Taxonomic Notes
Descrita em: Kew Bull. 68(4), 628, 2013. É reconhecida pelos ramos pustulosos, com asas laminares, folha com nervura mediana na face adaxial plana a suavemente elevada, corola com 3–4 lobos reflexos e frutos com 5–7(–7.5) mm de comprimento (Filho, 2011).
Justification
Árvore ou arbusto com até 6 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Área antrópica, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) e Floresta Ombrófila Mista associadas à Mata Atlântica presente em 11 municípios distribuídos pelo estado do Paraná. Apresenta distribuição restrita, extensão de ocorrência (EOO) de 13707 km², área de ocupação (AOO) de 140 km², e oito situações de ameaça, considerando-se a distinta situação de proteção nas áreas de concentração de registros de ocorrência em relação à incidência de vetores de pressão diferentes em intensidade, frequência e cronologia. Raramente pode ser encontrada em formações secundárias, registros de ocorrência da espécie foram feitos em áreas de floresta situadas entre 800 e 1100 m de altitude, regiões tipicamente convertidas em áreas agrícolas e agropecuárias no estado do Paraná (Eisfeld e Nascimento, 2015; IBGE, 2020). Além disso, a EOO da espécie sobrepõe as regiões mais densamente habitadas do estado do Paraná, o que acentua a especulação imobiliária e o desmatamento centenário traduzido na prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2002). Soja, eucalipto e agropecuária estão entre as atividades mais preponderantes desenvolvidas nos municípios em que Symplocos kleinii foi documentada (IBGE, 2020a; IBGE, 2020b) e responsáveis pelas acentuadas taxas de desmatamento ainda verificadas no estado do Paraná. Apesar de registrada dentro de duas Áreas de Proteção Ambiental - APAs, sabe-se que esta categoria de Unidade de Conservação não garante a proteção integral da biodiversidade, e atividades antrópicas podem ser desenvolvidas dentro de seus limites. Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em área, extensão e qualidade de habitat, o que qualifica S. kleinii como Vulnerável (VU) à extinção nesta ocasião, pela sua distribuição restrita, valor de EOO e AOO, e número de situações de ameaça menor que dez.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Paraná — nos municípios Adrianópolis, Bocaiuva do Sul, Campina Grande do Sul, Guaratuba, Ipiranga, Morretes, Paranaguá, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas do Sul.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto (1.5–)2.5–6 m (Filho, 2011). Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e áreas antrópicas (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Mais de 70% da população brasileira está condensada na área do bioma Mata Atlântica (Joly et al. 2019). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2002). Os municípios de Ipiranga (PR) e Tijucas do Sul (PR) possuem, respectivamente, 43,62% (40437ha) e 13,16% (8841ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020a). Os municípios de Ipiranga (PR) e Tijucas do Sul (PR) possuem, respectivamente, 24,81% (23000ha) e 6,18% (4150ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020b). Os municípios Adrianópolis (PR), Campina Grande do Sul (PR), Ipiranga (PR), Quatro Barras (PR) e Tijucas do Sul (PR) possuem, respectivamente, 17,79% (24000ha), 6,07% (3275ha), 21,57% (20000ha), 9,25% (1670ha) e 22,33% (15000ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). O município de Guaratuba (PR) tem 41,3 ha de plantios de Eucalyptus e 1433,6 ha de Pinus, outros 7,5 ha estão em corte raso ou recém-plantados. (Eisfeld e Nascimento, 2015). O município de Morretes (PR) tem 2,2 ha de plantios de Eucalyptus e 447,8 ha de Pinus, outros 455,3 ha estão em corte raso ou recém-plantados (Eisfeld e Nascimento, 2015). O município de Paranaguá (PR) tem 20,9 ha de plantios de Eucalyptus e 99 ha de Pinus, outros 21,6 ha estão em corte raso ou recém-plantados (Eisfeld e Nascimento, 2015). O município de Adrianópolis (PR) tem 403 ha de plantios de Eucalyptus e 15553 ha de Pinus, outros 2988 ha estão em corte raso ou recém-plantados (Eisfeld e Nascimento, 2015). A produção de carne e de leite tem crescido consideravelmente no Brasil nas últimas décadas, atingindo, em 2018-19, ca. 26 milhões de toneladas e 34,4 bilhões de litros, e a previsão oficial é de que ambas atividades deverão crescer, respectivamente, a uma taxa anual de 3,0% e a entre 2,0 e 2,8% nos próximos 10 anos (MAPA, 2019). Na Mata Atlântica, a conversão do uso da terra para atividades agropecuária é um dos principais vetores de modificação, causadores de perda de biodiversidade (Joly et al. 2019). Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica do período de 2019, da área total de 130.973.638 ha da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica - AALMA (Lei nº 11.428/06), apenas ca. 19.936.323 ha (15,2%) correspondiam a áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2020). Em levantamentos relativos a 2018, as áreas de pastagens ocupavam entre ca. 39.854.360 ha (30,4% da AALMA) (Lapig, 2020a) e ca. 50.975.705 ha (39% da AALMA) (MapBiomas, 2020), dentre os quais 36.193.076 ha foram classificados como pastagens e 14.782.629 ha como Mosaico de Agricultura ou Pastagem. Na Mata atlântica, a partir de 2002 foi registrado um decréscimo das áreas ocupadas por pastagens como decorrência da intensificação da pecuária (Parente et al. 2019). Apesar disso, esses autores verificaram a expansão de áreas ocupadas por atividades agricultura de larga escala (cana-de-açúcar e soja), que ocupa espaços antes destinados à pecuária mais extensiva. Os municípios Adrianópolis (PR), Piraquara (PR), São José dos Pinhais (PR) e Tijucas do Sul (PR) possuem, respectivamente, 6,19% (8350,4ha), 13,09% (2972,4ha), 7,29% (6898,9ha) e 7,12% (4784,5ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020b). A perda e fragmentação de habitat no domínio da Mata Atlântica está aumentando rapidamente (Galindo-Leal et al. 2003, Tabarelli, Silva e Gascon, 2004). Afloramentos graníticos também estão sofrendo um conjunto particular de ameaças, incluindo exploração de pedreiras, mineração e invasões biológicas (Porembski e Barthlot, 2000, Forzza et al. 2003, Martinelli, 2007), que reforçam a necessidade de proteção dos inselbergs e de sua extraordinária biodiversidade, especialmente como resultado dos altos níveis de endemismo. Martinelli (2007) alertou tpara a necessidade de ações urgentes de conservação e propôs a inclusão dos afloramentos rochosos na agenda brasileira de conservação da diversidade biológica (Paula et al. 2016). A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal na Mata Atlântica (Joly et al. 2019). Costa et al. (2019) confirmaram pela primeira vez os efeitos à biodiversidade ocasionado pela construção e pavimentação de rodovias, bem como o tráfego intenso de veículos no Bioma da Mata Atlântica, que podem se estender por muitos metros além da estrada, tendo efeito direto na mortalidade e diversidade das no fragmento.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental do Iraí, Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba, Área de Proteção Ambiental Estadual do Piraquara e Parque Nacional Guaricana. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, incluindo confirmação da espécie no estado de São Paulo, conforme sugerido por coleções não validadas nesta ocasião, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.