Taxonomic Notes
Descrita em: Memoirs of The New York Botanical Garden 65: 361–362. 1991. Mimosa acroconica assemelha-se vegetativamente a M. caliciadenia, diferindo pelos ramos híspidos, com tricomas glandulosos e pecíolos mais curtos, com até 4 mm comprimento (Dutra and Garcia, 2014).
Justification
Arvoreta de até 4 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Campos Rupestres associados ao Cerrado no estado de Minas Gerais, municípios de Francisco Dumont, Joaquim Felício e Lassance. Apresenta distribuição muito restrita, com registros efetuados somente na região da Serra do Cabral. Possui EOO=70 km², uma situação de ameaça e ocorrência em habitat fragmentado. Apesar da presença do táxon dentro dos limites do Parque Estadual da Serra do Cabral, criado somente em 2005, ameaças diretas comprometem a manutenção da biota local, principalmente de espécies que, assim como Mimosa acroconica, formam pequenas e esparsas subpopulações (Dutra, 2009). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são ameaças aos Campos Rupestres mineiros (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), incluindo as extensões desta fitofisionomia na Serra do Cabral. Existem protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de diversos metais (ouro, caulim, calcário, quartzito, granito) na região, além de retirada de areia de fundição, argila e diamante em escala industrial; está em andamento desde 1936 a concessão de uma lavra de 74633,97 hectares dedicadas à exploração de quartzo (DNPM, 2019). Adicionalmente, a Serra do Cabral também sofre com o estabelecimento de extensas áreas destinadas à silvicultura industrial de Pinus e eucaliptos (Soares e Nakajima, 2008). Numa avaliação de risco passada, a espécie foi classificada como Em Perigo (EN) por B2. Entretanto, apesar do aumento no número de coleções desde então, o trabalho de determinação dos materiais descartou ocorrências anteriormente atribuídas à espécie, o que diminuiu seu valor de EOO. Assim, adotando-se o princípio da precaução, e diante do grave cenário de destruição verificado na região em que ocorre, aliada a sua distribuição restrita, subpopulações pequenas, uma situação de ameaça e especificidade de habitat, M. acroconica foi considerada Criticamente em Perigo (CR) de extinção nesse momento. Diante do exposto, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO e na extensão e qualidade de habitat. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize a proposta de implementação de um Plano de Ação Nacional (PAN) na região central de Minas Gerais.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado: Minas Gerais, Municípios de Francisco Dumont (Borges 663), Joaquim Felício (Hatschbach 64817) e Lassance (Borges 656).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 4 m de altura (Pirani CFCR2225), ocorrendo no domínio do Cerrado, no Campo rupestre (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
As áreas da Serra do Cabral sofrem com a crescente ocupação do espaço pela cultura de Pinus e eucaliptos para reflorestamento, sendo uma grande ameaça aos recursos naturais, gerando danos aos fragmentos florestais e destruindo a vegetação nativa (Soares e Nakajima, 2008). As áreas da Serra do Cabral também são exploradas de forma intensiva ou semi-intensiva por empresas agropecuárias e de forma extrativista pela exploração familiar (Soares e Nakajima, 2008). Para a região dos municípios de Francisco Dumont, Joaquim Felício e Lassance há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de ouro, caulim, calcário, quartzito, granito, areia de fundição, argila e diamante industrial. Na área de ocorrência da espécie há também uma concessão de lavra de 74633,97 hectares dedicadas à exploração de quartzo desde o ano 1936 (DNPM, 2019). Mineração a céu aberto, queimadas, extração de madeira e espécies invasoras são grandes ameaças nos Campos Rupestres (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). A queima de vegetação para criação de gado é uma prática comum neste bioma (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016). Embora a maioria das espécies de Campos Rupestres pareça ser resistente ao fogo (Kolbek e Alves, 2008, Silveira et al. 2016), essa prática intensifica a disseminação do capim invasivo Melinis minutiflora, que é capaz de crescer novamente em áreas queimadas mais rápido que a maioria das espécies nativas, formando uma cobertura densa e impedindo a regeneração das espécies nativas (Kolbek e Alves, 2008). O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas à conservação (Strassburg et al. 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al. 2014). A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920, com a indústria de café em plena atividade. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002; Sano et al. 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al. 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al. 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al. 2015) e posteriormente o uso de tecnologias e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al. 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al. 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al. 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária está historicamente associada a queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008; Silva et al. 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al. 2015).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi anteriormente avaliada como Em Perigo a nível nacional. estando incluída no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie foi registrada no Parque Estadual da Serra do Cabral (PI). A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Centro Minas - TER10 (MG).