Taxonomic Notes
Descrita em: Bentham, G., & Hooker, J., 1876. Genera Plantarum 2: 653. Popularmente conhecida por Guapeba e Marmeleiro-do-mato (Bentham e Hooker 1876).
Justification
Árvore de até 30 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2019). Popularmente conhecida por Guapeba, Fruta-do-imperador, Marmeleiro-do-mato, e Royal Tree (em inglês), foi documentada em Floresta Ombrófila, bem conservada, associada à Mata Atlântica, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta distribuição ampla, com EOO=148876 km², porém esparsa e restrita às florestas pouco perturbadas, com AOO=60 km², quatro situações de ameaça e ocorrência exclusiva a fitofisionomia florestal fragmentada. Juntamente com o pau-brasil, Chrysophyllum imperiale é uma das árvores mais importantes da história do Brasil. De madeira muito dura e frutos saborosos, era apreciada pelo Imperador D. Pedro I, e igualmente pelo seu filho, D. Pedro II, que enviou mudas para vários jardins botânicos do mundo. Ainda durante o segundo Império já era rara, devido à retirada seletiva de sua madeira para construção de navios (Foyos 2009). Sabe-se que a perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF 2001). Considerando-se o exposto, portanto, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat e no número de situações de ameaça e indivíduos maduros, ante a retirada seletiva histórica verificada para esta icônica espécie. Assim, Chrysophyllum imperiale foi considerada Em Perigo (EN) novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (localização de novas subpopulações, censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes, a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois extinções locais podem ampliar seu risco de extinção ainda mais acentuadamente. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN), previsto para sua região de ocorrência.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios de Ilhéus (Hage 1326), Itapebí (Pinheiro 427); Minas Gerais, nos municípios de Juiz de Fora (Brade 14120), Marliéria (Rego s.n.), Rio Novo (Schwacke 11845); Rio De Janeiro, nos municípios de Guapimirim (Martinelli 9974), Rio de Janeiro (Glaziou 20402), São José de Ubá (Nascimento 1692); e São Paulo, no município de São Paulo (Souza s.n.). Na Flora do Brasil 2020, a ocorrência no estado da Bahia ainda não é reconhecida.
Population Information
Svorc (2007) encontrou somente um indivíduo em 1.000 m² de parcelas, usando critério de inclusão diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm e altura superior a 2 m. Biodiversitas (2005) cita frequência de ocorrência como esparsa.
Habitat and Ecology Information
Árvores de 10-29 m de altura (Stehmann 2945), com fuste cilíndrico de 35-45 cm de diâmetro (Tropical Plants Database 2019). Ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Pluvial (Flora do Brasil 2019).
Threats Information
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino 2003). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF 2001). O município de Ilhéus com 158277 ha tem 0,10% de seu território (160 ha) transformado em agricultura. O município de Juiz de Fora com 143566 ha possui 16054 ha que representam 16% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica/INPE - Aqui tem Mata 2019). O município de São José de Ubá com 25028 ha tem 73% de seu território (18417 ha) convertidos em pastagem (Lapig 2018).
Use and Trade Information
A árvore às vezes é colhida na natureza por seus frutos comestíveis e sua madeira que são usados localmente (Tropical Plants Database 2019). É apropriado para fazer brinquedos, carrinhos, caixas etc (Tropical Plants Database 2019).
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na Unidade de Conservação Parque Nacional da Tijuca (PI), Parque Estadual do Rio Doce (PI), Área de Proteção Ambiental de Petrópolis (US), Área de proteção Ambiental Carapiá (US), Área de Proteção Ambiental da Pedra Branca (US). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018).