Taxonomic Notes
Descrita em: Harv. Pap. Bot. 14(2), 101, 2009. É reconhecido pelas folhas jovens com margem sem glândulas ou raramente com 1–3 glândulas caducas precoces por cm, um disco piloso e semelhante a cúpula a cilíndrico na flor e óvulos férteis de 0,2–0,5(–0,6) mm de comprimento. A espécie também é incomum em seus pecíolos avermelhados em pelo menos algumas folhas de cada ramo, lâminas de folhas jovens densamente cinza ou branco-tomentosas abaxialmente e flores maduras com estames arqueados para dentro obscurecendo o disco, estilete e estigma (raramente apenas o disco e estilo) (Filho et al., 2009). Popularmente conhecida como azeitoninha-das-nuvens (Romão et al., 2020).
Justification
Árvore ou arbusto com até 9 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020). Popularmente conhecida como azeitoninha-das-nuvens (Romão et al., 2020), foi documentada exclusivamente em floresta nebular (Floresta Ombrófila Densa Altomontana) associada à Mata Atlântica presente nos estados do Rio de Janeiro, município de Parati, e São Paulo, município de Ubatuba, nas altas escarpas da Serra do Mar, entre 1000 e 1300 m de altitude (Filho et al., 2009). Apresenta distribuição naturalmente disjunta, com extensão de ocorrência (EOO) estimada em menos de 5000 km² (Filho et al., 2009), área de ocupação (AOO) de 8 km² e duas situações de ameaça, considerando-se sua presença conhecida exclusiva a duas localidades, sujeitas a vetores de estresse distintos em frequência e intensidade devido ao grau de proteção verificado em cada ponto. Poderia ser considerada Criticamente em Perigo (CR) por somente por B2(iii), mas o número de situações de ameaças supera o limiar para esta categoria, e não há evidências de fragmentação severa de habitat, que é naturalmente disjunto. Entretanto, sabe-se que especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, crescimento demográfico com significativo movimento migratória tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região de ocorrência da espécie (Borelli, 2006), o que vem causando declínio contínuo na área, extensão e qualidade de habitat do táxon. Mesmo dentro de áreas protegidas de proteção integral, como o Parque Estadual da Serra do Mar, ameaças como mineração, desmatamento, implantação de infraestrutura e sistemas viários ainda ocorrem, e são classificados como pressões antrópicas extremas dentro dos limites desta Unidade de Conservação (SEMA, 2008). Diante deste cenário, infere-se assim declínio contínuo em área, extensão e qualidade de habitat, restrito e fragmentado. Assim, Symplocos atlantica foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Rio de Janeiro — no município Paraty —, e no estado de São Paulo — no município Ubatuba.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto com até 9 m de altura (Filho et al., 2009). Ocorre na Mata Atlântica, em Campos de Altitude e Floresta Ombrófila (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
O município de Ubatuba (SP) trata-se de uma região de expressiva diversidade biológica, tendo como recursos paisagísticos, além da costa litorânea, composta por praias de rara beleza, a Serra do Mar e a Mata Atlântica. Essas características configuram-se num forte apelo à implantação de empreendimentos imobiliários voltados ao turismo, representado, principalmente, pelas residências secundárias. Especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, crescimento demográfico com significativo movimento migratório, são elementos que tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região (Borelli, 2006). Nesse contexto, inclui-se também o município de Paraty (RJ). A mineração foi classificada no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como um vetor de pressão antrópica extrema (SEMA, 2008). As ferrovias, linhas de alta tensão e rodovias não pavimentadas foram classificadas no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como vetores de pressão antrópica muito alta, ao passo que dutos e rodovias pavimentadas foram considerados vetores de pressão extrema. A implementação da infra-estrutura de comunicação entre o planalto e o litoral, traduzida nos sistemas viários, redes de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos e torres repetidoras, assim como a ocupação clandestina das encostas, cria um cenário de fragmentação e perda de habitat. No Parque Estadual da Serra do Mar contribuem diretamente para a perda e fragmentação de habitat a infra-estrutura viária, a existência de dutos, a expansão urbana, dentre muitos outros aspectos (SEMA, 2008). As linhas de transmissão da usina termoelétrica para ligar ao sistema nacional passariam por dentro de áreas protegidas como o Parque Estadual da Serra do Mar e a Estação Ecológica Jureia-Itatins (Gastrading Comercializadora de Energias S.A. e Tetra Tech Engenharia e Consultoria Ltda., 2016). O desmatamento foi classificado no Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar como um vetor de pressão antrópica muito alta e a extração de madeira como uma pressão alta. As florestas de encosta apresentam grande diversidade e estão sujeitas aos diversos tipos de perturbações (caça, corte seletivo, poluição, ocupação irregular) (SEMA, 2008).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental de Cairuçu, Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Nacional da Serra da Bocaina. A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA, 2016). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas) urgentes de modo a se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.