Taxonomic Notes
Descrita em: Flora 58, 451, 1875. É reconhecida pelos botões florais com ápice fortemente retorcidos, tubo do cálice proporcionalmente maior que os lacínios que são marcadamente desiguais, curtos e eretos (Pessoa, 2016).
Justification
Arvoreta de 3 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada de forma disjunta em Floresta Estacional associada a Caatinga (stricto sensu) e Cerrado (lato sensu) nos estados da Bahia (BA), municípios de Cachoeira, Conde e Cruz das Almas, e Minas Gerais (MG), municípios Araguari, Perdizes e Uberlândia. Apresenta distribuição fragmentada e quatro situações de ameaça, considerando-se sua presença em municípios espacialmente próximos e sujeitos ao mesmo conjunto de vetores de estresse, distintos, entretanto, em intensidade, frequência e cronologia, e área de ocupação (AOO) de 32 km². Também não foi registrada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral e é considerada uma espécie rara pelo especialista (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020), já que mesmo em áreas frequentemente percorridas por botânicos e onde potencialmente poderia ocorrer, não é registrada frequentemente. Sabe-se que no Cerrado brasileiro restam apenas 50% da cobertura florestal natural, e a taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Ratter et al. 1997, Françoso et al. 2015). Esse cenário é particularmente acentuado no centro-oeste de Minas Gerais, onde a espécie foi mais frequentemente encontrada e onde os municípios de ocorrência tem enfrentado elevadas taxas de desmatamento para estabelecimento de pastagens e áreas agrícolas com parcelas significativas de suas extensões territoriais totais convertidas para esses fins (IBGEa,b,c, 2020). Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Assim, Chomelia sericea foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado da Bahia — nos municípios Cachoeira, Conde e Cruz das Almas —, e no estado de Minas Gerais — nos municípios Araguari, Perdizes e Uberlândia.
Population Information
A frequência dos indivíduos na população global pode ser considerada rara (Mario Gomes, comunicação pessoal, 2020).
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 3 m de altura (Pessoa, 2016). Ocorre na Caatinga e Cerrado, em Caatinga (stricto sensu) e Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
A Caatinga sustenta mais de 23 milhões de pessoas (11,8% da população brasileira) e é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo, com 26 habitantes por km2 (Medeiros et al. 2012, Ribeiro et al. 2015). Novos cenários, como a transposição do rio São Francisco, podem mudar o paradigma de que a região semiárida não é apta para o desenvolvimento econômico e intensificar processos que levam a perda da diversidade florística (Costa et al. 2009). Estudos apontam que no Cerrado brasileiro restam apenas 50% da cobertura florestal natural. A taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Ratter et al. 1997, Françoso et al. 2015). O município de Perdizes (MG) possui 8,32% (20400 ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020a). Os municípios de Araguari (MG) e Perdizes (MG) possuem, respectivamente, 7,99% (21800 ha) e 6,69% (16400 ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de milho, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020b). Os municípios de Araguari (MG), Perdizes (MG) e Uberlândia (MG) possuem, respectivamente, 11,54% (31500 ha), 13,46% (33000 ha) e 14,82% (61000 ha) de seus territórios convertidos em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020c). Os municípios Araguari (MG), Cachoeira (BA), Conde (BA), Cruz das Almas (BA), Perdizes (MG) e Uberlândia (MG) possuem, respectivamente, 35,43% (96689,5 ha), 29,38% (11750,1 ha), 28,86% (26799,7 ha), 73,98% (10292,5 ha), 24,79% (60763,7ha) e 26,78% (110223,9 ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Marajó (Unidade de Uso Sustentável). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas privadas ou particulares) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.