Taxonomic Notes
Descrita em: Phytotaxa 291(2), 138, 2017. É reconhecida por ser uma pequena árvore com pétalas amarelas, veias secundárias proeminentes na superfície abaxial das lâminas foliares, conectivos que não excedem os lóculos e anteras glabras (Francener et al., 2017).
Justification
Árvore, de altura não registrada, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Campo Rupestre associado ao Cerrado presente no estado de Minas Gerais, municípios de Mariana, Ouro Preto e Tiradentes. Apresenta distribuição restrita, especifidade de habitat, extensão de ocorrência (EOO) de 837 km², área de ocupação (AOO) de 12 km², três situações de ameaça, considerando-se sua distribuição disjunta em locais sujeitos a vetores de estresse distintos em intensidade, frequência e cronologia. Sabe-se que nas últimas quatro décadas, o Quadrilátero Ferrífero, que abarca Mariana e Ouro Preto, já perdeu milhares de hectares de áreas de Campo Rupestre, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto do estabelecimento de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). A intensa atividade de mineração implica uma completa alteração da paisagem, com enormes impactos na biodiversidade local e regional. Devido à sua área muito restrita, difícil acesso e por estarem associadas a depósitos de minério de ferro de alta qualidade, as comunidades vegetais sobre a canga estão entre as mais ameaçadas e menos estudadas (Jacobi e Carmo, 2008). Além disso, sabe-se que a localidade típica da espécie foi danificada pelo rompimento da barragem no município de Mariana, destruindo parte da vegetação local (Messias e Carmos, 2015, Francener et al. 2017). Byrsonima minarum é rara e não conta com registros recentes efetuados dentro dos limites de Unidades de Conservação, apesar de coletas históricas indicarem potencial ocorrência em áreas de Campo Rupestre atualmente protegidas (p. ex. Serra de São José, em Tiradentes). Nesta localidade, a espécie não é documentada desde o início do século XIX (Francener et al. 2017). Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em AOO, EOO, extensão e qualidade de habitat e no número de situações de ameaça. Assim, B. minarum foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Minas Gerais, no município Mariana, Ouro Preto e Tiradentes.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada como rara (Rafael Felipe de Almeida, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore, de altura não registrada. Ocorre no Cerrado, em Campo rupestre (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Os atrativos histórico-culturais e agora ambientais têm impulsionado o turismo nas cidades de Mariana e Ouro Preto (Ostanello et al. 2013). O Cerrado contém extensas áreas em condições favoráveis à agricultura intensiva e à pecuária extensiva, sendo cerca de 40% da área convertida para estes usos (Rachid et al. 2013). A expansão agrícola no Cerrado vem sendo estimulada por diversos incentivos governamentais, tais como os programas de biocombustíveis e desenvolvimento do Cerrado, ou de assistência técnica (Ratter et al. 1997, Fearnside, 2001, Gauder et al. 2011, Pereira et al. 2012, Rachid et al. 2013, Koizumi, 2014, Bojanic, 2017, Moreddu et al. 2017), a fim de suprir a crescente demanda do mercado internacional (Gauder et al. 2011, Pereira et al. 2012). Essa região é responsável pela produção de cerca de 49% dos grãos no Brasil (Rachid et al. 2013), em particular a soja, o milho e o algodão (Ratter et al. 1997, Castro et al. 2010, Bojanic, 2017). O Cerrado brasileiro sofreu perdas particularmente pesadas para o avanço da soja (Fearnside, 2001), tendo cerca de 10,5% de sua área ocupada por culturas agrícolas (Sano et al. 2008). Além de ser considerado o celeiro brasileiro devido à produção de grão (Pereira et al. 2012), extensas áreas de Cerrado têm sido ocupadas pela cana-de-açúcar (Castro et al. 2010, Loarie et al. 2011, Rachid et al. 2013, Koizumi, 2014), sendo o Brasil o mais importante produtor de açúcar do mundo (Galdos et al. 2009, Gauder et al. 2011, Pereira et al. 2012). Recentemente, a expansão da produção de cana-de-açúcar no Cerrado tem sido motivada por programas governamentais destinados a promover o setor sucroalcooleiro, especialmente para a produção de agroenergia e bioetanol devido à importância econômica que assumiram no mercado internacional (Gauder et al. 2011, Loarie et al. 2011, Pereira et al. 2012, Rachid et al. 2013, Koizumi, 2014). O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo (Mielnik et al. 2017). Segundo Rachid et al. (2013), as áreas cultivadas nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul cresceram mais de 300% nos últimos 5 anos. Essa expansão ocorre principalmente por meio da substituição de áreas agrícolas estabelecidas (pastagem e campos de soja e milho) por cana-de-açúcar, forçando a expansão dessas atividades sobre novas áreas de floresta ou Cerrado (Castro et al. 2010, Loarie et al. 2011, Rachid et al. 2013, Koizumi, 2014). Ainda, a produção de cana-de-açúcar por muitos anos esteve associada às queimadas dos canaviais realizadas pré-colheita, causando impactos ambientais sobre diferentes componentes do ecossistema (Galdos et al. 2009, Rachid et al. 2013). O município Mariana (MG) possui 19,84% (23696,6ha) do seu território convertido em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Nas últimas quatro décadas o Quadrilátero Ferrífero já perdeu milhares de hectares de cangas, pelo menos 40% da área total, devido principalmente ao efeito direto da ocorrência de 46 minas de extração de minério de ferro (Carmo e Jacobi, 2012). A perda e alteração de habitats são há muito reconhecidas como principais ameaças à biodiversidade mundial. Nos afloramentos de ferro brasileiro, esse processo ocorre basicamente em associação com as atividades de mineração. A região é uma das principais produtoras de minerais metálicos do mundo, especialmente minério de ferro superficial. A intensa atividade de mineração implica uma completa alteração da paisagem, com enormes impactos na biodiversidade local e regional. Devido à sua área muito restrita, difícil acesso e por estarem associadas a depósitos de minério de ferro de alta qualidade, as comunidades vegetais sobre a canga estão entre as mais ameaçadas e menos estudadas nos ecossistemas amplamente pesquisados no sudeste do Brasil (Jacobi e Carmo, 2008). A região do sudeste do quadrilátero ferrífero abarca os municípios de Ouro Preto e Mariana. Nessa região, a alta diversidade e a ocorrência de espécies raras, microendêmicas e ameaçadas de extinção, evidencia a necessidade da conservação de cangas. No entanto, devido ao alto interesse minerário, essas áreas estão extremamente ameaçadas (Messias e Carmo, 2015). Em 5 de novembro de 2015, o Brasil assistiu a um dos piores desastres ambientais de sua história. Uma onda de lama enterrou Bento Rodrigues, uma vila no município de Mariana, localizada na Serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Escobar, 2015).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
De acordo com Francener et al. (2017), a localidade típica da espécie foi danificada pelo rompimento da barragem no Município de Mariana, destruindo parte da vegetação local. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.