Justification
Árvore com até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) e Restinga associadas à Mata Atlântica, presente em 11 municípios distribuídos pelos estados da Bahia (BA), Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Apresenta distribuição muito ampla, extensão de ocorrência (EOO) de 281356 km², e apesar de poder ser considerada Em Perigo (EN) por B2(iii), com a área de ocupação (AOO) de 56 km², sabe-se que a região de ocorrência conhecida ainda é considerada insuficientemente inventariada, corroborado pela baixa frequência de coleta de Posoqueria macropus desde sua descrição, e ainda predominam na paisagem extensões significativas de fitofisionomias de ocorrência prístinas. Foi considerada ocasional em diversas áreas (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020), e não apresenta especifidade de habitat, além de número de situações de ameaça acima do limiar para espécies ameaçadas. Assim, embora o valor de AOO, tamanho populacional conhecido e distribuição geográfica sugiram vulnerabilidade, existem muitos habitats semelhantes onde a espécie pode vir a ser registrada, dada sua grande amplitude ecológica. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros. Foi registrada em Unidades de Conservação de uso sustentável e de proteção integral, e em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de fitofisionomias em bom estado de conservação. Assim, diante deste cenário, portanto, P. macropus foi considerada como Menos Preocupante (LC) neste momento.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Cairu e Itacaré —, no estado do Espírito Santo — no município Conceição da Barra —, no estado de Minas Gerais — nos municípios Marliéria e Tombos —, no estado do Rio de Janeiro — nos municípios Armação dos Búzios, Cabo Frio, Rio das Ostras, Rio de Janeiro e Silva Jardim —, e no estado de São Paulo — no município Pariquera-Açu.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada ocasional (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 5 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila e Restinga (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001). A atividade turística está sendo intensivamente estimulada pelo governo do estado da Bahia. A Coordenação de Desenvolvimento do Turismo - CODETUR, ligada a Secretaria da Cultura e Turismo do governo do estado da Bahia, elaborou o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia. O objetivo é dotar o estado das condições necessárias para o aproveitamento de suas potencialidades naturais, históricas e culturais, ordenando o espaço territorial e definindo as ações necessárias ao desenvolvimento do turismo. Desta forma, foram definidas Zonas Turísticas e uma delas é a Costa do Cacau, litoral sul, abrangendo os municípios de Itacaré, Uruçuca, Ilhéus, Una e Canavieiras (MMA - Ministério do Meio Ambiente, 1997). Cairu é um dos dois únicos municípios brasileiros inteiramente arquipelágicos. A partir dos anos 90, o fluxo turístico na região aumentou significativamente e de forma desordenada (Gulberg, 2008). Com uma infra-estrutura que não poderia suportar a crescente demanda de períodos de alta estação, houve graves consequências para o meio ambiente local (Gulberg, 2008). Atualmente, o aumento do turismo de massa contribuiu para o agravamento de problemas na APA, como por exemplo: o desmatamento, a sobre-pesca, a ocupação desordenada do solo, a especulação imobiliária e o acúmulo do lixo (Gulberg, 2008). O turismo é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas nos municípios de Búzios e Cabo Frio, no Rio de Janeiro (Barbosa, 2003, Ribeiro e Oliveira, 2009). Os municípios de Cabo Frio (RJ) e Conceição da Barra (ES) possuem, respectivamente, 5,92% (2450ha) e 8,78% (10382ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Armação dos Búzios (RJ), Cabo Frio (RJ), Conceição da Barra (ES), Marliéria (MG), Rio das Ostras (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Silva Jardim (RJ) e Tombos (MG) possuem, respectivamente, 32,93% (2329,6ha), 55,87% (23110,2ha), 28,95% (34306,3ha), 17,17% (9372,9ha), 53,82% (12277,5ha), 10,16% (12192,7ha), 40,63% (38103,4ha) e 58,41% (16654ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Os municípios de ocorrência da espécie apresentam significante redução da vegetação original. Os remanescentes florestais representam 56,73 % de Cairu (BA), 31,47% de Itacaré (BA), 14,71% de Conceição da Barra (ES), 57,63% de Marliéria (MG), 9,64% de Tombos (MG), 22,24% de Armação dos Búzios (RJ), 9,86% de Cabo Frio (RJ), 15,43% de Rio das Ostras (RJ), 19,45% de Rio de Janeiro (RJ), 34,65% de Silva Jardim (RJ) e 4,31% de Pariquera-Açu (SP) (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2020). Foi registrado na Rebio Poço das Antas 417 números de focos de calor no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2015. (Nunes et al. 2018). Em fevereiro de 2014 ocorreu um grande incêndio e destruiu mais de quatro milhões de metros quadrados de mata da Reserva. Os incêndios são uma das maiores fontes de danos aos ecossistemas presentes em unidades de conservação, principalmente em regiões em desenvolvimento e paisagens dominadas por áreas agrícolas e pastagens (Bontempo et al. 2011).
As ameaças aqui relacionadas são apresentadas de forma geral tanto para o habitat como para a área onde a espécie é documentada, não representando, portanto, ameaças diretas à perpetuação da espécie. Tais vetores de pressão podem causar declínio local, mas acredita-se que não tenham grande impacto sobre o habitat e a população global da espécie, principalmente devido à sua ampla distribuição.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al. 2018). A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental do Parque Municipal Ecológico de Marapendi, Parque Estadual da Campina do Encantado, Parque Estadual de Itaúnas, Parque Estadual do Rio Doce, Parque Natural Municipal de Marapendi e Reserva Biológica de Poço das Antas. São necessárias ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.