Taxonomic Notes
Descrita em: Sandwith, N., 1943. Journal of the Arnold Arboretum 24: 224.
Justification
Árvore de até 6 m (Flora do Brasil, 2019). Foi documentada em Cerrado lato sensu associado ao Cerrado nos estados da Bahia, município de Entre Rios, e Tocantins, município de Mateiros. Era conhecida até 2010 somente pela coleção-tipo, realizada na Bahia por G. Gardner, em 1939. Recentemente a espécie foi documentada sequencialmente (2010 e 2012) no Parque Estadual do Jalapão. Desde então, pouco se avançou em relação ao estado de conhecimento de Rhabdodendron gardnerianum. A espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) em avaliações de risco de extinção pretéritas (CNCFlora, 2015). A espécie aparentemente é restrita a habitat muito fragmentado, em região onde o agronegócio tem se expandido continuamente nas últimas décadas (Strassburg et al. 2017; Sano et al. 2008; Klink e Moreira, 2002; Pereira et al. 2012), e poderia ser incluída em categoria de ameaça pelo critério B. Entretanto, diante da carência de dados geral, a espécie foi considerada como Dados Insuficientes (DD) novamente, uma vez que o conjunto de informações disponíveis não possibilitou a condução de re-avaliação de risco de extinção de forma robusta. Novos estudos buscando encontrar a espécie em outras localidades e levantar dados populacionais na região próxima às áreas de ocorrência fazem-se necessários para melhorar o conhecimento sobre sua distribuição e dinâmica populacional e assim possibilitar uma robusta avaliação de seu risco de extinção.
Geographic Range Information
Endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência no estado da Bahia, documentada uma única vez no Município de Formosa do Rio Preto (Gardner 2814) em 1839, e mais recentemente (2012), no estado do Tocantins, Município de Mateiros (Borges 849).
Population Information
Não existem dados sobre a população. Entretanto, a espécie aparenta ser bastante rara (Giulietti et al. 2009), uma vez que foi documentada somente duas vezes (Caxambu 3224 e Borges 849), distante da localidade-tipo, desde sua decrição original.
Habitat and Ecology Information
Árvore de até 6 m ou arbusto (Caxambu 3224), caracterizada pela casca espessa, resistente ao fogo, e corticosa (Prance, 1972; Rodrigues, 2009). Foi documentada em Cerrado sensu lato associado ao Cerrado (Flora do Brasil, 2019).
Threats Information
O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas a conservação (Strassburg et al. 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al. 2014). A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920, com a indústria de café em plena atividade. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002, Sano et al. 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al. 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al. 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al. 2015) e posteriormente o uso de tecnologias e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al. 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al. 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al. 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária está historicamente associada a queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008, Silva et al. 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al. 2015). O fogo, apesar de estar associado a vegetação de cerrado, têm efeitos danosos sobre as espécies quando sua origem é antrópica (Verdi et al. 2015). Os incêndios com origem antrópica acontecem com frequência, severidade e intensidade muito maior que no passado (Pivello, 2011) e, diferentemente daqueles deflagrados por raios, têm efeitos danosos sobre as espécies, mesmo aquelas adaptadas ao regime de fogo (Kolbek e Alves, 2008, Mistry, 1998, Pivello, 2011, Verdi et al. 2015). Estes incêndios têm iniciado a partir do uso do fogo na agropecuária, em períodos de festejos locais e feriados, queda de balões ou lapsos com cigarros, por exemplo (Coutinho, 1990, Maurenza et al. 2015, Verdi et al. 2015). O município de Formosa do Rio Preto, localidade-tipo da espécie, com 1630375 ha, tem 2% de seu território (33384 ha) utilizados como pastagem, mais 22% de plantações de soja (Lapig, 2019). O município de Mateiro com 968160 ha tem 3,6% de seu território (35000 ha) transformados em produção de soja e 0,8% de seu território (8327ha) transformados em pastagens (Lapig, 2019).
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada dentro dos limites do Parque Estadual do Jalapão. A espécie foi considerada Dados Insuficientes (DD) em avaliação de risco de extinção conduzida pelo CNCFlora para as espécies raras do Cerrado (Martinelli et al. 2014). Entretanto, esses resultados ainda não foram incorporados na Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014). A região em que a espécie ocorre não será contemplada por nenhuma ação direta de conservação, pois não se encontra inserida no contexto do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção.