Taxonomic Notes
Descrita em: Contributions from the University of Michigan Herbarium 15: 98–100, f. 3a–f. 1982. Byrsonima cacaophila se assemelha a B. maguirei pelas estípulas, inflorescência, formato das anteras, e ovário sulcado, mas se diferem pelas brácteas reflexas, pétalas brancas e anteras pilosas, e todos os três carpelos férteis. As brácteas subuladas reflexas sugerem a proximidade a B. crispa, mas B. cacaophila difere desta espécie pelo seu longo pedúnculo, pétalas brancas, brácteas e bractéolas persistentes (Anderson, 1982). O epíteto cacaophila chama a atenção para o fato que todas as coletas conhecidas da espécie eram de áreas de plantação de cacau. Quando as florestas ativas foram cortadas muitos anos atrás para a plantação de Theobroma, algumas árvores nativas foram deixadas para sombreamento das árvores de cacau. Byrsnonima cacaophila parece ser uma das árvores regularmente poupada, esta espécie deve ter persistido a esta prática, diferentemente de várias outras espécies que provavelmente desapareceram ao longo do tempo (Anderson, 1982). Popularmente conhecida pelo nome popular Acá na Bahia (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Justification
Árvore de até 20 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019). Popularmente conhecida por Acá (BA) (Flora do Brasil, 2019), foi documentada em Floresta Ombrófila e Restinga arbórea, associadas à Mata Atlântica, nos estados da Bahia e Espírito Santo. Apresenta distribuição ampla, EOO=77966 km², AOO=108 km², declínio contínuo de extensão e qualidade de habitat, constante presença em herbários e presença confirmada em Unidades de Conservação de proteção integral. Hoje restam apenas 11% a 16% da Floresta Atlântica, e parte destes remanescentes são de Floresta Secundária, e menos de 10% encontra-se em áreas protegidas (Ribeiro et al. 2009). As Florestas Úmidas do sul da Bahia possuem um longo histórico de exploração pelo homem. Atualmente, vastas áreas são utilizadas para a criação extensiva de gado (Mori, 1995) e estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005; Rolim e Chiarello, 2004). Os estados em questão resguardam atualmente entre 10%-12% de remanescentes de floresta original (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). O sul do Estado da Bahia é conhecido por abrigar as maiores plantações de cacau do Brasil. O sistema de cabruca foi responsável pela perda drástica de vegetação nativa na região. Além disso, Árvore nativas sempre foram abatidas em grandes quantidades para a produção de lenha e carvão. Diante desse cenário, portanto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT) de extinção neste momento. Sua ocorrência em áreas degradadas poderá causar declínio de habitat ou populacional em futuro próximo, diminuindo o número de situações de ameaça para menos de 10, caso as ameaças não sejam controladas, transferindo a espécie para a categoria Vulnerável (VU). Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois uma extinção local pode ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para a implementação de Planos de Ação Nacional (PAN) em territórios situados ao longo da distribuição conhecida de Byrsonima cacophila.
Geographic Range Information
Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil, 2019), com ocorrência nos estados: Bahia, municípios de Amargosa (Paixão 1163), Arataca (Borges 589), Aurelino Leal (Thomas 9082), Ilhéus (Santos 530), Itabuna (Filho 2902), Itajuípe (Belém 2918), Itapebi (Belém 2881), Jussari (Fiaschi 1217), Porto Seguro (Carvalho 1230), Santa Cruz de Cabrália (Mori 11864), Una (Martini 106), Uruçuca (Santos 2200) e Valença (Mattos-Silva 1271); e Espírito Santo, municípios Cachoeiro de Itapemirim (Moreira 33), Domingos Martins (Hatschbach 61600), Linhares (Spada 38) e Marilândia (Magnago 1432).
Population Information
Não existem dados sobre a população.
Habitat and Ecology Information
Árvores de até 20 m de altura (Fiaschi 1217), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) (Flora do Brasil, 2019) e na Restinga (Matos 2816).
Threats Information
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003; Saatchi et al. 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de sistemas de cabruca. Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004; Saatchi et al. 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004). Os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004). Perda de habitat como consequência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al. 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (CEPF, 2001). O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de três hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Entre 2017 e 2018 foram desmatados 19 ha no Espírito Santo e 1.985 ha na Bahia. Entre 1967 e 1986, o Governo Federal implantou o Programa de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento que, no Espírito Santo, promoveu a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus, mudando o enfoque da exploração florestal de áreas naturais para plantadas, alterando também o perfil industrial, de madeireiro para celulose, através da implantação de importante polo de celulose nos cenários regional e nacional. Atualmente o estado do Espírito Santo é o primeiro produtor e exportador mundial de celulose branqueada de fibra curta, representado pela Aracruz Celulose S.A.
Use and Trade Information
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.
Conservation Actions Information
A espécie foi registrada em: Floresta Nacional de Pacotuba (US), Parque Natural Municipal de Piraputangas (PI), Reserva Biológica de Una (PI), Parque Nacional da Serra das Lontras (PI), Área de Proteção Ambiental Lagoa Encantada (US), Área de proteção Ambiental Caminhoos Ecológicos da Boa Esperança (US). A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES), Território Milagres - 39 (BA) e Território Itororó - 35 (BA).