Taxonomic Notes
Descrita em: Flora Ilustrada Catarinense 1(Mirt–Supl. 1): 25, f. 9. 1977.
Justification
Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Mista, associada à Mata Atlântica, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apresenta distribuição restrita, AOO=16 km², três a quatro situações de ameaça e ocorrência exclusiva a fitofisionomia florestal fragmentada. Sabe-se que a destruição e degradação de habitat é, sem dúvida, a maior causa de perda de biodiversidade nos estados de ocorrência de Eugenia rotundicosta. A Floresta Ombrófila Mista apresenta remanescentes fragmentados e degradados, devido à intensa exploração madeireira, principalmente de espécies de grande valor econômico, além de desmatamento aliado à conversão das áreas florestais para outros usos do solo, como agricultura e pecuária extensiva (Lapig, 2019; Vibrans et al. 2013). A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original (Medeiros et al. 2005). Em alguns municípios de ocorrência, como São Francisco de Paula, a perda de habitat foi superior a 80% (Lapig, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie não foi registrada dentro dos limites de Unidades de Conservação. Assim, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Neste cenário, E. rotundicosta foi considerada Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por subpopulações em campo, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Rio Grande do Sul, município de São Francisco de Paula (Sobral 9203) e São Sebastião do Caí (Sobral 2001); e Santa Catarina, municípios do Caçador (Gasper 3009) e Videira (Smith 12968).
Population Information
Foram contados seis indivíduos da espécie durante o inventário florestal de Santa Catarina (Meyer et al. 2013).
Habitat and Ecology Information
Arvoreta de até 5 m de altura, ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%), e com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. O desmatamento para os estados Rio Grande do Sul e Santa Catarina entre 2017 e 2018 foi de 171 ha e 905 ha, respetivamente. Para a região do município de Mucugê há protocolos atuais de Autorização de pesquisa para exploração de Argila (DNPM, 2019). O município de São Francisco de Paula com 213939 ha tem 65,36% de seu território (327295 ha) transformado em pastagens (Lapig, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie avaliada como Criticamente em Perigo e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Bom Jesus - 24.