Taxonomic Notes
Descrita em: Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 19, 218, 1973.
Justification
Árvore com até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada exclusivamente em Cerrado (lato sensu) associado ao bioma Cerrado presente no estado de Goiás, municípios de Alto Paraíso de Goiás, Formosa e São João d'Aliança. Apresenta distribuição restrita, extensão de ocorrência (EOO) de 2158 km², área de ocupação (AOO) de 16 km², quatro situações de ameaça, estimadas com base nas coletas disponíveis, realizadas em diferentes municípios que estão submetidos a vetores de estresse distintos em cronologia, intensidade e frequência, além do grau de proteção efetiva documentado em cada localidade, e fitofisionomia de ocorrência fragmentada. As modificações na paisagem por causa da produção agrícola e pecuária têm sido consideradas as principais causas de degradação do Cerrado. Sabe-se que as pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo neste bioma (Sano et al., 2008), e além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária está associada a queimadas intensas (Silva et al., 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015). Diversas terras no entorno da Chapada dos Veadeiros são utilizadas para a formação de pastagens (Barbosa, 2008). Os municípios Alto Paraíso de Goiás (GO) e Formosa (GO) possuem, respectivamente, 9,51% (24659,9ha) e 32,05% (186247,8ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Além disso, a espécie só foi documentada em Unidades de Conservação de uso sustentável, o que não confere proteção integral a biodiversidade. A extração mineral, embora tenha perdido sua importância inicial na economia da região da Chapada dos Veadeiros, ainda é praticada pontualmente, de forma mecanizada ou em pequena escala (Barbosa, 2008). Diante deste cenário, portanto, infere-se o declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat. Assim, Aspidosperma formosanum foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Goiás — nos municípios Alto Paraíso de Goiás, Formosa e São João d'Aliança.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 20 m de altura, associada ao Cerrado, ocorrendo em fitofisionomias de Cerrado (lato sensu) (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
O turismo no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros pode ser uma das principais ameaças para a espécie neste local, visto a falta de infraestrutura básica nos municípios de entorno do parque para que esta atividade seja realizada sem impactos ambientais (Barbosa, 2008). Apesar de sua enorme importância para a conservação de espécies e a prestação de serviços ecossistêmicos, o Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal original, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores do que na Amazônia (Strassburg et al., 2017). Estudos apontam que no Cerrado brasileiro restam apenas 50% da cobertura florestal natural. A taxa de desmatamento tem aumentado, principalmente devido à expansão do gado, indústrias de soja, reservatórios de hidrelétricas e expansão de áreas urbanas (Françoso et al., 2015, Ratter et al., 1997). Os municípios de Alto Paraíso de Goiás (GO) e São João d'Aliança (GO) possuem, respectivamente, 7,28% (18885ha) e 16,7% (55575ha) de seus territórios convertidos em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). O município de São João d'Aliança (GO) possui 9,02% (30000ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de soja, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920, com a indústria de café em plena atividade. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002, Sano et al., 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al., 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al., 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al., 2015) e posteriormente o uso de tecnologias e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al., 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al., 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al., 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária está historicamente associada a queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008, Silva et al., 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015). Diversas terras no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros são utilizadas para a formação de pastagens, a pecuária também é preocupante para a conservação do Cerrado, sendo uma atividade muito comum no estado de Goiás (Barbosa, 2008). Os municípios Alto Paraíso de Goiás (GO) e Formosa (GO) possuem, respectivamente, 9,51% (24659,9ha) e 32,05% (186247,8ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). A extração mineral, embora tenha perdido sua importância inicial na economia local, ainda é praticada pontualmente, de forma mecanizada ou em pequena escala, de modo rudimentar (Barbosa, 2008). As modificações na paisagem por causa da produção agrícola e pecuária, tem sido considerada a principal causa de degradação do Cerrado e tem causado um aumento na frequência de fogo no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e, provavelmente, alterado a capacidade de recuperação de elementos da biota mais sensíveis a esse distúrbio (Fiedler et al., 2006). Segundo Fiedler et al. (2006), a principal causa dos incêndios no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros tem sido as queimadas de origem desconhecida e criminosa, sendo que os anos com maior área queimada foram 2003 (aproximadamente 84% da área do parque) e 1995 (cerca de 60% do parque).
Use and Trade Information
Todas as espécies de Aspidosperma têm potencial farmacológico e madeireiro (Ana Carolina Devides Castello, comunicação pessoal, 2020).
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental Pouso Alto (US). A espécie ocorre em território que poderá ser contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Formosa - 9 (GO). Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial de ocorrência) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.