Taxonomic Notes
Descrita em: Fl. Neotrop. Monogr. 77, 81, 1999.
Justification
Árvore com até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Floresta de Terra Firme, associada à Amazônia presente no estado do Acre, municípios Mâncio Lima e Tarauacá. Apresenta distribuição conhecida restrita a duas coletas, AOO=8 km² e duas situações de ameaça, considerando-se sua ocorrência conhecida em dois municípios distintos e sujeitos a vetores de estresse que variam em intensidade e frequência. Entretanto, Rustia thibaudioides é conhecida somente por duas coletas recentes, realizadas em regiões onde esforços de coleta ainda são considerados insuficientes e, apesar do aumento dos vetores de estresse (Charity et al. 2016; IBAMA, 2002; Joly et al. 2019), predominam na paisagem extensões significativas de fitofisionomias florestais em estado prístino. Assim, diante da carência de dados geral, R. thibaudioides foi considerada como Dados Insuficientes (DD) neste momento.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Acre — nos municípios Mâncio Lima e Tarauacá.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 10 m de altura, coletada em Floresta de Terra Firme, associada à Amazônia (Flora do Brasil, 2020)
Threats Information
Os principais impactos ambientais resultantes das atividades econômicas desenvolvidas na região adjacente ao Parque Nacional da Serra do Divisor são negativos: aumento do desmatamento em função da ampliação das atividades agriculturais e pecuárias a partir da redução das atividades extrativistas, além de corte seletivo (legal e ilegal) de madeira, e um consequente aumento no fluxo migratório para a região, que pode implicar em aumento das pressões em futuro próximo (IBAMA, 2002). Na Amazônia, ocorre degradação florestal por conta da mineração (Joly et al. 2019). Desde a década de 1960, a expansão de estradas, barragens e grandes projetos de mineração levaram a um intenso processo de ocupação regional que já levou cerca de 20% das florestas originais associadas ao bioma Amazônia no Brasil, e causaram conflitos sociais recorrentes (Becker, 2004, Hecht, 2011, Silva, 2015, Souza et al. 2015). Em 2004, o desmatamento chegou a 27.772 km², o que levou o governo brasileiro a elaborar um plano de longo prazo para controlar o desmatamento e afastar a região do modelo de fronteira tradicional para um plano de desenvolvimento mais centrado na conservação (Hecht, 2011). Entre 2005 e 2015 a mineração representou 9% do desmatamento na floresta amazônica. Contudo, os impactos da atividade de mineração podem se estender até 70 km além dos limites de concessão da mina, aumentando significativamente a taxa de desmatamento por meio do estabelecimento de infraestrutura (para mineração e transporte) e expansão urbana (Sonter et al. 2017). Estudos recentes indicaram que 15% do bioma Amazônia está potencialmente ocupado por áreas de mineração, podendo chegar a 30% em áreas protegidas (Charity et al. 2016). De acordo com Veiga e Hinton (2002), as atividades de mineração artesanal também têm gerado um legado de extensa degradação ambiental, tanto durante as operações quanto após as atividades cessarem, sendo um dos impactos ambientais mais significativos derivado do uso de mercúrio no garimpo de ouro. A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Amazônia brasileira, ocorre desmatamentos para criação de gado em grande escala (Joly et al. 2019). Com ca. 330 milhões de hectares, a Amazônia brasileira possuia, em 2014, 42.427.000 ha (12,8%) de sua extensão convertidos em pastagens (TerraClass, 2020). Em 2018, as pastagens já ocupavam entre ca. 46.209.888 ha (14%) (Lapig, 2020) e 53.431.787 ha (16,1%) (MapBiomas, 2020). Aproximadamente 60-62% de todas as terras desmatadas na Amazônia brasileira são cobertas por pastagens, colocando a criação de gado em evidência como um dos principais impulsionadores do desmatamento (Almeida et al. 2016, Carvalho et al. 2020). Fora o impacto causado pela conversão de áreas, vários estudos com foco na ocorrência de incêndios no Brasil destacam que, atualmente, a Amazônia e o Cerrado apresentam os maiores números de eventos de incêndios relacionados principalmente a práticas de conversão da vegetação natural em pastagem, o que gera outros impactos diretos relacionados às atividades pecuárias (Davidson et al. 2012, MCTI 2016, Joly et al. 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Parque Nacional da Serra do Divisor (PI). Estudos direcionados a revisar material não determinado depositados em herbários regionais podem revelar novos registros de ocorrência para a espécie, assim como buscas específicas buscando encontrar a espécie na localidade típica e em outras localidades próximas e/ou com ocorrência potencial. Tais estudos fazem-se necessários para melhorar o conhecimento sobre sua distribuição e dinâmica populacional, e assim possibilitar uma robusta avaliação regional de seu risco de extinção, urgente diante do aumento dos vetores de pressão que se apresentam para sua região de ocorrência.