Taxonomic Notes
Descrita em: Prodromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis 15(1): 47. 1864. Folhas alternas, (obovado) elípticas, de 9 a 12 cm de comprimento e 3 a 4 cm de largura, lanatas abaxialmente. Flores monoclinas, ferrugíneo-pubescentes, tricomas adpressos, tépalas internas maiores que as externas, em inflorescências axilares, paniculadas, lanatas.
Justification
Arvoreta de até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada em Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) Altomontana ou mata nebular associadas ao Cerrado no estado de Minas Gerais, municípios de Mariana, Ouro Preto, Belo Horizonte e Diamantina. Apresenta distribuição relativamente restrita, EOO=5623 km², AOO=16 km², três situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomias associadas ao Cerrado atualmente fragmentadas. O Cerrado perdeu 46% de sua cobertura vegetal original, e apenas 19,8% permanece inalterado, com taxas de desmatamento (1% por ano) 2,5 vezes maiores do que na Amazônia (Strassburg et al. 2017). Entre 2008 e 2009, 7637 km² de vegetação nativa foram desmatados neste bioma (MMA e IBAMA, 2011). A taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso et al. 2015). Apesar de se encontrar dentro de uma Unidade de Conservação (Parque Estadual do Itacolomi), muitos impactos antrópicos ocorrem na área. Geralmente, nas épocas secas do ano, correspondentes ao período do inverno, grandes incêndios ocorrem no Pico do Itacolomi (Vasconcellos et al. 2002). Diante desse cenário, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO e em extensão e qualidade do habitat. Assim, foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado de Minas Gerais, Municípios de Mariana (Lund 360), Ouro Preto (Pedrosa 5), Belo Horizonte (Vasconcelos S/N), e Diamantina (Arbo et al. 5147).
Population Information
Não há dados populacionais disponíveis para a espécie.
Habitat and Ecology Information
Árvore de 3 a 4 m de altura. Ocorre em Floresta nebular anã (Oliveira-Filho, 2010). Além disso, foi registra em Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Floresta Estacional Semidecidual, e Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) associadas ao Cerrado no estado de Minas Gerais (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Apesar de se encontrar dentro de uma Unidade de Conservação (Parque Estadual do Itacolomi), muitos impactos antrópicos ocorrem na área. Geralmente, nas épocas secas do ano, correspondentes ao período do inverno, grandes incêndios ocorrem no Pico do Itacolomi. Estes incêndios são muitas vezes causados pelas fogueiras dos próprios turistas que acampam na região. Além disso, os turistas fazem suas fogueiras com lenha proveniente de plantas nativas do Pico do Itacolomi, muitas delas restritas aos campos rupestres. A ocorrência de animais domésticos, como cavalos, dentro de uma Unidade de Conservação também é indesejável, uma vez que tais animais pisoteiam os campos rupestres e pastam vegetais nativos da região (Vasconcelos et al. 2002). A cidade de Ouro Preto foi fundada e desenvolvida a partir do descobrimento de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tendo rapidamente se tornado o segundo maior centro populacional na América latina e a capital da província de Minas Gerais. O auge da corrida do ouro ocorreu durante os primeiros quarteis do século XVIII com intensas atividades mineradoras subterrâneas e a céu aberto, em vales e encostas. A partir do século XIX e início do seculo XX a cidade sofreu um esvaziamento econômico e político devido à mudança da capital do estado para Belo Horizonte. O desenvolvimento retornou em 1950 em Ouro Preto com as atividades de mineração de ferro (Sobreira e Fonseca, 2001). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). A região do sudeste do quadrilátero ferrífero abarca os municípios de Ouro Preto e Mariana. Nessa região, a alta diversidade e a ocorrência de espécies raras, microendêmicas e ameaçadas de extinção, evidencia a necessidade da conservação de cangas. No entanto, devido ao alto interesse minerário, essas áreas estão extremamente ameaçadas (Messias e Carmo, 2015). Em 5 de novembro de 2015, o Brasil assistiu a um dos piores desastres ambientais de sua história. Uma onda de lama enterrou Bento Rodrigues, uma vila no município de Mariana, localizada na Serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Escobar, 2015). Sessenta e dois milhões de m³ de lodo sobrecarregaram as casas e o patrimônio histórico, cultural e natural da aldeia, deixando 19 mortos, 3 desaparecidos e mais de 600 desabrigados (Neves et al. 2016). A atividade mineradora no município de Diamantina, Minas Gerais, já foi a principal fonte de economia da região, causando grande prejuízo ao meio ambiente (Giulietti et al. 1987). Em estudo de degradação ambiental causada pela agricultura em Minas Gerais, o município de Ouro Preto obteve um índice de degradação ambiental de 84% (Fernandes et al. 2005). Em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, o crescimento urbano somado à falta de planejamento da ocupação do meio físico geram grandes problemas aos ecossistemas naturais (Sobreira e Fonseca, 2001). A atividade extrativista de plantas ornamentais no município de Diamantina, Minas Gerais, é considerável, causando a perda da biodiversidade na região (Landgraf e Paiva, 2009).
Use and Trade Information
Não se conhecem usos potenciais ou efetivos desta espécie.
Conservation Actions Information
Espécie avaliada como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Vermelha da flora de Minas Gerais (COPAM-MG, 1997), como Deficiente de Dados (DD) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), e como Em Perigo (EN) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Foi documentada dentro dos limites da seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Parque Estadual do Itacolomi, Parque Estadual Serra do Rola Moça e Área de proteção Ambiental Sul-RMBH. A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro-Minas (TER10).