Taxonomic Notes
Descrita em: Perkins, J., 1900. Botanische Jahrbücher für Systematik, Pflanzengeschichte und Pflanzengeographie 27(5): 659.
Justification
Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019), em Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana e em Floresta Ombrófila Mista, majoritariamente no estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, havendo ocorrências esparsas também nos estados de Minas Gerais e Bahia. Sua distribuição abrange principalmente áreas no contínuo de Mata Atlântica da região Sudeste, que recobre a cadeia de montanhas da Serra do Mar (desde Serra dos Órgãos no estado do Rio de Janeiro até o sul do estado de São Paulo). Recentemente, teve sua distribuição ampliada incluindo áreas do interior de Minas Gerais e Bahia, apresentando AOO=172 km² e mais de 10 situações de ameaça, associadas a declínios contínuos de EOO, AOO, qualidade de habitat e de subpopulações. Desmatamento, expansão urbana, turismo, pecuária e agricultura (Fernandes et al. 1999; Mendes, 2010; Lapig, 2018; Lapig, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são os principais responsáveis por declínio contínuo. O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam apenas 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma. Apesar dos resultados positivos pela adesão de estados à política de desmatamento zero da Mata Atlântica, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, entre eles, dois estados de ocorrência da espécie, Minas Gerais com 3379 ha e Bahia com 1985 ha desmatados no último período entre 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie foi avaliada como Menor preocupação (LC) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (Martinelli e Moraes, 2013) e poderia ser mantida nessa categoria, com base na recente revisão detalhada das coleções, adição de coletas e ampliação da sua distribuição geográfica. Entretanto, considerando o declínio inferido a partir da recente atualização do nível de desmatamento da Mata Atlântica, assume-se uma abordagem de precaução, mantendo a espécie na categoria Quase Ameaçada (NT), uma vez que dois dos estados de ocorrência ainda não mantiveram o compromisso com a taxa de desmatamento zero. Existem poucos dados populacionais para algumas subpopulações (Padgurschi, 2011; Saiter et al. 2011), portanto, recomendam-se pesquisa sobre tamanho e tendência populacional, para avaliação e projeção de declínios ou extinções locais, especialmente nas localidades onde a espécie foi coletada há mais de 20-30 anos. Além disso, são necessárias ações de manejo nas áreas de ocorrência da espécie, especialmente nas áreas protegidas. Recomenda-se também definição de possíveis ações de conservação ex-situ de acordo com os requerimentos ecológicos da espécie, e avaliação da possibilidade de coleta e estoque de material em banco de sementes e/ou DNA.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, município de Camacan (Amorim 7459); Espírito Santo, município de Santa Teresa (Kollmann 6918), Cachoeiro de Itapemirim (Ferreira, 1360), Santa Maria de Jetibá (Lírio 202); São Paulo; município de Juquiá (Barreto 3303), Salesópolis (Custódio-Filho 2710), Itanhaém (Cielo Filho et. al. 439), Ilhabela (Campos et al. 158), São Luiz do Paraitinga (Marchiori 470), Caraguatatuba (Stefani s.n), Biritiba-Mirim (Custodio Filho 1518); Rio de Janeiro, município do Rio de Janeiro (Lima s.n.), Nova Friburgo (Pessoa 504), Petrópolis (Lima 627), Magé (Martinelli 10524), Rio Claro (Rigon 1220), Mangaratiba (Pinto 21), Paraty (Rigon 1505); Minas Gerais, município de Santa Maria do Salto (Lombardi 5398).
Population Information
Em estudo sobre a composição e similaridade florística entre duas áreas de Floresta Atlântica Montana, no Estado de São Paulo, foram amostrados 23 indivíduos em uma área de 1 ha (Padgurschi, 2011 apud CNCFlora 2012). Em levantamento realizado em dois períodos diferentes, entre 1992/1993 e 2003/2004, em Floresta Atlântica Montana, na Estação Biológica de Santa Lúcia, no Estado do Espírito Santo, esta espécie apresentou 7 indivíduos em ambos os períodos, não havendo variação do número de indivíduos entre os períodos estudados (Saiter et al. 2011 apud CNCFlora 2012). A espécie foi considerada abundante em São Luiz do Paraitinga (Padgurschi et al. 914).
Habitat and Ecology Information
Árvore 2,5-14 (20) m, ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km². Entre eles, tres dos estados de ocorrência da espécie: Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), e São Paulo (96 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, entre eles Minas Gerais (3.379 ha) e Bahia (1.985 ha) onde a espécie ocorre. O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 ha nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²). O município de Santa Maria do Salto (MG), com 40.060 ha, contém cerca de 50% (20.147 ha) de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2019). O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Juquiá (SP), localizado no Vale do Ribeira, faz parte do maior contínuo de remanescentes da Mata Atlântica na região da Serra do Mar, apresenta 5.755 ha de área convertida em pastagem (Lapig, 2019), porém ainda apresenta 62,72% (50.973 ha) de Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata, 2019). Historicamente, no município de Nova Friburgo e na localidade de Alto Macaé, que está incluída na APA de Macaé de Cima, praticava-se agricultura de subsistência e de base familiar em pequenas e médias propriedades, com plantio de feijão, mandioca e hortaliças e, em menor quantidade, criação de animais (Mendes, 2010). Devido à beleza cênica, Nova Friburgo se tornou um local de atração turística, e como consequência, houve uma substituição das atividades agropecuárias por atividades vinculadas ao turismo. Propriedades destinadas à agricultura foram substituídas por pousadas, hotéis, restaurantes e casas de veraneio (Mendes, 2010). Turismo no litoral sudeste, especialmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro representam ameaças a espécie (Barbosa et al. 2010). A espécie ocorre em localidades do município do Rio de Janeiro, em áreas pressionadas pela expansão urbana como Corcovado, Mata do Sumaré, Parque Nacional da Tijuca. A expansão da área urbana formal e informal da cidade do Rio de Janeiro sobre o maciço da Tijuca constitui o principal e mais antigo vetor de transformação da estrutura da paisagem. A ocupação espontânea do tipo favela ganha destaque pela característica peculiar de instalar-se, geralmente, em lugares menos privilegiados em relação à probabilidade de problemas erosivos, como áreas de grande declividade no sopé de afloramentos rochosos (Fernandes et al. 1999).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Em avaliação de risco de extinção nacional mais recente, a espécie foi avaliada como Quase Ameaçada (CNCFlora 2012). Anteriormente, foi considerada como Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida pela Fundação Biodiversitas (Biodiversitas, 2005). A espécie foi listada no Anexo II da Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008 (MMA, 2008), avaliada como espécie com dados insuficientes (DD). Anteriormente, foi considerada localmente Extinta (EX) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004) e Espécie considerada Em Perigo (EN) pela Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli and Fraga, 2007). A espécie foi registrada na Área de Proteção Ambiental da Pedra Branca (US), Área de proteção Ambiental da Bacia do Rio São João - Mico Leão (US), Monumento Natural Municipal do Pico do Itaguaré (PI), Reserva Biológica Augusto Ruschi (PI), Refúgio Estadual de Vida Silvestre Mata dos Muriquis (PI). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Rio de Janeiro - 32 (RJ), Território Vargem Alta - 33 (ES), Território Santa Leopoldina - 33 (ES), Território Santa Teresa - 33 (ES) e Território Itororó - 35 (BA). Recomenda-se pesquisa sobre o tamanho e tendência populacional (por exemplo, sobre declínio potencial de habitat ou subpopulações). E, considerando que a espécie foi registrada recentemente, recomenda-se a análise de matrizes, coleta e conservação de recursos genéticos da espécie tendo em vista a conservação da sua diversidade genética em caso de potenciais reduções populacionais dirigidas por fragmentação dos habitats e/ou extinções locais.