Taxonomic Notes
Descrita em: Vattimo-Gil, I., 1959. Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 16: 42. Ocotea basicordatifolia tem semelhança com o grupo de O. velutina pelas características do indumento, porém, no aspecto geral lembra mais algumas espécies de Endlicheria (Rohwer, 1986). É caracterizada pelos ramos cilíndricos, ferrugíneo-tomentosos. Folhas alternas, coriáceas, obovadas a largo-elípticas. Inflorescência racemosa, ferrugíneo-tomentosa. Flores diclinas, tépalas com face ventral e dorsal ferrugíneo-tomentosas, papilosas. Fruto bacáceo, elíptico a ovalado pareliforme de margem simples tabacaeiro (Quinet, 2008).
Justification
Árvore de até 6 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Densa associada à Mata Atlântica, nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Apresenta distribuição restrita, AOO=24 km², três situações de ameaça e ocorrência exclusiva em fitofisionomia florestal fragmentada. Em Minas Gerais, a espécie foi documentada uma única vez em 1941, e desde então, nenhuma nova ocorrência foi documentada. Sabe-se que perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil, incluindo São Paulo, onde a espécie ocorre predominantemente, e os maiores centros industriais e de silvicultura, encontram-se inseridos na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). O estado de São Paulo, onde a espécie foi mais frequentemente documentada, apresenta atualmente 13,7% da Mata Atlântica original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome que abriga 19 milhões de habitantes, ocupa a 4ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo, uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018). Mesmo em áreas protegidas, ocorrem ameaças como invasões de populações marginalizadas (favelização de manguezais e encostas), especulação imobiliária, mineração, extrativismo vegetal clandestino, caça e pesca predatórias, lixões, poluição da água, mar, ar e solo e chuva ácida sendo essas ameaças permanentes à conservação dos remanescentes da Mata Atlântica no estado de São Paulo (Borelli, 2006; Costa, 1997). Assim, Ocotea basicordatifolia foi considerada Em Perigo (EN) de extinção neste momento. Infere-se declínio contínuo em EOO (possível extinção local em Minas Gerais), AOO, extensão e qualidade do habitat. Devem ser incentivadas ações de pesquisa (distribuição e censo populacional) e conservação (in situ e ex situ, inclusão em Plano de Ação e Planos de Manejo) para garantir sua perpetuação na natureza. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para São Paulo.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Minas Gerais, município de Tombos (Oliveira 356), e São Paulo, municípios de Caraguatatuba (Gentry 49372), Ribeirão Pires (Hoehne 1215), Santo André (Kirizawa 2538), São Paulo (Kuhlmann S.N).
Population Information
Não há dados populacionais para a espécie.
Habitat and Ecology Information
Árvore de 6 m de altura, dióica. Foi documentada em Floresta Ombrófila associada a Mata Atlântica (Flora do Brasil 2019, Quinet 2008).
Threats Information
O estado de São Paulo originalmente possuía aproximadamente 81,8% (20.450.000 ha) de seu território recoberto por Mata Atlântica e seus ecossistemas associados. Hoje, a Mata Atlântica no estado representa cerca de 18% da remanescente no Brasil, concentrando-se ao longo do litoral e encostas da Serra do Mar, significando cerca de 8,3% da área do Estado e 83,6% da vegetação nativa ainda existente no estado. Mesmo em áreas protegidas ocorrem ameaças como invasões de populações marginalizadas (favelização de manguezais e encostas), especulação imobiliária, mineração, extrativismo vegetal clandestino, caça e pesca predatórias, lixões, poluição da água, mar, ar e solo, e chuva ácida, sendo essas ameaças permanentes à conservação dos remanescentes da Mata Atlântica no estado de São Paulo (Costa, 1997). São Paulo, maior cidade do Brasil desde a década de 60, é hoje o mais poderoso polo de atividades terciárias do país e sua população se aproxima da cifra dos 11 milhões de habitantes, distribuídos pelos 1.509 km² de seu município, que se divide em 31 subprefeituras e estas, em 96 distritos. São Paulo também é o centro da região metropolitana de mesmo nome, que, com seus 19 milhões de habitantes, ocupa a 4ª posição no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo. São 39 municípios, incluindo o da capital, 8.051 km² e uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão (Prefeitura de São Paulo, 2018). Caraguatatuba (SP), assim como outros municípios do litoral paulista (Serra do Mar) possuí forte apelo à implantação de empreendimentos imobiliários turísticos, representados, principalmente, pelas residências secundárias. Especulação imobiliária, loteamentos irregulares, turismo predatório, assentamentos clandestinos, e crescimento demográfico com significativo movimento migratório, são elementos que tipificam o processo de urbanização que vem ocorrendo de forma desordenada na região (Borelli, 2006). Segundo Quinet (2008), a espécie encontra-se em perigo por possuir uma extensão estimada menor que 500 km² e conhecida em apenas poucas localidades. O município de Tombos, com 28512 ha, tem 62% (17713 ha) de seu território convertido em pastagens (Lapig, 2019). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Anteriormente avaliada como Em Perigo (EN) segundo a Lista Vermelha da IUCN (Varty 1998). Também avaliada na Lista vermelha da flora de São Paulo como Em Perigo (EN) (SMA-SP, 2004), na Lista vermelha da flora do Brasil como Vulnerável (VU) (MMA, 2008), e na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção como Em Perigo (EN) (MMA, 2014). Foi documentada nas seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Parque Estadual da Serra do Mar e Área de Proteção Ambiental Água Santa de Minas. A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território São Paulo - SP (TER20).