Taxonomic Notes
Descrita em: Kuhlmann, Arq. Inst. Biol. Veg. 2(1):84, est. 1. 1935. Ocorrência registrada inicialmente para as proximidades do Rio Doce nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e conhecida popularmente como "Ameixa", "Folha-de-serra" (Kuhlmann, 1935) e "Folha-de-espinho" (Luz 44).
Justification
Árvore de até 15 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Conhecida popularmente como Ameixa, Folha-de-serra, entre outras. Foi documentada em Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila, associadas à Mata Atlântica, nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Registrada inicialmente para as proximidades do Rio Doce, a espécie tem sido coletada com frequência durante a última década, principalmente nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, inclusive em Unidades de Conservação. Embora tenha sido relatada como espécie comum nas coleções dos anos 1930 a 1950, sabe-se que a Mata Atlântica dos estados de ocorrência da espécie sofreram grandes alterações e hoje resguardam somente entre 10-19%% de sua área original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie apresenta distribuição relativamente ampla, porém restrita a fitofisionomias florestais atualmente bastante degradadas e fragmentadas. O município Campos dos Goytacazes, limite sul da distribuição conhecida, atualmente possui menos de 3% de sua cobertura florestal original, em consequência do intenso desmatamento iniciado no século XIX para a implementação de monoculturas de cana-de-açúcar (Carvalho et al. 2006). Deste modo, a espécie pode se encontrar ameaçada em um futuro próximo. O AOO é 72 km² e infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (busca direcionada por subpopulações, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Espírito Santo, municípios de Águia Branca (Magnago 538), Baixo Guandu (Luz 326), Castelo (Hatschbach 69148), Colatina (Kuhlmann s.n.), Itapemirim (A. M. Assis), Iúna (Souza 124), Linhares (Luz 44), Pinheiros (Folli 5728), Santa Leopoldina (Demuner 2524) e São Mateus (A.Magnanini s.n.); Minas Gerais, municípios de Caratinga (Kuhlmann 5), Governador Valadares (Tameir 3380) e Tombos (Barreto 1663); Rio de Janeiro, município de Campos dos Goytacazes (Souza 152).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de 4-15 m de altura. Embora tenha sido relatada como espécie comum nas coleções dos anos 1930 a 1950, pode ser bastante rara agora devido à destruição e redução para cerca de 5% da floresta tropical atlântica do Brasil (Levin 1992). Ocorre no domínio da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019) nas fitofisionomias Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa.
Threats Information
O município Campos dos Goytacazes com 402402 ha possui 173248 ha convertidos em pastagem, equivalente a 43% da área do município (Lapig, 2018). O município de Pinheiros (ES) tem 35% de seu território utilizado para pastagem (Lapig, 2018). O município de Linhares, com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). O município de Governador Valadares com 234230 ha tem 60% de seu território (142045 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Tombos, com 28512 ha, tem 62% (17713 ha) de seu território convertido em pastagens (Lapig, 2018). Com 228781 ha de área ocupada com árvores de Eucalyptus, o Espírito Santo é o sexto estado da federação com a maior área plantada em 2014 (Ibá, 2015). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). A prática de queimar os canaviais com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e, desta forma, facilitar a colheita se consolidou na década de 1970, com o surgimento do Programa Nacional do Álcool. Ao contrário de outras regiões canavieiras do País, na região de Linhares (ES), os solos de tabuleiro passaram a ser cultivados com cana-de-açúcar apenas nas últimas décadas (Mendonza et al. 2000). O município de Linhares, com território de 350371 ha, possui 11722 ha de área plantada com cana-de-açúcar e 10596 ha com floresta plantada (Lapig, 2018). Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al. 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais (Mendonza et al. 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo. O município de Pinheiros (ES) tem 9871 ha de seu território plantado de cana-de-açúcar, 1000 ha de milho e 3077 ha de reflorestamento (Lapig, 2018). A prática de queimar os canaviais com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e, desta forma, facilitar a colheita se consolidou na década de 1970, com o surgimento do Programa Nacional do Álcool. Ao contrário de outras regiões canavieiras do País, na região de Linhares (ES), os solos de tabuleiro passaram a ser cultivados com cana-de-açúcar apenas nas últimas décadas (Mendonza et al. 2000). O município de Linhares com 350414 ha possui 89011 ha que representam 25% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Campos dos Goytacazes com 402670 ha possui 32128 ha que representam 7,9% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Pinheiros com 97313 ha possui 3902 ha que representam 4% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município Campos dos Goytacazes atualmente possui menos de 3% de sua cobertura florestal original, em consequência do intenso desmatamento iniciado no século XIX para a implementação de monoculturas de cana-de-açúcar (Carvalho et al. 2006). Campos dos Goytacazes possui 44.970 ha de plantações de Cana, equivalente a 11,17% da área total do município e o valor da produção foi 128.164.896 R$ em 2015 (Lapig, 2018).
Use and Trade Information
Kuhlmann (1935) observa que a espécie possui potencial uso ornamental (decorativo) devido a ser uma árvore pequena com copa em forma de cone alongado, folhas brilhantes com verde intenso.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na Área de proteção Ambiental Waldeir Gonçalves - Serra do Itaóca (US). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - TER33.