Taxonomic Notes
Descrita em: Arquivos do Instituto de Biologia Vegetal 1: 231, f. 1. 1935. Conhecida pelo nome popular: Manacá da serra (Folli 6735) em Guaratinga, Bahia.
Justification
Árvore de 8 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre em Campo de Altitude e na Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos associados aos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada nos estados da Bahia, municípios de Guaratinga e Itamaraju; e do Espírito Santo, municípios de Águia Branca, Colatina, Ibiraçu, Linhares, Pancas e São Roque do Canaã. Apresenta AOO= 48 km² e está sujeita a oito situações de ameaça. Desmatamento, expansão urbana, agricultura, monocultura de espécies florestais, pecuária e invasão de espécies exóticas (Alves e Kolbeck, 1994; Alger e Caldas, 1996; Porembsky et al. 1998; Saatchi et al. 2001; Landau, 2003; Simões e Lino, 2003; Rolim e Chiarello, 2004; Siqueira et al. 2004; Paciencia e Prado, 2005; SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO e qualidade do habitat. A recente revisão das coleções aumentou a distribuição da espécie e o número de situações de ameaça. Com base no atual nível de fragmentação da Mata Atlântica e as ameaças incidentes, a espécie foi mantida na categoria Vulnerável (VU), acessada pelos subcritérios de distribuição (AOO) e declínio contínuo. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (tamanho e tendências populacionais, monitoramento das subpopulações) e ações de conservação (criação e/ou expansão de Unidades de Conservação e programas de conservação ex situ). Além disso, é necessária a proteção dos habitats preferenciais da espécie, considerando que os afloramentos rochosos do leste do Brasil necessitam de ações urgentes de conservação (Martinelli, 2007).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Goldenberg and Michelangeli, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios de Guaratinga (Folli 6735) e Itamaraju (Martinelli 20740); e Espírito Santo, municípios de Águia Branca (Fernandes 3419), Colatina (Kuhlmann 361), Ibiraçu (Fernandes 2958), Linhares (Kuhlmann 358), Pancas (Fraga 1077) e São Roque do Canaã (Fontana 2134).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 8 m de altura (Mori 10723), heliófila (Martinelli 20740), saxícola (Martinelli 20740), rupícola (Kuhlmann 361), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica nos Campo de Altitude e na Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos (Goldenberg and Michelangeli, 2019).
Threats Information
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al. 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al. 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Os inselbergs ou formações rochosas do Leste Brasileiro têm estreitas relações com um tipo de vegetação conhecido como campo rupestre (Alves e Kolbek, 1994). Este termo tem sido empregado para o complexo mosaico de tipos de vegetação, típico de um grande número de cadeias montanhosas no Escudo Brasileiro. Fisionômica e florísticamente, a flora saxícola do campo rupestre e a dos inselbergs estudados compartilham muitos elementos comuns. Além disso, certos elementos ligam inselbergs a formações costeiras de restinga (tipos de vegetação que ocupam planícies costeiras arenosas). Pelo fato destas formações rochosas não atraírem interesse para a agricultura, elas foram preservadas dos impactos humanos e mantiveram suas características de refúgio. Entretanto, devido ao alto grau de desmatamento da Floresta Atlântica, estas formações rochosas estão perdendo seus atributos de ilhas. É possível perceber a presença de espécies invasoras que se estabelecem por diversos mecanismos como a abertura de estradas e de clareiras como vias de acesso. Espécies exóticas como Melinis repens (Willd.) Zizka e M. multiflora P.Beauv. já se estabeleceram em diversos inselbergs do Leste Brasileiro. Para proteger esta flora diversa e singular é preciso integrar este ecossistema em todos os planos de ação para a conservação (Porembsky et al. 1998). Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importantes polos de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o Estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A. A exploração de florestas naturais no Espírito Santo teve um caráter predatório e entrou em declínio no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o esgotamento das reservas florestais nativas e com o aumento do custo de transporte de madeira proveniente de áreas mais distantes (Siqueira, et al. 2004). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Anteriormente avaliada como Criticamente em Perigo (CR) na Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli and Fraga, 2007) e como Vulnerável na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada no Parque Natural Municipal de Piraputangas (PI). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES)