Taxonomic Notes
Descrita em: Sobral, M., 1994. Hoehnea 21: 200.
Justification
Árvore de até 27 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada exclusivamente em Floresta Ombrófila Densa e Floresta de Tabuleiro, associadas à Mata Atlântica, no estado da Bahia, municípios de Ilhéus, Ubaitaba, Una e Uruçuca. A espécie aparenta ser rara e seus indivíduos ocorrem de forma isolada (Souza, 2009). Apresenta EOO=1897 km², AOO=28 km², especificidade de habitat, quatro situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomia florestal muito fragmentada. Sabe-se que nos municípios de Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65%; Ubaitaba, onde a espécie também foi registrada, possui menos que 1% de sua vegetação original; Una resguarda 38%, principalmente em áreas protegidas (SOS Mata Atlântica, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). A Reserva Biológica de Una está inserida num mosaico ambiental onde fragmentos florestais estão em matriz composta por pastagens de gado, fragmentos de floresta, seringais, piaçava e plantações de cacau (Alves, 2005). Diante desse cenário a espécie foi categorizada como Em Perigo (EN). Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para regiões do estado da Bahia.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado: Bahia, municípios de Ilhéus (Hage 1364), Ubaitaba (Amorim 439), Una (Santos 301), Uruçuca (Thomas 7298).
Population Information
Não existem dados sobre a população. Entretanto, sabe-se que os indivíduos da espécie ocorrem de forma isolada (Souza, 2009).
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 27 m de altura, com ocorrência confirmada em Floresta Ombrófila Densa e Floresta de Tabuleiro no estado da Bahia (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossistemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontram-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003). As Florestas Úmidas do sul da Bahia possuem um longo histórico de exploração pelo homem. Inicialmente, a extração do pau-brasil e o corte seletivo de espécies madeireiras foram as atividades predominantes, sendo que a última persiste até hoje. Atualmente, vastas áreas são utilizadas para a criação extensiva de gado o cultivo de sub-bosque de floresta nativa (Mori et al. 1983). Esse sistema de cultivo altera drasticamente a estrutura e composição da floresta, levando a um declínio de espécies de estágios sucessionais avançados e a um aumento da abundância de espécies pioneiras e secundárias iniciais (Rolim e Chiarello, 2004). A extração de lenha, a produção de carvão e o cultivo da seringueira também são atividades que contribuíram para a destruição dessas florestas (Mori et al. 1983). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciência e Prado, 2005), 40.000ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente Cacau (Theobroma cacao L.), Seringa (Hevea brasiliensis Muell. Arg.), Piaçava (Attalea funifera Mart.) e Dendê (Elaeis guianeensis Jacq.) (Alger e Caldas, 1996). Especificamente em Una, 27% da cobertura florestal é ocupada por pasto, 15% de floresta em estágio inicial de regeneração, 6% de plantação de cacau e de plantação de seringa (Pardini, 2004). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciência e Prado, 2005). Nos municípios de Ilhéus e Uruçuca, cerca de 80% da cobertura original da Mata Atlântica foi desmatada. Em Ilhéus, esse percentual é de 65%; Ubaitaba, onde a espécie também foi registrada, possui menos que 1% de sua vegetação original; Una resguarda 38%, principalmente em áreas protegidas (SOS Mata Atlântica, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2018). A Reserva Biológica de Una (antiga REBIO do Mico Leão) está inserida num mosaico ambiental onde fragmentos florestais de diversos tamanhos (de 100 a mais de 800 ha) estão imersos numa matriz complexa onde podem ser encontradas pastagens de gado, fragmentos de floresta, seringais, piaçava e plantações de cacau (Alves, 2005). O município de Una com 122171 ha tem 8,1% de seu território (10194 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2019). A espécie foi registrada para uma área no município de Ilhéus, Bahia, em que há apenas diminutos fragmentos descaracterizados, sendo que a maior parte foi substituída principalmente por plantações de cacau em sistema de cabruca ou com sombreamento monoespecífico, além de pastagens e pequenas roças de cultivos diversos (Sambuichi, 2003). A atividade turística está sendo intensivamente estimulada pelo governo do estado. A Coordenação de Desenvolvimento do Turismo - CODETUR, ligada a Secretaria da Cultura e Turismo do governo do estado da Bahia, elaborou o Programa de Desenvolvimento Turístico da Bahia. O objetivo é dotar o estado das condições necessárias para o aproveitamento de suas potencialidades naturais, históricas e culturais, ordenando o espaço territorial e definindo as ações necessárias ao desenvolvimento do turismo. Desta forma, foram definidas Zonas Turísticas e uma delas é a Costa do Cacau, litoral sul, abrangendo os municípios de Itacaré, Uruçuca, Ilhéus, Una e Canavieiras (ICMBio, 2018).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi considerada Dados Insuficientes (DD) segundo a Lista Vermelha Oficial do Brasil (MMA, 2008). A espécie foi avaliada como Em Perigo (EN) e está incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie possui registros de ocorrência confirmados dentro dos limites das seguintes Unidades de Conservação (SNUC): Refúgio de Vida Silvestre de Una, Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada, Área de Proteção Ambiental Costa de Itacaré/Serra Grande. Além disso, foi registrada no Parque Estadual da Serra do Cunduru e na Reserva Biológica do Una (M. Souza, com. pess.). A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Itororó - TER35 (BA).