Taxonomic Notes
Descrita em: Queiroz, L., & Lewis, G., & Allkin, R., 1999. Kew Bulletin 54(4): 833–835, f. 5, map 1. Conhecida popularmente como Caingá (Queiroz et al. 1999).
Justification
Árvore de até 22 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Conhecida popularmente como caingá (Queiroz et al. 1999), foi documentada em Floresta Ombrófila e Estacional sobre tabuleiros (Mata de Tabuleiro), associadas à Mata Atlântica, no estado do Espírito Santo (Flora do Brasil, 2019). Apresenta distribuição restrita, EOO=7034 km², AOO=96 km² seis situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomias florestais fragmentadas. Segundo Queiros et al. 1999), a espécie possui valor comercial pela sua madeira de alta qualidade, e é considerada rara (Queiroz, 2009). Apesar de sua vasta utilização por madeireiros, apresenta subpopulação significativa conservada dentro dos limites da Reserva Florestal da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), no município de Linhares. Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos reflorestamentos homogêneos (Pinus e Eucalipto), a incidência de espécies exóticas invasoras, abertura de pastagens, extensas plantações de cacau e cana-de-açúcar (Lapig, 2019; Oliveira et al. 2014; Simonelli e Fraga, 2007) resultaram em uma redução na cobertura florestal original no estado de cerca de 90,5% (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie poderia ser considerada Em perigo (EN) por B2; entretanto, apesar de ocorrer predominantemente em fitofisionomias florestais, não aparenta possuir alto requerimento de habitat. Diante desse cenário, Moldenhawera papillanthera foi considerada Vulnerável (VU) a extinção novamente. Infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, qualidade e extensão do habitat e no número de indivíduos maduros ante a retirada seletiva de sua madeira. Recomendam-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para o estado do Espírito Santo.
Geographic Range Information
Endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), é restrita ao Estado do Espírito Santo (Queiroz, 2012), Municípios de Colatina (Kuhlmann 371), Linhares (Silva 169), Governador Lindenberg (Demuner et al. 3770), Itapemirim (Assis 1231), Sooretama (Bélem 1540), Rio Bananal (Demuner et al. 4473).
Population Information
Não existem dados sobre a população. Apesar disso, foi considerada rara por Queiroz (2009), conhecida apenas do norte do Espírito Santo.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 22 m e 15-39 cm de DAP (Queiroz et al. 1999), tendo sido registrada em Floresta Ombrófila e Estacional sobre tabuleiros (Mata de Tabuleiro) associadas a Mata Atlântica no estado do Espírito Santo (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
Queiroz et al. (1999) sugere que a espécie esteja provavelmente ameaçada de extinção devido ao seu uso por madeireiros, mas apresenta uma população significante preservada na Reserva Florestal da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce). A cobertura vegetal do Estado do Espírito Santo, antes praticamente toda recoberta pela Mata Atlântica, tem uma história de devastação cujos registros remontam aos do início de sua colonização. A destruição e degradação do habitat é, sem dúvida, a maior causa de perda de biodiversidade no Estado. Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos reflorestamentos homogêneos (Pinus e Eucalipto), a incidência de espécies exóticas invasoras e sobre-exploração de plantas ornamentais são algumas principais ameaças incidentes sobre a flora do Estado (Simonelli e Fraga, 2007). Os remanescentes de Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo, correspondem a 10,5% da distribuição original do bioma no Estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Linhares (ES) está entre os municípios brasileiros produtores de cana-de-açúcar, cujos plantios iniciaram a partir da década de 1980 e substituíram as florestas nativas e áreas de tabuleiros (Mendonza et al. 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). Tais cultivos são associados a prática da queima dos canaviais, com a finalidade de diminuir a quantidade de palha e facilitar a colheita (Mendonza et al. 2000; Oliveira et al. 2014; Pinheiro et al. 2010; Tavares et al. 2010). De acordo com a Resolução MAPA nº 241/2010, Linhares é um dos municípios indicados para o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar, destinadas à produção de etanol e açúcar. A Conab (2018) estima uma área de cana-de-açúcar de 47,6 e 45,3 mil ha, respectivamente para as safras 2017/2018 e 2018/2019 no Espírito Santo. Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). O município de Linhares, com território de 350371 ha, possui 11722 ha de área plantada com cana-de-açúcar e 10596 ha com floresta plantada (Lapig, 2019). O município de Linhares com 350371 ha, possui 34% de sua área (117270 ha) convertida em pastagem (Lapig 2018). Com 228781 ha de área ocupada com árvores de Eucalyptus, o Espírito Santo é o sexto estado da federação com a maior área plantada em 2014 (Ibá, 2015). O município de Colatina (ES) com 141680 ha tem 60492 ha (43%) de seu território convertidos em pastagem (Lapig, 2019). O município de Governador Lindenberg com 35998 ha tem 10% de seu território (3595 ha) transformado em pastagens (Lapig, 2019).
Use and Trade Information
Tem potencial madeireiro (Queiroz et al. 1999).
Conservation Actions Information
Foi documentada dentro dos limites das seguintes áreas protegidas: Reserva Florestal do Vale. Avaliada como Em Perigo (EN) pela Lista de Espécies Ameaçadas do Espírito Santo (Simonelli and Fraga, 2007) e incluída como Vulnerável no Anexo I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - TER33 (ES).