Taxonomic Notes
Descrita em: Flora Neotropica, Monograph 52: 208–210, f. 39B. 1990. Arbustos ou Árvores pequenas. Suas folhas densamente coriáceas, obovadas e emarginadas com face abaxial intensamente serícea, vermelho-ferrugíneo, corola e frutos pequenos (Pennington, 1990).
Justification
Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2019). Foi documentada em Campo Rupestre, Vegetação sobre afloramentos rochosos, Restinga e Floresta Ombrófila associadas ao Cerrado, à Mata Atlântica e à Caatinga nos estados da Bahia e Sergipe. Apresenta distribuição ampla, EOO=111.692 km², AOO=168 km², constante presença em herbários, grande amplitude de habitat em três biomas distintos e registros de ocorrência confirmados dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral, como o Parque Nacional da Chapada Diamantina, onde é frequente (4 indivíduos/0,16 ha) (Neves e Conceição 2010). Apesar disso, ocorre em algumas localidades bastante afetadas pela ação humana, como especulação imobiliária, extração de areia, turismo predatório, avanço da fronteira agrícola e introdução de espécies exóticas nas Restingas e florestas costeiras (Hay et al. 1981, Rocha et al. 2007, Siqueira et al. 2002), além de impactos severos também em áreas de Campos Rupestres (Kolbek e Alves 2008, Silveira et al. 2016), podendo, portanto, vir a ser ameaçada de extinção em um futuro próximo. Diante desse cenário, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção nesta ocasião. Sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat ou populacional em futuro próximo, diminuindo o número de situações de ameaça para menos de 10, caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria Vulnerável (VU). Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação), a fim de garantir sua perpetuação na natureza. É crescente a demanda para a implementação de Planos de Ação Nacional (PAN), em territórios situados ao longo da distribuição conhecida de Micropholis emarginata.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil e ocorre nos estados: Bahia, nos municípios de Andaraí (Harley 18775), Belmonte (Folli 7363), Camaçari (Silva s.n.), Canavieiras (Hage 890), Conde (Gomes 728), Entre Rios (Mori 14174), Ibicoara (Pimenta 462), Ilhéus (Thomas 9736), Itanagra (Schulte 331), Lençóis (754), Maraú (Carvalho 6736), Mucugê (Fonseca 42), Palmeiras (CFCR14189), Una (Callejas 1759); Sergipe, nos municípios de Pirambu (Fonseca 499) e Santo Amaro das Brotas (Fonseca 595).
Population Information
Foram registrados 4 indivíduos/0,16 ha de M. emarginata em um estudo no Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), município de Lençóis, Bahia (Neves e Conceição 2010).
Habitat and Ecology Information
Micropholis emarginata uma árvore, arvoreta ou arbusto de até 10 m de altura, ocorrendo em algumas fisionomias da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Folhas descoloras com face dorsal ferrugínea. Flores com cálice ferrugíneo, corola creme (Callejas 1759).
Threats Information
A Restinga é um ambiente naturalmente frágil (Hay et al. 1981), condição que vem sendo agravada pela forte especulação imobiliária, pela extração de areia e turismo predatório, além do avanço da fronteira agrícola, introdução de espécies exóticas e coleta seletiva de espécies vegetais de interesse paisagístico. A pressão exercida por essas atividades resulta em um processo contínuo de degradação, colocando em risco espécies da flora e da fauna (Rocha et al. 2007). Atualmente, a cobertura vegetal original remanescente da Região dos Lagos é menor que 10% (SOS Mata Atlântica 2018). As Unidades de Conservação até então existentes não foram suficientes e capazes de deter a forte pressão antrópica sobre os ambientes, especialmente pelas ações ligadas à especulação imobiliária e à indústria do turismo (Carvalho 2018). As imagens de satélite mostram o litoral de Sergipe, o litoral norte e boa parte do litoral sul da Bahia cobertos por extensas áreas de cultura de coqueiro (Cocos nucifera), uma planta introduzida inicialmente na Bahia pelos portugueses no século XVI, que se espalhou rapidamente por todo litoral do nordeste brasileiro (Siqueira et al. 2002). As restingas e as florestas de baixada da Bahia e Sergipe estão sendo drasticamente devastadas para ceder lugar às plantações de coqueiro (M. Gomes com. pess.). Dados publicados recentemente (SOS Mata Atlântica e INPE 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE 2018). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves 2008, Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves 2008). A pecuária é uma das principais fontes de renda e subsistência para os habitantes da Caatinga (Antongiovanni et al. 2018). Em geral, bovinos, caprinos e ovinos são criados em regime de liberdade, tendo acesso à vegetação nativa como base de sua dieta (Marinho et al. 2016). Na Caatinga e em outras regiões semiáridas, o pastejo tem sido associado à compactação do solo, redução na sobrevivência de plântulas e mudas, consumo de biomassa de dossel, alteração da riqueza e composição das plantas (Marinho et al. 2016). Além disso, a sinergia entre o efeito do gado pastando em remanescentes semiáridos e a invasão de espécies exóticas tem sido relatada (Hobbs 2001). A pecuária é um distúrbio crônico na Caatinga que tem efeitos negativos sobre a diversidade de plantas (Ribeiro et al. 2015).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie ocorre em Unidades de Conservação: Área de proteção Ambiental Baía de Camamu (US), Área de proteção Ambiental Marimbus/Iraquara (US), Parque Nacional da Chapada Diamantina (PI) e Refúgio de Vida Silvestre de Una (PI). A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Mucugê - TER40 e Território Itororó - TER35.