Taxonomic Notes
É reconhecida por apresentar tronco crasso, espesso. Folhas coriáceas, oblongo-elípticas. Inflorescência breve pediculada, cálice e corola glabros. Frutos elipsoideos com 1 cm de comprimento (Markgraf, 1941). Popularmente conhecida como chico-preto no estado do Acre (Flora do Brasil, 2020).
Justification
Árvore com até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020). Popularmente conhecida como chico-preto no Acre, foi documentada em Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial) e Floresta de Terra-Firme associadas à Amazônia, presente em 12 municípios distribuídos pelos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Pará. Apresenta distribuição ampla no país, extensão de ocorrência (EOO) de 984786 km², e apesar ter uma área de ocupação (AOO) de 56 km² e haver aumento na intensidade e frequência de incêndios severos por toda a bacia amazônica, que tem sabidamente afetado espécies ameaçadas, sabe-se que a região de ocorrência conhecida ainda é considerada insuficientemente inventariada e ainda predominam na paisagem extensões significativas de fitofisionomias de ocorrência potencial em estado prístino, principalmente em São Gabriel da Cachoeira. Assim, embora o pequeno valor de AOO sugira vulnerabilidade, existem muitos habitats semelhantes dentro de áreas protegidas onde subpopulações de Lacmellea lactescens podem se encontradas. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros. Assim, diante deste cenário, a espécie foi considerada como Menos Preocupante (LC) neste momento.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Acre — nos municípios Cruzeiro do Sul, Senador Guiomard e Tarauacá —, no estado do Amazonas — nos municípios Atalaia do Norte, Envira, Humaitá, Japurá, Manaus, São Gabriel da Cachoeira e São Paulo de Olivença —, no estado do Pará — no município Santarém —, e no estado de Rondônia — no município Porto Velho.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 20 m de altura (Markgraf, 1941). Ocorre na Amazônia, em Floresta Ombrófila e Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020), na região Norte, em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012). Em poucos municípios rondonienses a pecuária não se expandiu entre os anos de 2001 e 2006. Estes poucos municípios se localizam no sul do estado. Em grande parte do estado houve expansão do rebanho bovino, de maneira particularmente acelerada em uma faixa que se estende pelas microrregiões de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho, onde houve aumento superior a 50 cabeças/ km2 (Oliveira et al., 2008). No município de Humaitá (AM), onde a espécie é encontrada, a agricultura familiar vem cedendo lugar a grandes propriedades dedicadas a atividade pecuária nas cidades Lábrea e Humaitá (Macedo e Teixeira, 2009). No município tem criação de gado, porcos, galinhas, patos e carneiros. (Baraúna, 2009) No município de Humaitá, o garimpo do ouro representa uma boa parte da renda que garante a sobrevivência de muitos e é uma prática presente há anos nas famílias que vivem nas comunidades ribeirinhas da região (Baraúna, 2009). A exploração do ouro é feita ilegalmente e com uso de mercúrio. O município de São Gabriel da Cachoeira contém reservas importantíssimas de minério (nióbio, manganês e fosfato) que estão sendo visadas para exploração, já possui rodovias dentro dos seus limites (Perimetral Norte e a Rodovia São Gabriel-Cucuí parcialmente construída), instalações militares, seis reservas indígenas, incluindo uma missão salesiana e está sofrendo invasões muito sérias por parte de garimpeiros (especialmente ao longo Rio Cauaburí) (Rylands e Pinto, 1998). De acordo com dados do Programa de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia (INPE, 2019), o Amazonas (AM) é um dos estados com menores índices de área desmatada na Amazônia Legal. No entanto, sua porção sul vem se consolidando como nova área de expansão da fronteira agropecuária e concentrando a maior parte das novas frentes de desmatamento no estado. A exploração madeireira é muitas vezes apontada como a frente pioneira, pois ao criar meios para o escoamento da madeira, também estimula a ação de grileiros, e consequentemente a apropriação da terra para outros usos. A pecuária daria sequência ao processo de conversão da área florestal, enquanto o plantio da soja se concentra nas áreas de pastagens, como forma de reduzir os custos de sua implantação (Macedo e Teixeira, 2009).
As ameaças aqui relacionadas são apresentadas de forma geral tanto para o habitat como para a área onde a espécie é documentada, não representando, portanto, ameaças diretas à perpetuação da espécie. Tais vetores de pressão podem causar declínio local, mas acredita-se que não tenham grande impacto sobre o habitat e a população global da espécie, principalmente devido à sua ampla distribuição.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie ocorre em Porto Velho (Rondônia, RO), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018). A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018). Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua perpetuação na natureza no futuro.