Taxonomic Notes
Descrita em: Contributions from the University of Michigan Herbarium 15: 105–107, f. 6a–h. 1982.
Justification
Árvore de até 8 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre especialmente em Campo Rupestre associado aos domínios do Cerrado, apenas no estado de Minas Gerais, nos municípios de Brumadinho, Caeté, Laranjal, Ouro Preto e Santana do Riacho. Apresenta AOO= 28 km², cinco situações de ameaça, e está restrita a habitats fragmentados por causas naturais e antrópicas. Mineração, pecuária, queimadas e espécies invasoras são as principais ameaças para os Campos rupestres e Cerrados (Klink e Moreira, 2002; Kolbek e Alves, 2008, Sano et al. 2008; Silveira et al. 2016) e os principais responsáveis pelo declínio contínuo de EOO, AOO, qualidade de habitat e número de subpopulações da espécie nas localidades de ocorrência. Nas últimas quatro décadas a região mineira denominada Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). Tal atividade tem provocado danos ambientais e humanos imensuráveis, dentre eles os dois maiores desastres ambientais da história da mineração ocorridos recentemente nos municípios de Brumadinho (2019) e Mariana (2015), após o rompimento de uma barragem de rejeitos minerais (Escobar, 2015; Neves et al. 2016; do Carmo, 2017; Passarinho, 2019). Em Minas Gerais, mais de 202 barragens são classificadas como de alto potencial de dano e cinco como de alto risco (sendo uma delas em Ouro Preto, onde a espécie ocorre), segundo a Agência Nacional de Águas (G1 Minas, 2019; ANA-BR/SINSB, 2019). Para a região do município de Santana do Riacho (MG) há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de quartzito e requerimento de pesquisa para mineração de minério de manganês. Para a região do município de Brumadinho MG há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de ouro e granito. No município de Caeté existem protocolos de concessão de lavra e autorizações de pesquisa para minério de ouro. Para a região de Ouro Preto (MG) há protocolos atuais de requerimento de pesquisa para mineração de ouro, ferro, manganês, topázio, além de concessões de lavra para mineração de Bauxita, calcário e minério de Ouro (DNPM e SIGMINE, 2019). Os efeitos do acúmulo de resíduos de minério tóxicos no solo ainda estão sendo estudados, porém eventos similares na região podem destruir, em um único evento, milhares de hectares na região, assim como ocorreu com área de Mata Atlântica e Cerrado na região de Mariana e Brumadinho (Do Carmo, 2017; Sorima Neto, 2019). A espécie foi considerada Criticamente em Perigo (CR) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014), levando em conta uma distribuição mais restrita, incluindo apenas cinco coletas com localização pouco precisa na Serra do Cipó. Registros antigos disponibilizados (a partir do programa REFLORA e CRIA-SpeciesLink) ou coletados recentemente em municípios da Serra do Cipó, foram considerados válidos e expandiram a distribuição da espécie. A espécie foi considerada como Em Perigo (EN), assumindo-se uma abordagem de precaução em razão dos recentes e potenciais eventos causadores de desastres ambientais relacionados às atividades mineradoras na região e, considerando o alinhamento com a avaliação em nível regional (COPAM-MG, 1997). Infere-se o declínio contínuo de EOO, AOO, qualidade do hábitat e subpopulações. Visto que não existem dados sobre a população, recomenda-se pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação de possíveis declínios ou extinções locais, especialmente considerando os eventos de ameaça recentes na região. Com base nos resultados encontrados, recomenda-se então ampliação de conservação in situ, definição de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA. Além disso, recomendam-se ações de proteção de habitats, incluindo restrição legal de mineração em áreas prioritárias para conservação ou em unidades de conservação com ocorrência de espécies ameaçadas.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado de Minas Gerais, municípios de Brumadinho (Stehmann 3079), Caeté (Costa S/N), Laranjal (Urbano 9978), Ouro Preto (Souza 28074) e Santana do Riacho (Campos CFSC1353).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 8 m de altura (Stehmann 3079), ocorrendo no domínio do Cerrado, no Campo Rupestre e no Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
A mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira, e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), e embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). A perda e a alteração de habitat no Cerrado também está vinculada à atividade de mineração desenvolvida em vários estados de sua ocorrência (Fernandes et al. 2011, 2014; Jacobi and Carmo, 2008). Na região do Cerrado há dois principais centros de exploração mineral, sendo um deles situado em Goiás onde se destaca o município de Niquelândia (Fernandes et al. 2011) e o outro em Minas Gerais, cuja região do quadrilátero ferrífero e Espinhaço Meridional concentram a maior parte das atividades (Carmo e Jacobi, 2012; Fernandes et al. 2011, 2014; Jacobi and Carmo, 2008). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). Tal atividade tem provocados danos ambientais imensuráveis, dentre eles, o rompimento de uma barragem de rejeitos minerais (Escobar, 2015; Neves et al. 2016). Para a região do município de Santana do Riacho (MG) há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de quartzito e requerimento de pesquisa para mineração de manganês. Para a região do município de Brumadinho (MG) há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de ouro e granito. No município de Caeté existe protocolos de concessão de lavra e autorizações de pesquisa para minério de ouro. Para a região de Ouro Preto (MG) há protocolos atuais de requerimento de pesquisa para mineração de ouro, ferro, manganês, Topázio, além ha concessões de lavra para mineração de Bauxita, calcário e minério de Ouro (DNPM, SIGMINE, 2019). A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920, com a indústria de café em plena atividade. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002; Sano et al. 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al. 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al. 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al. 2015) e posteriormente, do uso de tecnologia e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al. 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al. 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al. 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária está historicamente associada a queimadas para renovação de pastagem (Kolbek e Alves, 2008; Silva et al. 2015), que muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al. 2015).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Em Perigo (EN) na Lista de espécies ameaçadas de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997), e como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015), e em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro Minas - TER10 (MG). A espécie foi registrada nas seguintes unidades de conservação: Área de proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas (US), Parque Natural Municipal das Andorinhas (PI), Parque Natural Municipal de Piraputangas (PI), Área de proteção Ambiental Morro da Pedreira (US).