Taxonomic Notes
Descrita em: Bot. Jahrb. Syst. 76(2): 160. 1954 [Jan 1954]
Justification
Árvore de até 8 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila, associada à Mata Atlântica, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apresenta distribuição relativamente ampla, porém restrita à fitofisionomia florestal muito fragmentada, cinco situações de ameaça, considerando-se as regiões geográficas em que foi documentada, e AOO=64 km². Ocorre de maneira disjunta, com um grupo de subpopulações ocorrendo principalmente no Paraná e outro, no nordeste do Rio Grande do Sul e sudeste de Santa Catarina. Aparentemente, suas subpopulações não são abundantes (Steenbock et al. 2011; Siminski et al. 2011). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam somente 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. Restam entre 7%-22% da Mata Atlântica original nos estados em que a espécie foi documentada (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019), todos posicionados entre os 10 maiores responsáveis pela desmatamento contínuo verificado na Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A criação de gado é uma ameaça a biodiversidade no sul do Brasil (Overbeck et al. 2009). Entre os municípios de ocorrência da espécie, São Francisco de Paula tem altos índices de desmatamento, o quarto maior do país, e todos apresentam extensões significativas de florestas convertidas em pastos (Lapig, 2019). A contaminação biológica por Pinus sp. e outras exóticas/invasoras na Serra do Ibitiraquire (PR), que há poucos anos atingia apenas montanhas de menores altitudes, já é verificada em trechos mais elevados e em setores mais distantes das áreas antropizadas (Mocochinsky e Scheer, 2008). Ainda, turismo desordenado (Mocochinsky e Scheer, 2008) e silvicultura em larga escala (Lapig, 2019) promovem desmatamentos e a redução na cobertura de vegetação nativa nos estados em que Roupala asplenioides foi registrada. Diante desse cenário, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade do habitat. Assim, E. asplenioides foi considerada Em perigo (EN) de extinção novamente. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Paraná, Município de Guaratuba (Hatschbach 21275); Rio Grande do Sul, Municípios de Bom Jesus (Rodrigues 98), Cambará do Sul (Waechter 1808), São Francisco de Paula (Rambo 49423), São José dos Ausentes (Barboza 4191), Vacaria (Sobral 8124); Santa Catarina, Municípios de Bom Jardim da Serra (Reitz 7453), Bom Retiro (Reitz 2689), Garuva (Korte 6259), Orleans (Kassner-Filho 2641), São Joaquim (Smith 14398), Urubici (Falkenberg 7956).
Population Information
Em dois estudos realizados em Santa Catarina foram encontrados oito indivíduos (Steenbock et al. 2011) e nove indivíduos (Siminski et al. 2011), em 0,8 ha de floresta secundária de formação florestal ombrófila mista.
Habitat and Ecology Information
Árvore com 8 m (Felitto 783), que habita a Floresta Ombrófila na Mata Atlântica (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
A criação de gado é uma ameaça à biodiversidade no sul do Brasil. O pastejo excessivo resulta em diminuição na cobertura do solo e em riscos de erosão, além de substituição de espécies forrageiras produtivas por espécies que são menos produtivas e de menor qualidade, ou até mesmo na perda completa das boas espécies forrageiras. Em 1996, 7 milhões ha na Região Sul do Brasil eram utilizados com pastagens cultivadas, principalmente com espécies não-nativas (Overbeck et al. 2009). A Mata Atlântica do Rio Grande do Sul remanescente é de 7,33% (SOS Mata Atlântica; INPE, 2009). Entre os municípios de ocorrência da espécie, São Francisco de Paula tem altos índices de desmatamento da Mata Atlântica, o quarto maior do país, tendo suprimido 40,09 km² entre 2002 a 2008 (MMA e IBAMA, 2010). O município de São Francisco de Paula, com 327295 ha, tem 80% de seu território ocupado com floresta plantada (45257 ha), lavoura de milho (3000 ha), soja (1500 ha), pastagem (213939 ha) (Lapig, 2019). A conduta inadequada de pessoas em atividades recreativas vem causando impactos significativos aos campos de altitude do Paraná. Os mais comuns são o estabelecimento descontrolado de áreas de acampamento, abertura de trilhas e atalhos, uso inadequado do fogo e coleta de espécies vegetais para uso ornamental. Os impactos resultantes podem ser agravados com o estabelecimento de espécies exóticas invasoras nas áreas impactadas, que tendem a se propagar com maior vigor que a vegetação nativa em regeneração (Mocochinsky e Scheer, 2008). O município de Cambará do Sul com 120865 ha, tem 69% de seu território ocupado com floresta plantada (25669 ha), lavoura de milho (450 ha), pastagem (57317 ha) (Lapig, 2019). Cerca de 61% da cobertura vegetal do município de Bom Jesus é área de pastagem (Lapig, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
Considerada Rara pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995). A espécie foi anteriormente avaliada como Em Perigo (EN) no Livro Vermelho do CNCFlora 2013 e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território 24 (SC). A espécie foi coletada no Parque Nacional dos Aparados da Serra (Waechter, 1808).