Taxonomic Notes
Descrita em: Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 12, 299, 1935. Popularmente conhecida como Carapanaúba.
Justification
Árvore de até 22 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), coletada em Florestas de Terra Firme, associadas à Amazônia, no estado do Pará (PA), em três municípios. É popularmente conhecida por Carapanaúba. Apresenta extensão de ocorrência (EOO) de 10786 km², área de ocupação (AOO) de 20 km² e cinco situações de ameaça, considerando-se o distinto grau de perturbação ao qual os remanescentes florestais se encontram nos municípios de ocorrência, e presença em fitofisionomias florestais fragmentadas. A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020a). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012). O município de Mojuí dos Campos (PA) possui 6,1% (30426 ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020b). Somada a esta ameaça, os municípios Moju (PA) e Mojuí dos Campos (PA) possuem, respectivamente, 19,31% (175637,2ha) e 12,28% (61251,6ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Diante desse cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo de EOO, AOO e qualidade de habitat. Assim, Aspidosperma auriculatum foi considerada Em Perigo (EN) de extinção.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado do Pará — nos municípios Belém, Breves e Moju.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore com até 22 m de altura. Ocorre na Amazônia, em Floresta de Terra Firme (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Na Ilha do Mosqueiro foi observado um incremento significativo da área urbana em função da crescente especulação imobiliária, de uma forma desordenada e localizada nas porções Norte e Noroeste, na ausência de um planejamento efetivo (Venturieri et al., 1998). Nas últimas quatro décadas, o Brasil tem aumentado a sua produção e a produtividade agrícola de larga escala, com destaque para as commodities, cujas exportações cresceram consideravelmente nas últimas décadas (Gasques et al., 2012, Martorano et al., 2016, Joly et al., 2019). As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 75,0 milhões de hectares em 2017/18 para 85,0 milhões em 2027/28 (MAPA, 2019). A Amazônia brasileira, com 330 milhões de hectares, possuía, em 2014, 4.337.700 ha (1,3%) de sua extensão convertidos em áreas agrícolas (TerraClass, 2020). Outra estimativa realizada em 2018, registrou 5.488.480 ha (1,6%) (MapBiomas, 2020) da Amazônia brasileira convertidos em áreas agrícolas. Em 2019, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas na região Norte foi estimada em ca. 9.807.396 kg (IBGE, 2020a). Apenas em abril de 2020, foram produzidos ca. 10.492.007 kg desses produtos agrícolas, o que representou um incremento de 7% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020a). A produção de soja é uma das principais forças econômicas que impulsionam a expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012, Charity et al., 2016). Segundo o IBGE (2020a), em 2019, a produtividade da soja na região Norte foi de ca. 5.703.702 kg, enquanto em abril de 2020, já foram produzidos ca. 6.213.441 kg, representando um incremento de 8.9% em relação à produção anual do ano anterior (IBGE, 2020a). Em abril de 2020, a cultura de soja foi responsável por 59,2% de toda produtividade agrícola na região Norte, seguida pelo milho, com 30,1% (IBGE, 2020a). A soja é mais prejudicial do que outras culturas, porque estimula projetos de infraestrutura de transporte de grande escala que levam à destruição de habitats naturais em vastas áreas, além daquelas já diretamente utilizadas para cultivo (Fearnside, 2001, Simon e Garagorry, 2005, Nepstad et al., 2006, Vera-Diaz et al., 2008, Domingues e Bermann, 2012). O município de Mojuí dos Campos (PA) possui 6,1% (30426 ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020b). Os municípios Moju (PA) e Mojuí dos Campos (PA) possuem, respectivamente, 19,31% (175637,2ha) e 12,28% (61251,6ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Use and Trade Information
Todas as espécies de Aspidosperma têm potencial farmacológico (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020). A casca é carminativa, estomáquica e, tomada na forma de chá, é muito útil para a bronquite, febre, icterícia, hepatopatias, diabetes, infecção renal (Barbosa et al., 2003). Todas as espécies de Aspidosperma têm potencial madeireiro (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020). A carapanaúba fornece madeira castanha — amarelada, amarga, elástica, bastante densa, compacta, forte e resistente aos cupins, constituindo-se uma verdadeira peroba, própria para a marcenaria (Barbosa et al., 2003). Espécies de Aspidosperma são utilizadas em pesquisas pela vasta variedade de alcaloides contendo núcleo indólico (Barbosa et al., 2003).
Conservation Actions Information
A espécie ocorre em Moju (PA), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018). A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana de Belém (US), Parque Estadual do Bacanga (PI). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação e cumprimento de efetividade de Unidades de Conservação) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.