Taxonomic Notes
Descrita em: Flora Neotropica, Monograph 30: 103, f. 22. 1982. É caracterizada pelas folhas ovadas a elípticas, seríceas adaxialmente, tomentosas e com glândulas nas nervuras laterais abaxialmente. Flores com elaióforos e pétalas rosados e sâmaras grandes, seríceas (Gates, 1982).
Justification
Arvoreta de até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Campos Rupestres associados ao Cerrado exclusivamente no estado de Minas Gerais, em seis municípios situados ao longo da Cadeia do Espinhaço. Apresenta distribuição restrita, EOO=5010 km², AOO=56 km², 3-5- situações de ameaça e ocorrência restrita à Serra do Espinhaço em Minas Gerais, atualmente fragmentada. Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). A região de ocorrência de Banisteriopsis arborea (Cadeia do Espinhaço mineira) vem se constituindo num alvo de mudanças socioespaciais ocasionadas pelo afluxo cada vez maior de visitantes e turistas, além da crescente ocupação caracterizada pelas segundas residências de lazer. A mineração verificada na região do Quadrilátero Ferrífero e Espinhaço Meridional, onde B. arborea ocorre, concentram a maior parte das atividades de alto impacto, onde pelo menos 40% da área total foi irreversivelmente modificada (Carmo e Jacobi, 2012; Fernandes et al. 2011, 2014; Jacobi and Carmo, 2008). Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO e extensão e qualidade do habitat. Assim, B. arborea foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (localização de novas subpopulações, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois uma extinção local pode ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado de Minas Gerais, municípios Buenópolis (Harley 24872), Datas (Anderson 35506), Diamantina (Irwin 27954), Joaquim Felício (Mello-Silva 2515), Santana do Riacho (Sebastiani 290), e Serro (Irwin 20827).
Population Information
O tempo de geração da espécie é estimada em cerca de 10 anos, conforme a estimação de CNCFlora (2013) para plantas arbóreas.
Habitat and Ecology Information
Árvore com cerca de 4 m de altura, ocorre em Campos Rupestres e Florestas de Galeria associadas ao Cerrado, em áreas pouco ou com algum grau de alteração (Gates, 1982; Mamede, 2013; CNCFlora, 2013).
Threats Information
Por sua expressiva beleza cênica e atrativos naturais, a região de ocorrência de Banisteriopsis arborea (Cadeia do Espinhaço mineira) vem se constituindo num alvo de mudanças socioespaciais ocasionadas pelo afluxo cada vez maior de visitantes e turistas, além da crescente ocupação caracterizada pelas segundas residências de lazer. Tal fluxo turístico e ocupação exógena adquiriu expressão a partir do final dos anos 1960 e vem aumentando significativamente nos dias atuais, representando ameaça direta à diversidade biológica sensível desta região (Oliveira, 2002). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). A perda e a alteração de habitat no Cerrado também está vinculada à atividade de mineração desenvolvida em vários estados de sua ocorrência (Fernandes et al. 2011, 2014; Jacobi and Carmo, 2008). Na região do Cerrado há dois principais centros de exploração mineral, sendo um deles em Minas Gerais, cuja região do quadrilátero ferrífero e Espinhaço Meridional concentram a maior parte das atividades (Carmo and Jacobi, 2012; Fernandes et al. 2011, 2014; Jacobi and Carmo, 2008). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo and Jacobi, 2012). Tal atividade tem provocados danos ambientais imensuráveis, dentre eles, o maior desastre ambiental após o rompimento de uma das barragens de rejeitos minerais (Escobar, 2015; Neves et al. 2016). Estudos apontam que no Cerrado brasileiro restam apenas 50% da cobertura florestal natural. A taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso et al. 2015; Ratter et al. 1997).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada como Vulnerável (VU) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada em Área de proteção Ambiental Morro da Pedreira (US), Parque Estadual Biribiri (PI), Parque Estadual da Serra do Cabral (PI). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora ameaçada de extinção da Serra do Espinhaço Meridional (Pougy et al. 2015). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro Minas - 10 (MG).