Taxonomic Notes
Descrita em: Arq. Bot. Estado São Paulo (n.s.) 3, 282, 1962. É afim de Aspidosperma parvifolium, mas difere por apresentar flores e inflorescências amareladas, lóbulos da corola mais longos e pelo folíolo pubescente com nervura central e lenticelas conspícuas (Castello, 2018).
Justification
Árvore com até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada exclusivamente em Floresta Estacional Semidecidual associada à Caatinga presente em 9 municípios distribuídos pelos estados nordestinos de Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco. Apresenta distribuição ampla, extensão de ocorrência (EOO) de 189649 km²; entretanto, foi registrada em fitofisionomia florestal fragmentada e, área de ocupação (AOO) de 44 km² e nove situações de ameaça, considerando-se a incidência de vetores de estresse distintos em intensidade, frequência e cronologia nas extremidades da EOO conhecida. Além disso, assim como diversas congêneres, Aspidosperma nigricans possui uso madeireiro e potencial valor econômico (Castello, 2018). Sabe-se que a Caatinga é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo, com 26 habitantes por km², o que tende a intensificar processos que levam a perda da diversidade florística, como desmatamento para crescimento urbano e agropecuário e par obtenção de madeira para combustível (Costa et al., 2009; Medeiros et al., 2012, Ribeiro et al., 2015). Somente considerando-se a conversão de áreas naturais em pastagens dentro dos municípios em que a espécie foi registrada, entre 13,8% e 83,39% de suas áreas territoriais totais foram substituídas para este fim (Lapig, 2020), e as áreas florestais onde a espécie potencialmente ocorre encontram-se fragmentadas e parcialmente protegidas. Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em AOO, extensão e qualidade de habitat, no número de situações de ameaça e no número de indivíduos maduros. Assim, A. nigricans foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Itororó - 35 (BA), Território Chapada Diamantina-Serra da Jibóia - 39 (BA).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Alagoas — no município Quebrângulo —, no estado da Bahia — nos municípios Anguera, Itaberaba, Itatim e Una —, Paraíba — nos municípios Areia e Olho d'Água —, e no estado de Pernambuco — nos municípios Brejão, São Lourenço da Mata e Tacaratu.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada como ocasional (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 20 m de altura. Ocorre na Caatinga, em Floresta Estacional Semidecidual (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
A Caatinga sustenta mais de 23 milhões de pessoas (11,8% da população brasileira) e é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo, com 26 habitantes por km² (Medeiros et al., 2012, Ribeiro et al., 2015). Novos cenários, como a transposição do rio São Francisco, podem mudar o paradigma de que a região semiárida não é apta para o desenvolvimento econômico e intensificar processos que levam a perda da diversidade florística (Costa et al., 2009). Os municípios de Anguera (BA), Quebrangulo (AL) e São Lourenço da Mata (PE) possuem, respectivamente, 6,39% (1200ha), 6,88% (2200ha) e 13,53% (3545ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Anguera (BA), Brejão (PE), Itaberaba (BA), Itatim (BA), Quebrangulo (AL), São Lourenço da Mata (PE), Tacaratu (PE) e Una (BA) possuem, respectivamente, 83,39% (15664,7ha), 49,38% (7889,8ha), 73,92% (176394,3ha), 77,33% (42339,3ha), 67,82% (21689,1ha), 36,44% (9550,6ha), 22,86% (28901,3ha) e 13,8% (16873,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). O município de Itaberaba com 234351 ha possui 8017 ha que representam 3,4% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Una com 117174 ha possui 44914 ha que representam 38% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Todas as espécies de Aspidosperma têm potencial farmacológico (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020). Todas as espécies de Aspidosperma têm potencial madeireiro (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020).
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Relevante Interesse Ecológico Serra do Orobó (US), Reserva Biológica de Pedra Talhada (PI), Reserva Biológica de Serra Negra (PI), Reserva Biológica de Una (PI).