Taxonomic Notes
Descrita em: Bol. Mus. Goeldi Hist. Nat. Ethnogr. 5, 353, 1909.
Justification
Árvore de altura não definida, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi registrada em Floresta de Terra Firme associada a Amazônia, presente nos estados do Amazonas, município de Parintins, e Pará, municípios de Marabá, Óbidos e São Félix do Xingu. Apresenta distribuição ampla, EOO=142.856 km², porém possui especificidade de habitat, AOO=16 km², baixa frequência de coletas em fitofisionomia florestal fragmentada, e quatro situações de ameaça, estimadas com base na situação distinta observada entre os extremos norte e sul de sua distribuição, sujeitos a modificações de uso de solo diferentes em escala e intensidade. Além disso, a espécie só foi registrada uma vez no Amazonas em 1935, e todas as coletas disponíveis realizadas no Pará foram realizadas de forma esparsa e fora de áreas protegidas, o que a levou a ser considerada uma espécie rara pelo especialista. O desmatamento descontrolado para a abertura de pastagens (Lapig, 2020a,b,c,d) e o estabelecimento de lavouras do agronegócio, duas forças econômicas preponderantes na expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira, representa a maior ameaça a perpetuação da espécie (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Diante desse cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat, no número de situações de ameaça, e no número de indivíduos maduros. Assim, Annona angustifolia foi considerada Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. Foi registrada em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies—Todos Contra a Extinção: Território PAMATO — 1 (PA).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Amazonas, no município de Parintins, e no estado do Pará, nos municípios Marabá, Óbidos e São Félix do Xingu.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada como rara (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore de altura não registrada. Ocorre na Amazónia, em Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside 2001, Simon e Garagorry 2005, Nepstad et al. 2006, Vera-Diaz et al. 2008, Domingues e Bermann 2012). Em São Félix do Xingu, ocorreram diversas intervenções para alteração de modelos de produção alternativos, com sistemas de produção diversificados e princípios agroecológicos (Schmink et al. 2019). Segundo os autores, essa transição mostrou-se falha devido à falta de apoio governamental, tornando ainda presente as práticas de monoculturas de pequenos agricultores e a criação de gado. Os municípios de Parintins (AM), Marabá (PA), Óbidos (PA) e São Félix do Xingu (PA) possuem, respectivamente, 5% (28596 ha), 43% (649702 ha), 4% (105798 ha) e 16% (1335163 ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem (Lapig 2020).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie ocorre em Marabá (PA) e São Félix do Xingu (PA), municípios da Amazônia Legal considerados prioritários para fiscalização, referidos no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018).