Taxonomic Notes
Descrita em: Novon 9 (4): 514, F. 1A–F. 1999.
Justification
Árvore de até 17 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada exclusivamente no estado do Espírito Santo, municípios de Alfredo Chaves, Santa Leopoldina e Santa Teresa. Apresenta EOO= 401 km² AOO= 36 km² e está sujeita a até quatro situações de ameaça. Desmatamento, pecuária, agricultura, monocultura de espécies florestais, mineração, poluição (Mendes e Pandovan, 2000; Saatchi et al. 2001; Rolim e Chiarello, 2004; Siqueira et al. 2004; Lapig 2018; DNPM, SIGMINE, 2019; SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO e qualidade do habitat. A espécie foi considerada Criticamente em Perigo (CR) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior (MMA, 2014). A recente revisão das coleções e novas coletas aumentou a distribuição da espécie e número de situações de ameaça, havendo alteração para além dos limiares de risco da categoria. Portanto, a espécie passa a ser avaliada de acordo com a categoria Em Perigo (EN), em razão de sua distribuição associada a declínio contínuo. A espécie ocorre em duas Unidades de Conservação de proteção integral. Visto que não há dados populacionais, são necessárias ações de pesquisa (tamanho e tendências populacionais, monitoramento das subpopulações) e ações de conservação (programas de conservação ex situ).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado do Espírito Santo, municípios de Alfredo Chaves (Baumgratz 1520), Santa Leopoldina (Goldenberg 2130) e Santa Teresa (Saiter 203).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 17 m de altura (Cruz 69), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
O município de Alfredo Chaves com 61579 ha tem 14,9% de seu território (9178 ha) transformados em pastagens. O município de Santa Leopoldina (ES), com cerca de 71.809 ha, contém 17,4% de sua área convertida em pastagens. O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). O município de Santa Teresa com 68316 ha possui 13933 ha que representam 20% da Mata Atlântica original do município. O município de Santa Leopoldina com 71810 ha possui 19912 ha que representam 27,72% da Mata Atlântica original do município. O município de Alfredo Chaves com 61579 ha possui 15029 ha que representam 32,8% da Mata Atlântica original do município. (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). Para a região do município de Alfredo Chaves, Santa Leopoldina e Santa Teresa há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de granito, areia, quartzo, caulim, saibro e minério de ouro. Requerimento de lavra de migmatito, além de licenciamento de exploração de areia desde 2018 (DNPM, SIGMINE, 2019). Os autores afirmam que um dos maiores problemas da Reserva Biológica Santa Lúcia é a poluição nos rios, recebendo resíduos de atividades agropecuárias e lixos urbanos (Mendes and Pandovan, 2000). Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importantes polos de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al. 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Anteriormente avaliada como Em Perigo (EN) na Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli and Fraga, 2007), como Dados Insuficientes (DD) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), e como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada na Estação Ecológica de Santa Lúcia (PI) e Parque Natural Municipal de São Lourenço (PI). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo - 33 (ES).