Taxonomic Notes
Descrita em: Ciencia e Cultura 19(2): 334. 1967.
Justification
Árvore de até 12 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila, Floresta Estacional Semidecidual e em Afloramentos rochosos (Flora do Brasil, 2019). Foi coletada nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e São Paulo. Apresenta EOO=17536 km², AOO= 60 km² e está sujeita a 9 situações de ameaça. O desmatamento, a expansão urbana, aumento da frequência de incêndios e a pecuária (Simões e Lino, 2003; Oliveira-Filho et al. 2004; Pereira et al. 2006; Lapig, 2018; Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie foi considerada Vulnerável (VU) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014) e em nível regional pela Lista atualizada de espécies ameaçadas do estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A revisão de coleção e inclusão de novos registros alteraram os parâmetros de distribuição da espécie, reduzindo o valor do EOO e aumentando levemente o valor de AOO, porém não ultrapassando os limiares de risco da categoria VU. Portanto, a avaliação da espécie foi mantida como Vulnerável (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio contínuo, por causas não cessadas. Além disso, em vista da redução dos habitats de Mata Atlântica, suspeita-se de uma redução populacional maior que 30%, com base em declínio de EOO, AOO e qualidade de habitat nos últimos 45-90 anos (considerando o tempo de geração da espécie entre 15-30 anos) por causas passadas e não cessadas. O estado que concentra maior número de municípios com ocorrência da espécie (Minas Gerais), foi reportado entre os cinco estados que ainda não conseguiram sustentar o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica, apresentando taxas de desmatamento inaceitáveis, acima de 1000 ha no período de 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie ocorre em três Unidades de Conservação de proteção integral e não forma encontrados dados populacionais mais recentes. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (atualização da informação sobre tamanho e tendências populacionais), monitoramento das populações encontradas mais recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Espírito Santo, município de Castelo (Kollmann 703), Minas Gerais, municípios de Bocaina de Minas (Schumm 129), Camanducaia (Meireles 576), Delfim Moreira (Kuhlmann 2447), Itatiaia (Guedes, 2326), Passa Quatro (Meireles 2452); Rio de Janeiro, município de Itatiaia (Souza 262); São Paulo, município Campos do Jordão (Proença 499) e Socorro (Sartori s.n.). Segundo a especialista Carolyn Proença, a espécie ocorre normalmente acima de 1200 m (com pess. 2019).
Population Information
Foram encontrados dois indivíduos da espécie em 2,4 hectares de Floresta Estacional Semidecidual em Lavras no Estado de Minas Gerais (Dalanesi et al. 2005). Além disso, foram encontrados três indivíduos da espécie em um hectare de Floresta Estacional Semidecidual ribeirinha em Coqueiral, MG (Rocha et al. 2005). Já em Carrancas, no estado de Minas Gerais, foram encontrados três indivíduos da espécie em 1,2 hectares de Floresta Estacional Semidecidual Altomontana (Oliveira-Filho et al. 2004).
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 12 m de altura (Schumm 129), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019) e em afloramentos rochosos (Meireles 2452).
Threats Information
As florestas estacionais semideciduais altomontanas em que a espécie ocorre, em Minas Gerais, vêm tendo sua área reduzida devido à ocorrência de queimadas (Oliveira-Filho et al. 2004). Grande parte das florestas do maciço do Itatiaia, onde a espécie ocorre, foi desmatada indiscriminadamente no século passado para atender à demanda por madeira do eixo Rio-São Paulo, principalmente da Companhia Siderúrgica Nacional (Pereira et al. 2006). O município de Castelo com 66406 ha tem 30,3% de seu território (20157 ha) transformados em pastagem. O município de Bocaina de Minas com 50379 ha tem 25% de seu território (12726 ha) convertidos em pastagem. O município de Delfin Moreira (MG) com 40847 ha tem 22% de seu território (9114 ha) convertidos em pastagem. O município de Passa Quatro (MG) com 27722 ha tem 47% de seu território (12941 ha) convertidos em pastagem (Lapig, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. Nos estados onde a espécie ocorre foram desmatados 19 ha no Espírito Santo, 3.379 ha em Minas Gerais, 18 ha no Rio de Janeiro e 96 ha em São Paulo.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi avaliada como Vulnerável na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014), e também como Vulnerável pela segunda revisão da Lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A espécie foi registrada em: Parque Estadual de Campos de Jordão (PI), Área de proteção Ambiental Serra da Mantiqueira (US), Área de Proteção Ambiental Campos do Jordão (US), Parque Nacional do Itatiaia (PI), Área de proteção Ambiental Alto Taboão (US), Parque Estadual do Forno Grande (PI). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Paraná - 33, Território Sacramento - 15 e Território 29 São João del Rei.