Taxonomic Notes
Descrita em: Peixoto, A., 1983. Revista Brasileira de Botánica 6: 19, f.
Justification
Árvore de até 12 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019), em Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana, majoritariamente no estado de São Paulo e Paraná, havendo coletas antigas, porém recentemente identificadas para os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Sua distribuição abrange principalmente áreas no contínuo de Mata Atlântica da região Sudeste, que recobre a cadeia de montanhas da Serra do Mar (do estado do Rio de Janeiro ao norte do estado do Paraná). Recentemente, teve sua distribuição ampliada incluindo áreas do interior de Minas Gerais, apresentando AOO=128 km² e mais de 10 situações de ameaça, associadas a declínios contínuos de EOO, AOO, qualidade de habitat e de subpopulações considerando as diferentes ameaças incidentes nas localidades de ocorrência. Por exemplo, infere-se declínio de EOO, AOO e subpopulação do estado do Rio de Janeiro, considerando que a coleta validada nesse estado representa um registro antigo (1980), atualmente em área urbanizada, não tendo sido mais coletada na região de Petrópolis. Desmatamento, expansão urbana, turismo, agricultura, mineração e exploração de recursos florestais são os principais responsáveis por declínio contínuo das localidades (Fernandes et al. 2005; Rocha 2006; Lapig, 2018; DNPM, SIGMINE, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam apenas 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma. Existem poucos dados populacionais para algumas subpopulações (Oliveira et al. 2006; Pardi, 2007; Campos et al. 2011), portanto, recomendam-se pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação e projeção de declínios ou extinções locais, especialmente nas localidades onde a espécie foi coletada há mais de 20-30 anos. Além disso, são necessárias ações de manejo nas áreas de ocorrência da espécie, especialmente nas áreas protegidas, de forma a controlar e monitorar ameaças como, por exemplo, o fogo e exploração de palmito. Recomenda-se também definição de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA. O turismo de base comunitária na região de Guaraqueçaba (PR) é visto como uma atividade sustentável e de grande importância para a relação entre as comunidades e a conservação dos recursos naturais e biodiversidade locais (Camargo, 2015). Sendo assim, são necessárias e interessantes o desenvolvimento de atividades/treinamento que envolvam a comunidade local e o público visitante, abordando a ocorrência da espécie na região, seu status de conservação e potenciais ações que mitiguem o impacto do turismo e/ou outras ameaças no local.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Minas Gerais, município de Ouro Preto (Esteves CFCR15456), Lima Duarte (Forzza 4422), Passa Quatro (Meireles 2081); Rio de Janeiro, município de Petrópolis (Martinelli 6729), Rio Claro (Rigon 1237); Paraná, município de Guaraqueçaba (Hatschbach 72740); São Paulo, município de Bananal (Catharino 2053), Boracéia (Sales 22859), Campos do Jordão (Robim s.n), Cananeia (Urbanetz et al. 192), Iguape (Lohman 34), Miracatu (Souza, 36331), Intervales (Lirio s.n.), Peruíbe (Figueiredo 15644), Picinguaba (Campos 66), Salesópolis (Peixoto 2031), Santo André (Lemos s.n), São Luiz do Paraitinga (Padgurschi et al. 544) São Miguel Arcanjo (Moraes 1116), São Paulo (Hoehne s.n.), Ubatuba (Ramos 516). Ocorre em altitudes de até 800 m de altitude (CNCFlora 2012.2).
Population Information
Em estudo realizado na transição Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas e Floresta Ombrófila Densa Submontana, no núcleo Picinguaba, Parque Estadual da Serra do Mar (SNUC), foram amostrados 3 indivíduos desta espécie em uma área de 1 ha (Campos et al. 2011 apud CNCFlora 2012). Em levantamento fitossociológico realizado em uma parcela permanente da Floresta de Restinga do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, no município de Cananéia, foram amostrados 14 indivíduos em uma área de 10,24 ha (Oliveira et al. 2006 apud CNCFlora 2012 ). Em estudo realizado na floresta de Restinga no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, no Estado de São Paulo, foram amostrados um total de 3 indivíduos numa área de 5,12 ha, sendo um (1) indivíduo ocorrendo sob dossel perenifólio e dois (2) em clareira a pleno sol (Pardi, 2007 apud CNCFlora 2012).
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arvoreta 3,5-12 m de altura, perenifólia (Pardi, 2007 apud CNCFlora 2012), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km². Entre eles o Rio de Janeiro (18 ha), e São Paulo (96 ha), dois dos estados de ocorrência da espécie. O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de três hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²). Apesar dos resultados positivos indicados pela atualização do Atlas da Mata Atlântica para o período 2017-2018, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, incluindo o estado de Minas Gerais (3.379 ha), onde a espécie ocorre. Em estudo de degradação ambiental causada pela agricultura em Minas Gerais, o município de Ouro Preto obteve um índice de degradação ambiental de 84% (Fernandes et al. 2005). O município de Boracéia (SP), com cerca de 12.211 ha, contém 58% de sua área convertida em agricultura (Lapig, 2019). A cidade de Ouro Preto foi fundada e desenvolvida a partir do descobrimento de depósitos de ouro aluvionar no final do século XVII, tendo rapidamente se tornado o segundo maior centro populacional na América Latina e a capital da província de Minas Gerais. O auge da corrida do ouro ocorreu durante os primeiros quarteis do século XVIII com intensas atividades mineradoras subterrâneas e a céu aberto, em vales e encostas. A partir do século XIX e início do seculo XX a cidade sofreu um esvaziamento econômico e político devido à mudança da capital do estado para Belo Horizonte. O desenvolvimento retornou em 1950 em Ouro Preto com as atividades de mineração de ferro (Sobreira e Fonseca, 2001). Ainda há muitos documentos recentes sobre áreas a serem mineradas no município de Ouro Preto, incluindo minério de ferro, pirita, quartzito (DNPM, SIGMINE, 2019). Na região do Vale do Ribeira é conhecida a degradação da floresta por palmiteiros. Há registro de atuação de palmiteiros e conflito com guarda-parques da Fundação O Boticário no município de Guaraqueçaba (Rocha 2006), ou funcionários do IBAMA/ICMBio na região do Parque Estadual Carlos Botelho (Agência Estado, 2001) e Parque Estadual Ilha do Cardoso (Cananeia) (Silva 2014). O aumento da frequência de incêndios na Serra dos Órgãos, que inclui a região do município de Petrópolis (IBAMA, 2014; ICMBio, 2014a, 2014b) representa uma ameaça à espécie.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi avaliada nacionalmente como Quase Ameaçada (CNCFlora 2012). Anteriormente a espécie esteve incluída no Anexo I da Instrução Normativa nº 6, de 23 de Setembro de 2008 (MMA, 2008 apud CNCFlora 2012) sendo considerada oficialmente ameaçada de extinção e, avaliada como Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida pela Fundação Biodiversitas (Fundação Biodiversitas, 2005 apud CNCFlora 2012). A espécie foi registrada na Área de proteção Ambiental Cachoeira das Andorinhas (US), Área de proteção Ambiental Carapiá (US), Área de proteção Ambiental Bacia de Guaraqueçaba (US), Área de Proteção Ambiental de Petrópolis (US), Área de proteção Ambiental Bacia de Cananéia-Iguapé-Peruíbe (US), Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar (US), Área de Proteção Ambiental Campos de Jordão (US), Área de proteção Ambiental Serra da Mantiqueira (US), Estação Ecológica Bananal (PI), Estação Ecológica Juréia-Itatins (PI), Monumento Natural Municipal do Pico do Itaguaré (PI), Parque Estadual de Campos de Jordão (PI), Parque Estadual Carlos Botelho (PI), Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PI), Parque Estadual da Serra do Mar (PI), Parque Nacional da Serra da Bocaina (PI), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PI), Parque Estadual de Intervales (PI), Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba (PI). São necessárias ações de manejo nas áreas de ocorrência da espécie, especialmente nas áreas protegidas, de forma a controlar e monitorar ameaças incidentes como, por exemplo, o fogo e corte de palmito. Recomenda-se coleta e conservação de recursos genéticos da espécie tendo em vista conservação da sua diversidade genética em caso de potenciais reduções populacionais dirigidas por fragmentação dos habitats e/ou extinções locais. O turismo de base comunitária na região de Guaraqueçaba (PR) é visto como uma atividade sustentável e de grande importância para a relação entre as comunidades e a conservação dos recursos naturais e biodiversidade locais (Camargo, 2015). Sendo assim, são necessárias atividades que envolvam a comunidade local e o público visitante, abordando a ocorrência da espécie na região, seu status de conservação e potenciais ações que mitiguem o impacto do turismo e/ou outras ameaças no local.