Taxonomic Notes
Descrita em: J. Bot. (Hooker) 2, 218, 1840.
Justification
Árvore ou arbusto com até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), foi documentada em Restinga arbórea associada à Mata Atlântica presente nos estados de Alagoas, município de Piaçabuçu, e no estado da Bahia, municípios de Ilhéus, Maraú, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. Apresenta distribuição disjunta e pontual a habitats específicos, área de ocupação (AOO) de 24 km² e quatro situações de ameaça, considerando-se sua presença exclusiva a quatro municípios sujeitos a vetores de pressão distintos em escala, frequência e intensidade. O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. A região de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro, no sul da Bahia, sofre ocupação desordenada e descaracterização da paisagem, agravada pelo turismo predatório, que causa expressivo aumento demográfico sazonal e, consequentemente, pelo desmatamento ocasionado pela necessidade de obras de infra-estrutura turística local (Carvalho, 2008; Silva, 2002). Em Ilhéus, restam atualmente apenas diminutos fragmentos descaracterizados a partir da expansão da malha urbana da cidade e do entorno, e também a partir da conversão da vegetação, sendo que a maior parte foi substituída principalmente por plantações de cacau em sistema de cabruca ou com sombreamento monoespecífico, além de pastagens e pequenas roças de cultivos diversos (Sambuichi, 2003). Em Piaçabuçu, culturas agrícolas, como cana-de-açúcar e fazendas de coco, além de pastagens, representam intensos vetores de transformação da paisagem (IBGE, 2020; Lapig, 2020). Apesar de Alagoas ter diminuído suas taxas de desmatamento, a Bahia ainda figura entre os cinco estados que mais desmataram remanescentes de floresta Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). A espécie não é conhecida de Unidades de Conservação de proteção integral, e a análise de seus registros permite suspeitar que se trata de uma espécie rara, infrequente nas localidades onde já foi documentada (já que se tratam de áreas relativamente bem coletadas) e também nas coleções científicas, sem registros na natureza desde 1988. Diante deste cenário e da evidente especifidade de habitat da espécie, infere-se o declínio contínuo em EOO, AOO e área, extensão e qualidade do habitat. Assim, Leptobalanus turbinatus é considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2020), com distribuição: no estado de Alagoas — no município Piaçabuçu —, e no estado da Bahia — nos municípios Ilhéus, Maraú, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.
Population Information
Não existem dados populacionais.
Habitat and Ecology Information
Árvore ou arbusto com até 4 m de altura. Ocorre na Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila e Restinga (Flora do Brasil, 2020).
Threats Information
Segundo Silva (2002), uma preocupação é a forte erosão genética que populações naturais da espécie vêm sofrendo, principalmente por influências antrópicas causadas por empreendimentos imobiliários nos municípios com potencialidade turística, a exemplo de Ilhéus e Porto Seguro. A região de Santa Cruz de Cabrália e Porto Seguro apresentou um crescimento urbano mal planejado representado pela ocupação desordenada e pela descaracterização da paisagem. Isto ainda é agravado devido ao turismo que causa um aumento demográfico sazonal e, consequentemente, de lixo e esgoto. Desenvolvimento do turismo se impôs como a principal atividade econômica da região de Porto Seguro, devido aos seus inúmeros recursos turísticos. Houve políticas governamentais de modernização de infra-estrutura turística local, porém, devido ao mau planejamento, acarretou uma ocupação desordenada do espaço urbano (Carvalho, 2008). A área no município de Ilhéus (BA) há apenas diminutos fragmentos descaracterizados, sendo que a maior parte foi substituída principalmente por plantações de cacau em sistema de cabruca ou com sombreamento monoespecífico, além de pastagens e pequenas roças de cultivos diversos (Sambuichi, 2003). O município de Piaçabuçu (AL) possui 6,36% (1534ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). O município de Piaçabuçu (AL) possui 6,22% (1500ha) do seu território convertido em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Porto Seguro (BA) e Santa Cruz Cabrália (BA) possuem, respectivamente, 7,36% (16814ha) e 14,14% (20685ha) de seus territórios convertidos em áreas de silvicultura, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020). Os municípios Ilhéus (BA), Maraú (BA), Piaçabuçu (AL), Porto Seguro (BA) e Santa Cruz Cabrália (BA) possuem, respectivamente, 12,2% (19334,6ha), 10,02% (8500ha), 45,54% (10930ha), 40,18% (91887,3ha) e 35,19% (51376,1ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Na década de 50 houve a abertura da BR 101 sendo asfaltada em 1973, que interliga as cidades de Porto Seguro – Santa Cruz Cabrália (Carvalho, 2008). O Atlas da Mata Atlântica indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Dos 17 estados, nove estão no nível do desmatamento zero, com desflorestamentos abaixo de 100 hectares, ou 1 Km². São eles: Ceará (7 ha), Alagoas (8 ha), Rio Grande do Norte (13 ha), Rio de Janeiro (18 ha), Espírito Santo (19 ha), Paraíba (33 ha), Pernambuco (90 ha), São Paulo (96 ha) e Sergipe (98 ha). Outros três estados estão a caminho desse índice: Mato Grosso do Sul (140 ha), Rio Grande do Sul (171 ha) e Goiás (289 ha). Apesar dos resultados positivos, cinco estados ainda mantém índices inaceitáveis de desmatamento: Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha), Piauí (2.100 ha), Bahia (1.985 ha) e Santa Catarina (905 ha). O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares (ha), ou 113 Km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 Km²). O município de Maraú (BA) com 82336 ha possui 19996,12 ha que representam 24,29% da Mata Atlântica original do município (SOS Mata Atlântica e INPE - Aqui tem Mata, 2019). Nos últimos anos a região vem sendo ameaçado por programas de desenvolvimento territoriais dissonantes com a realidade da região (Lessa 2007). A região apresenta áreas de aterro, desmatamento e despejo de resíduos (Bahiatursa, 2000). No município baiano de Porto Seguro 72% da cobertura original de Mata Atlântica encontram-se desmatados (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2011).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada na seguinte Unidade de Conservação: Área de Proteção Ambiental Baía de Camamu. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, busca pela espécie em áreas protegidas com habitat potencial) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.