Justification
Árvore de altura não registrada, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição no estado do Amazonas, municípios Presidente Figueiredo, São Gabriel da Cachoeira e São Paulo de Olivença, no estado da Bahia, municípios Barreiras e Formosa do Rio Preto, e no estado do Mato Grosso, município Nova Xavantina. Ocorre na Amazônia e Cerrado, em Floresta Ciliar ou Galeria e Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2020). Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 1384449km², constante presença em herbários e coletas recentes (2018). A espécie poderia ser considerada Em Perigo de extinção pelo critério B2, entretanto EOO supera muito o limiar para categoria de ameaça, registros em Unidades de Conservação e ainda, não possui especificidade de habitat. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menos Preocupante (LC) neste momento, demandando ações de pesquisa (tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.
Threats Information
Formosa do Rio Preto tem apenas 22 mil habitantes, mas uma área gigantesca de 1,6 milhão de hectares – maior que países como Bahamas, Jamaica ou Irlanda do Norte. Só a empresa Agronegócio Estrondo ocupa 350 mil hectares – mais do que o dobro da área da cidade do Rio de Janeiro -, dos quais 150 mil estão destinados ao plantio de soja e outros grãos. Grandes fazendas se instalam principalmente nas chapadas de Cerrado, ideais para a plantação por serem planas e receberem bastante chuva. São as mesmas que os povos geraizeiros usam para criar seu pequeno rebanho. Como os povos indígenas, os geraizeiros são reconhecidos pelo governo por terem desenvolvido seu modo de vida enraizado ao seu território. Mas essas comunidades tradicionais estão na iminência de serem deslocadas à custa do avanço da fronteira agrícola (Prager e Milhorance, 2018). Os municípios de Barreiras (BA), Formosa do Rio Preto (BA) e Nova Xavantina (MT) possuem, respectivamente, 31% (249582ha), 32,29% (504817ha) e 13,74% (75960ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios de Barreiras (BA), Formosa do Rio Preto (BA) e Nova Xavantina (MT) possuem, respectivamente, 23,28% (187451ha), 26,3% (411224ha) e 10,85% (60000ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). No município de Presidente Figueiredo a pecuária encontra-se em desenvolvimento, com perspectivas de aumento futuro, particularmente a criação de bovinos. A área ocupada pela agropecuária situa-se ao longo das estradas BR-174, AM240, onde estão implantadas diversas fazendas e com uma predominância de pastagens, e ao longo das vicinais, onde se pratica predominantemente atividades agrícolas (Eletronorte e Ibama, 1997). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Amazônia brasileira, ocorre desmatamentos para criação de gado em grande escala (Joly et al., 2019). Com ca. 330 milhões de hectares, a Amazônia brasileira possuia, em 2014, 42.427.000 ha (12,8%) de sua extensão convertidos em pastagens (TerraClass, 2020). Em 2018, as pastagens já ocupavam entre ca. 46.209.888 ha (14%) (Lapig, 2020) e 53.431.787 ha (16,1%) (MapBiomas, 2020). Aproximadamente 60-62% de todas as terras desmatadas na Amazônia brasileira são cobertas por pastagens, colocando a criação de gado em evidência como um dos principais impulsionadores do desmatamento (Almeida et al., 2016, Carvalho et al., 2020). Fora o impacto causado pela conversão de áreas, vários estudos com foco na ocorrência de incêndios no Brasil destacam que, atualmente, a Amazônia e o Cerrado apresentam os maiores números de eventos de incêndios relacionados principalmente a práticas de conversão da vegetação natural em pastagem, o que gera outros impactos diretos relacionados às atividades pecuárias (Davidson et al. 2012, MCTI 2016, Joly et al., 2019). A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002, Sano et al., 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al., 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al., 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al., 2015) e posteriormente o uso de tecnologias e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al., 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al., 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al., 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária historicamente está associada à queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008, Silva et al., 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015). Os municípios Barreiras (BA) e Nova Xavantina (MT) possuem, respectivamente, 5,11% (40194,9ha) e 50,59% (279759ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). No município Presidente Figueiredo encontra-se uma importante jazida mineral de cassiterita localizada na sub-bacia do rio Pitinga. Considerada a maior jazida de cassiterita do mundo é explorada desde 1981 pela Mineração Taboca, do Grupo Paranapanema, de onde provém a maior parte da arrecadação de tributos do município. Esta mineração possui uma área de concessão de 122000 ha, dos quais 5 a 6% são explorados com lavra ou infra-estrutura, em 1995 está área era de aproximadamente 7728 ha, não considerando o reservatório da UHE Pitinga (ELETRONORTE e IBAMA, 1997). O município de São Gabriel da Cachoeira contém reservas importantíssimas de minério (nióbio, manganês e fosfato) que estão sendo visadas para exploração, já possui rodovias dentro dos seus limites (Perimetral Norte e a Rodovia São Gabriel-Cucuí parcialmente construída), instalações militares, seis reservas indígenas, incluindo uma missão salesiana e está sofrendo invasões muito sérias por parte de garimpeiros (especialmente ao longo Rio Cauaburí) (Rylands e Pinto, 1998).
As ameaças aqui relacionadas são apresentadas de forma geral tanto para o habitat como para a área onde a espécie é documentada, não representando, portanto, ameaças diretas à perpetuação da espécie. Tais vetores de pressão podem causar declínio local, mas acredita-se que não tenham grande impacto sobre o habitat e a população global da espécie, principalmente devido à sua ampla distribuição.