Taxonomic Notes
Descrita em: Sellowia 13: 323. 1961. Popularmente conhecida por Araçá-rosa no Espírito Santo (Lopes 1604).
Justification
Árvores de até 30 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida por Araçá-rosa no Espírito Santo, foi coletada na Floresta Ombrófila, Floresta Ombrófila Mista e Restingas, associadas aos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Até recentemente, era conhecida por coletas nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espirito Santo. Porém, foram encontrados novos registros (coletas recentes ou recém-identificadas) também para o estado da Bahia, ampliando sua distribuição. Apresenta AOO= 140 km² e está restrita a habitats fragmentados por causas antrópicas. Desmatamento, expansão urbana e turismo (Simões e Lino, 2003; Medeiros et al. 2005; Rocha et al. 2007; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e número de subpopulações. O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma. Apesar dos resultados positivos pela adesão de estados a política de desmatamento zero da Mata Atlântica, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019), entre eles Paraná (2.049 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha). Atualmente, os remanescentes Floresta Ombrófila Mista correspondem a menos de 1% da área original. A intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). Também a Restinga, habitat de ocorrência da espécie, é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al. 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico (Rocha et al. 2007). Atualmente, a cobertura vegetal de Restinga remanescente da Região dos Lagos é menor que 10% (SOS Mata Atlântica, 2018). As Unidades de Conservação até então existentes para esses ecossistemas, não foram suficientes e capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018). A espécie foi considerada Em perigo (EN) em avaliação de risco de extinção anterior, ao nível nacional (MMA, 2014), com base na redução populacional associada a declínios passados de EOO, AOO ou qualidade de habitat por causas não cessadas, representadas pela grande pressão antrópica sobre a Floresta Ombrófila Densa na costa brasileira. Apesar da atualização dos dados de ocorrência e expansão da amplitude de distribuição da espécie para o estado da Bahia, foi mantida a categoria de risco como Em perigo, considerando redução populacional maior que 50% em 45-90 anos passados, por causas não cessadas com base na atualização da informação sobre nível de ameaça da Mata Atlântica por estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A avaliação de risco acessada pelo critério A2 foi assumida, uma vez que dos seis estados de ocorrência da espécie, três (Bahia, Paraná e Santa Catarina) ainda não conseguiram manter o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica. Visto que há dados populacionais apenas para subpopulação do Parque Estadual Carlos Botelho (SP), onde foram amostrados cerca de 23 indivíduos em 10 ha (Duarte, 2003), recomenda-se pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação e projeção de declínios ou extinções locais, especialmente considerando os atuais níveis de desmatamento nos diferentes habitats de ocorrência da espécie. Com base nos resultados encontrados, recomenda-se então ampliação de conservação in situ, definição de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios Entre Rios (Matos 1296), Jequié (Macedo 1685) e Una (Mori 13797); Espírito Santo, municípios Aracruz (Pereira 5013), Linhares (Folli 6073), Marilândia (Da Luz 228), Presidente Kennedy (Pereira 5878) e Santa Teresa (Folli 6728); Paraná, município Morretes (Hatschbach 19591); Rio de Janeiro, municípios Nova Iguaçu (Farág 154), Rio de Janeiro (Duarte 5646) e Saquarema (Fontoura312); Santa Catarina, municípios, Camboriú (Korte 6975), Florianópolis (Klein 7921), Itajaí (Reitz 1722) e Orleans (Citadini-Zanette 1727); São Paulo, municípios Iguape (Anunciação 301), Pariquera-Açu (Ivanauskas 974), São Miguel Arcanjo (Aguiar 1020), São Paulo (Kuhlmann 2892), Sete Barras (Ivanauskas 5010) e Tapiraí (Virillo 150).
Population Information
A espécie apresenta em média 2,3 indivíduos por hectare em uma parcela permanente de 10,24 hectares em floresta ombrófila densa baixo montana no Parque Estadual Carlos Botelho - SP (Duarte, 2003). Foi descrita como ocasional em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro (Farág 154).
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 30 m de altura (Mamede 351), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), na Floresta Ombrófila Mista e na Restinga (Flora do Brasil, 2019). Os frutos são comidos por Saguis (Pereira 5013), roedores e papagaios (Farág 154).
Threats Information
O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km². Entre eles, três dos estados de ocorrência da espécie: Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha) e São Paulo (96 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, incluindo três estados de ocorrência da espécie: Paraná (2.049 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha). O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de três hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária) era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), e Rio Grande do Sul (25%), e com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). A Restinga é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al. 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico. A pressão exercida por essas atividades resulta em um processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna (Rocha et al. 2007). Atualmente, a cobertura vegetal original remanescente da Região dos Lagos é menor que 10% (SOS Mata Atlântica and INPE, 2018). As Unidades de Conservação até então existentes não foram suficientes e capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho, 2018).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente considerada Em Perigo (EN), segundo a lista das espécies ameaçadas de extinção de Santa Catarina (Klein, 1990), e rara, de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná (SEMA-PR, 1995). A nível nacional a espécie foi também avaliada como Em Perigo e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi coletada no Parque Estadual Carlos Botelho (Silva 244), Reserva Ecológica Juréia-Itatins (Mamede 351), Reserva Natural Vale (Folii 6073). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018), e em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território São Paulo - 20 (SP).