Taxonomic Notes
Descrita em: Contr. Univ. Michigan Herb. 25, 238, 2007. É reconhecida pelas folhas acastanhadas dispostas regularmente ao longo dos ramos, obovais a oblongas, às vezes lanceoladas, pelas inflorescências estaminadas robustas e longas (2,5 - 5 cm) com brácteas lineares, pela margem das crenadas, pelos estames em número de dois com filetes concrescidos apenas na base, pelas anteras com tecas oblongas e pelo estilete subséssil (Oliveira, 2010).
Justification
Árvore com até 6 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição no estado da Bahia, municípios Aurelino Leal, Ilhéus, Itagibá, Itaju do Colônia, Maraú e Una. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila de Terras Baixas da faixa litorânea no sul e sudeste da Bahia (Hiléia sul-baiana), ocorrendo sobre solos hidromórficos em altitudes superiores a 150 m (Oliveira, 2010; 2020). Apresentando extensão de ocorrência (EOO) de 6224 km² e área de ocupação (AOO) de 24 km² e seis situações de ameaças. Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). Os municípios de Ilhéus e Itacaré, figuram entre as principais atividades causadoras da perda de habitat as lavouras de cacau, banana, seringuais, coco-da-bahia e a pecuária. Também é comum o extrativismo da piaçava (IBGE Cidades, 2012). Nos municípios de Itamaraju, Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65% (SOS Mata Atlântica, INPE, 2011). E ainda, os municípios Aurelino Leal (BA), Ilhéus (BA), Itagibá (BA), Itaju do Colônia (BA), Maraú (BA) e Una (BA) possuem, respectivamente, 40,17% (17889,6ha), 12,2% (19334,6ha), 55,49% (45003ha), 59,55% (72968ha), 10,02% (8500ha) e 13,8% (16873,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A Reserva Biológica de Una, local de ocorrência da espécie, está inserida num mosaico ambiental onde fragmentos florestais de diversos tamanhos (de 100 a mais de 800 ha) estão imersos numa matriz complexa onde podem ser encontrados fragmentos de floresta, seringais, piaçava e plantações de cacau (Alves, 2005). Diante o cenário de ameaças vigentes, infere-se o declínio contínuo de qualidade de habitat. Assim, por ocorrer em somente uma fitofisionomia, Algernonia bahiensis foi avaliada como Vulnerável (VU) à extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Aurelino Leal, Ilhéus, Itagibá, Itaju do Colônia, Maraú e Una.
Population Information
Espécie bem distribuída e coletada na área de distribuição (Oliveira, 2010).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 6 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila de Terras Baixas da faixa litorânea no sul e sudeste da Bahia (Hiléia sul-baiana), ocorrendo sobre solos hidromórficos em altitudes superiores a 150 m (Oliveira, 2010; Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Segundo Silva (2002), uma preocupação é a forte erosão genética que populações naturais da espécie vêm sofrendo, principalmente por influências antrópicas causadas por empreendimentos imobiliários nos municípios com potencialidade turística, a exemplo de Ilhéus. A atividade turística está sendo intensivamente estimulada pelo governo do estado da Bahia. A Coordenação de Desenvolvimento do Turismo - CODETUR, ligada a Secretaria da Cultura e Turismo do governo do estado da Bahia, elaborou o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia. O objetivo é dotar o estado das condições necessárias para o aproveitamento de suas potencialidades naturais, históricas e culturais, ordenando o espaço territorial e definindo as ações necessárias ao desenvolvimento do turismo. Desta forma, foram definidas Zonas Turísticas e uma delas é a Costa do Cacau, litoral sul, abrangendo os municípios de Itacaré, Uruçuca, Ilhéus, Una e Canavieiras (MMA - Ministério do Meio Ambiente, 1997). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Nos municípios de Ilhéus e Itacaré, figuram entre as principais atividades causadoras da perda de habitat as lavouras de cacau, banana, seringuais, coco-da-bahia e a pecuária. Também é comum o extrativismo da piaçava (IBGE Cidades@, 2012). Nos municípios de Itamaraju, Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65% (SOS Mata Atlântica, INPE, 2011). A área no município de Ilhéus (BA) há apenas diminutos fragmentos descaracterizados, sendo que a maior parte foi substituída principalmente por plantações de cacau em sistema de cabruca ou com sombreamento monoespecífico, além de pastagens e pequenas roças de cultivos diversos (Sambuichi, 2003). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30000 ha de cobertura florestal (Paciência e Prado, 2005), 40000 ha em estágio inicial de regeneração e 200000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau (Theobroma cacao L.), seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), piaçava (Attalea funifera Mart.) e dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e 2 de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciência e Prado, 2005). A Reserva Biológica de Una está inserida num mosaico ambiental onde fragmentos florestais de diversos tamanhos (de 100 a mais de 800 ha) estão imersos numa matriz complexa onde podem ser encontrados fragmentos de floresta, seringais, piaçava e plantações de cacau (Alves, 2005). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al., 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323? ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (SOS Mata Atlântica, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020) e ca. 50.975.705? ha (39% da AALMA), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem (MapBiomas, 2020). Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al., 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30000 ha de cobertura florestal (Paciência e Prado, 2005), 40000 ha em estágio inicial de regeneração e 200000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau (Theobroma cacao L.), seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), piaçava (Attalea funifera Mart.) e dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e 2 de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciência e Prado, 2005). Os municípios Aurelino Leal (BA), Ilhéus (BA), Itagibá (BA), Itaju do Colônia (BA), Maraú (BA) e Una (BA) possuem, respectivamente, 40,17% (17889,6ha), 12,2% (19334,6ha), 55,49% (45003ha), 59,55% (72968ha), 10,02% (8500ha) e 13,8% (16873,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A Reserva Biológica de Una está inserida num mosaico ambiental onde fragmentos florestais de diversos tamanhos (de 100 a mais de 800 ha) estão imersos numa matriz complexa onde podem ser encontradas pastagens de gado (Alves, 2005). O Projeto Santa Rita está localizado no sul da Bahia, no município de Itagibá, região que foi grande produtora de cacau. Esta região sofreu severamente os impactos sociais e econômicos com a grande queda da produção de cacau, agravada com a praga da vassoura de bruxa, que reduziu drasticamente as plantações de cacau no sul do Estado da Bahia. O Projeto desenvolvido pela Mirabela já recebeu a licença de operação e deverá começar a produzir em novembro de 2009. A estimativa é que sejam produzidas 4,6 milhões de toneladas de minério por ano, inicialmente, o que compreende uma produção de cerca de 150 mil toneladas de concentrado/ano, com 13% de níquel. A metade da produção anual de concentrado será transportada por 140 km via rodovias (BR-330 e BR-101) até o porto de Ilhéus e daí será exportada para a Finlândia, sendo que a outra metade será retirada na mina pela Votorantin e transportada para Fortaleza de Minas, no Estado de Minas Gerais. Com uma extensão de 2 quilômetros e uma profundidade aproximada de 500 metros, a mina tem uma vida útil inicial prevista para 20 anos. Contudo, com as novas pesquisas, ela poderá chegar a 40 anos. A primeira carga de níquel exportada pelo Porto de Ilhéus está avaliada em R$ 15 milhões e é composta por 5 mil toneladas do produto. A carga teve como destino final a empresa russa Norilks, que está sediada na Finlândia. O níquel deve ser exportado pelo Porto de Ilhéus a cada 30 ou 60 dias. Ele é usado na fabricação de diversos produtos. Quase 65% do produto é empregado na fabricação de aço inoxidável. O objetivo da empresa de mineração é exportar cerca de 60 mil toneladas de níquel pelo Porto de Ilhéus a partir do próximo ano (Matos, 2009) O município de Aurelino Leal com 45775 ha possui 902 ha que representam 2% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Itagibá com 78883 ha possui 12279 ha que representam 15% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). O município de Maraú (BA) com 82336 ha possui 19996,12 ha que representam 24,29% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Nos últimos anos a região vem sendo ameaçado por programas de desenvolvimento territorial dissonante com a realidade da região (Lessa 2007). A região apresenta áreas de aterro, desmatamento e despejo de resíduos (Bahiatursa, 2000). O município de Una com 117174 ha possui 44914 ha que representam 38% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Reserva Biológica de Una. A espécie foi avaliada como Vulnerável (VU) na lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado da Bahia (SEMA, 2017). De acordo com Oliveira (2010) a espécie não é ameaçada, pois é bem distribuída e coletada na área de distribuição. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Cumprimento de efetividade de Unidades de Conservação e conservação ex situ) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Itororó - 35 (BA).