Taxonomic Notes
Descrita em: Comunicaciones Botanicas del Museo de Historia Natural de Montevideo 2(28): 5. 1953.
Justification
Árvore de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre em Floresta Ombrófila Mista e em Mata nebular associadas aos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo. Apresenta EOO=13414 km², AOO= 48 km² e está sujeita a sete situações de ameaça. O desmatamento, expansão urbana, pastagens e monocultura de espécies florestais (Simões e Lino, 2003; Medeiros et al. 2005; SEMA/IF-SP 2008; Lapig, 2018; Prefeitura de São Paulo, 2018; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie foi considerada Vulnerável (VU) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014) e em nível regional pela Lista de espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A recente revisão das coleções e inclusão de registros recente alterou a distribuição da espécie, reduzindo sua extensão de ocorrência, apesar de um pequeno acréscimo na área de ocupação. Porém, não houve mudança para além dos limiares de risco da categoria VU. Portanto, a avaliação da espécie foi mantida na categoria Vulnerável (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio por causas não cessadas. Entre os três estados onde a espécie está distribuída, dois (Minas Gerais e Santa Catarina) ainda não conseguiram sustentar o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica, apresentando taxas de desmatamento inaceitáveis, acima de 1000 ha no período de 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie ocorre em três Unidades de Conservação de proteção integral e não existem dados sobre a população. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências da população global), monitoramento das populações encontradas recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Minas Gerais, municípios Camanducaia (Meireles 681) e Delfim Moreira (Cornia 15); Santa Catarina, municípios Campo Alegre (Smith 8494), Garuva (Vieira 1938) e Joinville (Vieira 2804); São Paulo, municípios Cubatão (Gehrt s.n.), Santo André (Mattos 14838) e São Paulo (Garcia 2126).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 5 m de altura (Silva 4146), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil, 2019), na mata nebular (Cordeiro 908).
Threats Information
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%), com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al. 2005). O município de Delfin Moreira (MG) com 40847 ha tem 22% de seu território (9114 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). São Paulo, maior cidade do Brasil desde a década de 60, é hoje o mais poderoso polo de atividades terciárias do país e sua população se aproxima da cifra dos 11 milhões de habitantes, distribuídos pelos 1.509 km² de seu município, que se divide em 31 subprefeituras e estas, em 96 distritos. São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome, que, com seus 19 milhões de habitantes, ocupa a 4ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo. São 39 municípios, incluindo o da capital, 8.051km2 e uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018). A ocupação rural adensada foi classificada no Plano de Manejo como um vetor de pressão antrópica muito alta, ao passo que as pastagens e reflorestamento com Pinus e Eucalyptus foram considerados vetores de pressão alta. Destaca-se a aparente invasão de Pinus spp. em campos montanos do Núcleo Curucutu, que pode interferir na dinâmica das espécies nativas, levando à descaracterização da vegetação dos locais onde se estabelecem. Algumas áreas do Núcleo Itutinga-Pilões encontram-se bastante alteradas em função de plantações de Eucalyptus spp. (SEMA/IF-SP 2008).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014), e também como Vulnerável pela segunda revisão da Lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A espécie ocorre no Parque Estadual da Serra do Mar, na Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba (Mattos 15623) e Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Curucutú (Garcia 2126). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território São Paulo - 20 (SP).