântica (Joly et al. 2019). Costa et al. (2019) confirmaram pela primeira vez os efeitos à biodiversidade ocasionado pela construção e pavimentação de rodovias, bem como o tráfego intenso de veículos no Bioma da Mata Atlântica, que podem se estender por muitos metros além da estrada, tendo efeito direto na mortalidade e diversidade das no fragmento. No município de Campina Grande do Sul (PR), onde a espécie é encontrada, 60% da cobertura original da Mata Atlântica no município foram desmatados (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Entre 2001 e 2017, o município de Campina Grande do Sul perdeu cerca de 2320 ha de cobertura florestal, equivalente a aproximadamente 5% de redução desde 2000, correspondendo a um total estimado de 155 mil toneladas de emissões de CO² (GFW, 2019). O desmatamento é fato marcante em partes da sub-bacia do rio Timbu, por influência da ocupação antrópica recente. A retirada da vegetação, causa, entre outros fenômenos, a erosão e o assoreamento dos rios (Araújo, 2004).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes de modo a se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.