Taxonomic Notes
Descrita em: Coe-Teixeira, B. 1980. Rodriguésia 52: 78. Ocotea felix se caracteriza pelas folhas coriáceas, padrão de nervação broquidódromo e frutos sub-globosos parcialmente envolvido por cúpula hemiesférica. O. felix lembra Ocotea aciphylla (Nees et Mart. ex Nees) Mez, principalmente, por apresentar a base das folhas com dobras características, revolutas, decorrentes, porém, não tendo nenhuma outra afinidade (Quinet, 2008). Descrição: Folhas alternas em todo o ramo; lâmina coriácea, elíptica; domácias em tufos de pelos na axila de nervuras secundárias. Inflorescência axilar, panícula, áureo-serícea. Flores díclinas, tépalas áureo-serícea; hipanto piloso. Fruto bacáceo subgloboso, parcialmente envolvido por cúpula hemisférica (Quinte, 2008).
Justification
Árvore de até 15 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Densa e possivelmente em áreas de Floresta Estacional, associadas à Mata Atlântica, nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Apresenta distribuição restrita à fitofisionomia florestal fragmentada, AOO=24 km², três situações de ameaça e somente sete coletas botânicas depositadas em herbário, apesar de ser eventualmente descrita como comum em algumas localidades, com subpopulaões abundantes (Neri et al. 2007; Werneck et al. 2000). Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). O estado de São Paulo, onde a espécie foi mais frequentemente documentada, apresenta atualmente 13,7% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome que abriga 19 milhões de habitantes, ocupa a 4.ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo, uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018), assim como Belo Horizonte e adjacências, que além de urbanização, enfrentam graves problemas ambientais relacionados a mineração, como é o caso de Caeté (Google Earth Pro Version 7.3.2., 2019). Minas Gerais e Espírito Santo resguardam cerca de 10,2% e 10,5% dos remanescentes originais de Mata Atlântica, respectivamente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). No Espírito Santo, limites norte de distribuição conhecida de Ocotea felix, a espécie foi documentada uma única vez, dentro de propriedade privada. Diante desse cenário, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Assim, foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Devem ser incentivadas ações de pesquisa (distribuição e censo populacional) e conservação (in situ e ex situ, inclusão em Plano de Ação e Planos de Manejo) para garantir sua perpetuação na natureza. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para São Paulo e para a região central de Minas Gerais.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Espírito Santo, município de Santa Maria de Jetibá (Teixeira 7); Minas Gerais, municípios de Caeté (Grandi 1846), Senador Modestino Gonçalves (Neri S/N), Ouro Preto (Castro 67); e São Paulo, município de São Paulo (Barreto 754). Na Flora do Brasil (2019), Ocotea felix ainda consta como endêmica do estado de São Paulo.
Population Information
Foram amostrados 2 indivíduos na Estação Ecológica do Tripuí, Ouro Preto, MG (Werneck et al. 2000) e Neri et al. (2007), encontraram 19 indivíduos (DA: 31,7 ind./ha) em área de Cerrado.
Habitat and Ecology Information
Árvore de 15 m altura, chegando a 30 m (Teixeira e Lopes 7), com ocorrência confirmada em Floresta Ombrófila Densa Montana e possivelmente em áreas de Floresta Estacional em Minas Gerais (Flora do Brasil, 2019; Quinet, 2008).
Threats Information
O desenvolvimento do estado de São Paulo foi iniciado com a expansão da agricultura partir dos ciclos econômicos da cana-de-açúcar e do café, com grande impacto sobre os recursos naturais, especialmente sobre a vegetação nativa. Os modelos de cultivo adotados no estado priorizaram a monocultura extensiva, o que intensificou os impactos ambientais. Além disso, o estado agiu com incentivos que estimulavam a ocupação até de áreas de várzeas, aliada a uma intensa urbanização, o que causou uma grande perda da vegetação nativa que ficou reduzida a apenas 13,94% da área original do estado de São Paulo. Como resultado destes processos ocorreu a destruição e/ou deterioração de muitas áreas contínuas de vegetação nativa (Ferreira, 2007). São Paulo, maior cidade do Brasil desde a década de 60, é hoje o mais poderoso polo de atividades terciárias do país e sua população se aproxima da cifra dos 11 milhões de habitantes, distribuídos pelos 1.509 km² de seu município, que se divide em 31 subprefeituras e estas, em 96 distritos. São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome, que, com seus 19 milhões de habitantes, ocupa a 4ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo. São 39 municípios, incluindo o da capital, 8.051km² e uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018). O estado de São Paulo resguarda hoje cerca de 13,7% de remanescentes de Mata Atlântica original, Minas Gerais 10,2% e Espírito Santo cerca de 10,5% dos remanescentes originais (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). O município de Santa Maria de Jetibá está localizado na região serrana do Espírito Santo. Martinelli, et al. (2012) realizaram um estudo de uso e cobertura do solo que mostra que 67,47% da área corresponde a cobertura vegetal, 23,05% da área é ocupada por cultivos agrícolas, e só 9,32% da área é dedicada à pastagem. Em Santa Maria de Jetibá o uso do solo está diretamente relacionado à declividade e à altitude, de modo que há um predomínio de cobertura florestal na paisagem em geral do município (Martinelli, et al. 2012). O município de Caeté com 54257 ha tem 9,9% de seu território (5404 ha) transformados em Floresta Plantada, além de 2,2% de seu território (8363 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Criticamente em Perigo (CR) na Lista Vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004), e avaliada como Em Perigo (EN) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). Foi registrada dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Área de proteção Ambiental Municipal do Capivari-Monos; Parque Estadual da Cantareira. A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro-Minas - 10 (MG) e Território São Paulo - 20 (RJ).