Taxonomic Notes
Descrita em: Pennington, T., 1981. Flora Neotropica, Monograph 28: 185–187, f. 38, map 37.
Justification
Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada nos estados da Bahia, de Espírito Santo, e de Minas Gerais. Apresenta AOO= 76 km² e está sujeita a nove situações de ameaça. O desmatamento, mineração, pecuária e agricultura (Alger e Caldas, 1996; Araujo e Rocha, 1998; Pires O'Brien, 1998; Oliveira et al. 2008; MPF, 2017; Soares et al. 2017; Lapig, 2019; SOS Mata Atlântica/INPE, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO e qualidade do habitat. A espécie foi considerada Em Perigo (EN) de extinção em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014) mas a recente atualização da coleção e novas coletas aumentaram a distribuição da espécie e o número de situações de ameaça para além dos limiares da categoria EN. Portanto, a espécie passa a ser avaliada como Vulnerável (VU), de acordo com sua área de ocupação e declínio contínuo. A espécie ocorre no Parque Estadual do Rio Doce, no município de Marliéria (MG) e também no município de Colatina (ES), áreas consideradas diretamente afetadas pela onda de rejeitos da barragem (MPF, 2017). Estudos recentes consideraram o impacto dos rejeitos nos ecossistemas hidrológicos e marinhos (Carmo et al. 2017), entretanto ainda não são conhecidos os efeitos da contaminação do solo por resíduos minerários e efeitos sob as espécies florestais (Guerra et al. 2017). Além disso, a perda de habitat no raio do desastre atingiu mais de 1000 ha de florestas semidecíduas (Soares et al. 2017). Portanto, recomendam-se pesquisa (sobre tamanho e tendências populacionais após o desastre) e monitoramento das subpopulações, bem como o manejo dos habitas potenciais da espécie, restauração das áreas atingidas e estabelecimento de um programa de conservação ex situ.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, município de Guaratinga (Pinheiro 2061), Itamaraju (Mori 10713), Eunápolis (Santos 912); Minas Gerais, município de Rio Casca (Kuhlmann 2293), Viçosa (1623), Marliéria (sem coletor, s.n.); e Espírito Santo, município de Águia Branca (Magnano et al. 640), Colatina (Magnago et al. 788), Marilândia (Demuner 4270), Santa Teresa (Assis et al. 962), Santa Leopoldina (Demuner 4161), São Domingos do Norte (Assis e Faria 1688), Governador Lindenberg (Magnago et al. 685), Cachoeiro de Itapemirim (Sucre 8948). Coletada em altitudes de 600 m (Boone 216).
Population Information
Não existem dados sobre a população. Porém considerou-se que a espécie é conhecida de poucas coleções (Pires O'Brien, 1998).
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 10 m de altura (Santos 912), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019), especificamente em interior de mata (Magnago et al. 788)
Threats Information
Destruição da floresta é uma ameaça severa e contínua (Pires O'Brien, 1998). O mais atualizado Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 km², incluindo o Espírito Santo (19 ha). Mas apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento, incluindo Minas Gerais (3.379 ha) e Bahia (1.985 ha), onde a espécie ocorre. O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²). A espécie ocorre na região do Vale do Rio Doce, incluindo registro no Parque Estadual Rio Doce (município de Marliéria), que foi atingido pelo desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério (Barragem Fundão) no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana, ocorrido em 2015 (MPF, 2017; Soares et al. 2017). Neste que foi o maior desastre da história da mineração, foram diretamente destruídos mais de 1400 ha de floresta semidecidual (Soares et al. 2017). Estudos recentes consideraram o impacto dos rejeitos nos ecossistemas hidrológicos e marinhos (Carmo et al. 2017), no entanto, apesar de conhecido o impacto da perda de habitats no raio do desastre, atingindo mais de 100 ha de florestas semidecíduas (Soares et al. 2017), ainda não são conhecidos os efeitos da contaminação do solo por resíduos minerários e efeitos sob as espécies florestais (Guerra et al. 2017). O município Rio Casca com 38.436 ha tem 60% (23.290 ha) de sua área convertida em pastagem (Lapig, 2019). O município de Itamaraju tem 51,5% de seu território (121.781 ha) transformado em pastagem (Lapig, 2019). O município de Viçosa com 29942 ha tem 51% de seu território (15321 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018). O município de Cachoeiro de Itapemirim com 87818 ha tem 48% de seu território (41718 ha) convertidos em pastagens (Lapig, 2018). O município de Guaratinga, com cerca de 218.972 ha, contém 38,27% de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2018). O município de Eunápolis com 142.595 ha tem 35% de seu território (50.615 ha) convertidos em pastagem Lapig, 2018). O município de Santa Leopoldina (ES), com cerca de 71.809 ha, contém 17,4% de sua área convertida em pastagens (Lapig, 2018). Segundo Oliveira et al. (2008) as cabrucas foram descaracterizadas e os fragmentos florestais foram perturbados para o cultivo do cacau na região sul da Bahia (que inclui o município de Itamaraju) devido ao desmatamento, e pelo elevado grau de fragmentação e perturbação da cobertura vegetal. A redução do preço do cacau, aliado ao ataque da praga da vassoura de bruxa, levou os produtores a realizarem o corte e espécies arbóreas para exploração da madeira, ou substituição das áreas de cabruca por cultivos de café ou pastagens extensivas para criação de gado (Alger and Caldas, 1996). Os remanescentes florestais do Sul da Bahia estão fortemente ameaçados, além da grave crise da cultura do cacau, estes remanescentes também sofrem impactos da atividade de pecuária extensiva, café, pupunha e exploração madeireira (Araújo e Rocha, 1998).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Vulnerável (VU) pela Lista Vermelha da IUCN (Pires O´Brien, 1998), e como Em Perigo (EN) na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada no Parque Estadual do Rio Doce (PI). Recomenda-se pesquisa sobre tamanho e tendencias populacionais após o rompimento das barragens, verificando possíveis declínios de localidade de subpopulações, bem como o manejo do habitas potenciais da espécie e restauração das áreas atingidas. A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES) e Território CentroMinas - 10 (MG).