Taxonomic Notes
Descrita em: Hoehnea 21: 200-201, fig. 1994.
Justification
Árvore de até 12 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Densa, associada à Mata Atlântica, no estado da Bahia, municípios de Ilhéus, Camacan e Itapebi. Apresenta distribuição restrita, EOO=1461 km², AOO=20 km², três situações de ameaça, de acordo com os municípios em que foi registrada e ocorrência exclusiva a fitofisionomia florestal muito fragmentada. A espécie é considerada rara, devido à sua distribuição geográfica restrita (Funch et al. 2009). Os ecossistemas florestais de terras baixas onde a espécie ocorre foram drasticamente afetados por atividades antrópicas altamente impactantes, como desmatamento para ampliação de áreas agrícolas e pastagens, corte seletivo de madeiras-de-lei, plantações de cana-de-açúcar, silvicultura, café, cacau, fogo, crescimento urbano e turístico desordenado (Tavares et al. 2010; Rolim e Chiarello, 2004; Alger e Caldas, 1996; Mori et al. 1983). Estimativas recentes indicam área de floresta remanescente na região sul e extremo-sul da Bahia entre 1% e 12%, dependendo da metodologia empregada (Lapig, 2019; MapBiomas, 2019). Em Itapebi, por exemplo, a espécie foi documentada uma única vez, em 1853, o que pode representar extinção local. Em Camacã e Itapebi a Mata Atlântica foi reduzida a respectivamente 1% e 8.6% da área original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Diante desse cenário, a espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat, e no número de situações de ameaça. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para regiões do estado da Bahia.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado da Bahia, municípios de Ilhéus (Sobral 7488), Camacan (Souza 412), e Itapebí (Santos 1853).
Population Information
Não existem dados sobre a população. Mesmo assim, a espécie é considerada rara, devido à sua distribuição geográfica restrita (Funch et al. 2009).
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 12 m de altura, com registros de ocorrência em Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana e Mata de Tabuleiro associadas a Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Já foi documentada em área de mata bastante alterada (Sobral 7488).
Threats Information
Nos municípios de Camacã e Itapebi, onde a espécie ocorre, a Mata Atlântica foi reduzida a respectivamente 1% e 8.6% da sua área original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). Dados publicados recentemente (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). As Florestas Úmidas do sul da Bahia possuem um longo histórico de exploração pelo homem. Inicialmente, a extração do pau-brasil e o corte seletivo de espécies madeireiras foram as atividades predominantes, sendo que a última persiste até hoje. Atualmente, vastas áreas são utilizadas para a criação extensiva de gado, o cultivo de sub-bosque de floresta nativa (Mori et al. 1983). Esse sistema de cultivo altera drasticamente a estrutura e composição da floresta, levando a um declínio de espécies de estágios sucessionais avançados e a um aumento da abundância de espécies pioneiras e secundárias iniciais (Rolim e Chiarello, 2004). A extração de lenha, a produção de carvão e o cultivo da seringueira também são atividades que contribuíram para a destruição dessas florestas (Mori et al. 1983). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente Cacau (Theobroma cacao L.), Seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), Piaçava (Attalea funifera Mart.) e Dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Nos municípios de Ilhéus, Itapebi e Uruçuca, restam cerca de 20,16%, 9,04 % e 19,01%, respectivamente, da Mata Atlântica original (Fundação SOS Mata Atlântica/ INPE, Aqui tem mata?, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Vulnerável (VU) segundo a Lista Vermelha Oficial do Brasil (MMA, 2008). A espécie foi avaliada como Em Perigo na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre na Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita, Parque Municipal Natural da Boa Esperança e Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada. A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Itororó - TER35 (BA).